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Home Viver

De serrote e agulha em riste, nenhuma angústia resiste

Daniela Franco Sousa por Daniela Franco Sousa
Novembro 19, 2020
em Viver
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Já há muito tempo não se viam tantas pessoas jovens a fazer bordados, a coser, a tecer ou a dedicar-se a trabalhos de marcenaria. Estão claramente a roubar os passatempos dos seus avós e a Covid-19 pode ser uma das grandes justificações para o regresso em força dos trabalhos manuais.

Com mais tempo disponível, com mais stress e angústia para gerir, as agulhas, as lãs e as madeiras são o escape perfeito para desligar o cérebro das complicações mundanas e a fórmula ideal para recuperar o sentimento de utilidade e até a auto-estima. Sozinho, em grupo, apenas para satisfação pessoal ou até para vender, não faltam exemplos na região de quem se tenha rendido às manualidades.

Devolver beleza à vida

Aos 40 anos, cansada de números, de prazos e da pressão associada ao trabalho no sector dos moldes, Bela Dina, da Marinha Grande, decidiu colocar um ponto final ao trajecto profissional que a agastava. Foi em Março deste ano que tomou coragem para se despedir daquele emprego. Não fazia ideia nenhuma dos tempos que aí vinham e a sua única certeza era que, sem trabalho e com tempo de sobra, era preciso ocupar a mente e os dedos. “Não sabia nada acerca de bordados, mas lembreime de um livro que me tinham oferecido há uns anos, comecei a ver sites e tutoriais”, recorda Bela.

E foi assim que rapidamente passou a ocupar o tempo livre a fazer bordados em bastidor. Foi quase sempre assim ao longo da sua vida. Todas os momentos em que precisou de se entreter empenhou-se a fazer trabalhos manuais. Houve fases em que construiu bijuteria e outros acessórios em pasta de modelar, outras em que se dedicou mais à costura e fez malas e pequenas bolsas. E foi através destes seus passatempos que muitas vezes conseguiu vender algumas peças e garantir um rendimento extra, precioso em alturas menos boas. Desta vez não foi muito diferente.

Começou a fazer os seus bordados para matar o tempo e os amigos depressa começaram a pedir-lhe criações. “Nem encaro isto como trabalho, mas como momentos de prazer”, salienta Bela. “Combate o stress, quebra a monotonia e é a possibilidade de recuperar uma arte muito antiga”, acrescenta a bordadeira, a quem outras mulheres, até mais jovens, já começam a pedir para aprender.

Contra o stress, serrar e martelar

Na mesma cidade, também Bruno Julião, de 38 anos, tem recorrido aos trabalhos manuais “como forma de se distrair” dos seus dias mais técnicos como projectista de moldes. A marcenaria é o seu passatempo de eleição e ao qual se dedica há cerca de 10 anos.

“Sempre tive gosto pelos objectos feitos de madeira. O meu pai também gostava muito de bricolage e eu acho que herdei esse espírito”, observa Bruno Julião. No seu currículo de “marceneiro das horas vagas”, o projectista de moldes conta já com trabalhos tão diversificados como portas, armários feitos de paletes, fruteiras de parede, mas também baterias, uma guitarra, um skate. Presentemente, anda a construir um armário com tampa, que serve para esconder os lixos da reciclagem.

É tanto o prazer que retira da construção dos seus próprios artigos em madeira, que mesmo quando algum amigo lhe pede um trabalho, acaba por só cobrar pelo preço dos materiais. E não está sozinho neste vício dos trabalhos manuais. Bruno Julião garante que há cada vez mais jovens a pedir-lhe dicas e dispostos a aprender, porque nos últimos tempos, onde se vive tanta insegurança à custa da pandemia, passou a ser ainda mais importante ter o que fazer para passar o tempo e para fintar o stress.

E lá em casa não é o único. A esposa, Maria Ivone, também passa os fins de dia de volta das suas bijuterias. E o propósito, salienta Bruno Julião, é precisamente o mesmo: abstrair-se.

Recuperar a auto-estima e matar a depressão

Zélia Évora, natural de Caldas da Rainha, tem actualmente o seu atelier de costura criativa. Mas nem sempre assim foi. Durante 24 anos exerceu funções como administrativa e passou os dias entregue à pressão de um trabalho exigente, do ponto de vista intelectual. Hoje tem 51 anos e tem mais tempo para se dedicar aos trabalhos manuais. Mas recorda que sempre manifestou interesse pelas malhas.

Aprendeu a tricotar aos 8 anos, por imposição da mãe. No entanto, ao crescer, foi [LER_MAIS]percebendo a utilidade daquele passatempo. Primeiro fez peças de roupa para as bonecas. Mais tarde, já adolescente,começou a criar o seu próprio vestuário. Lembra-se de quando os outros jovens não simpatizavam especialmente com aquelas roupas tricotadas por si, quando o moderno era ir ao pronto-avestir comprar peças de marca. Essa é uma atitude que contrasta com o olhar actual para com este tipo de actividades.

Há cada vez gerações mais jovens a gostar de criar as suas próprias peças, nota Zélia Évora. Zélia foi de resto uma das primeiras pessoas a aderir ao Gangue da Malha, uma iniciativa lançada por Filipe Almeida Santos, que era então arquitecto nas Caldas da Rainha, e que queria avançar com uma iniciativa que levasse as pessoas a sair de casa e a confraternizar.

Na prática, trata-se de um grupo de pessoas que durante alguns dias da semana se encontram num local diferente, muitas vezes em cafés e noutros sítios públicos, para se dedicarem ao tricô, em conjunto. Desde 2015, o Gangue da Malha foi ganhando participantes e espalhando grupos por vários pontos do País, no distrito de Leiria e também fora dele, explica Zélia Évora.

Embora estejam actualmente em pausa, porque as restrições trazidas pela pandemia também têm implicações nestas reuniões, estes encontros são muito importantes e cumprem uma série de funções, que à primeira vista nem se percebem. Zélia frisa que tricotar ajuda a distrair, mas não só. Quando se faz algo que se pode usar, ou se pode dar para alguém usar, seja um familiar ou uma instituição de solidariedade social, cresce em nós um conforto, uma sensação de utilidade, que fazem aumentar a auto-estima de cada um.

A lã pode ser de muito boa qualidade e o tempo despendido a fazer uma camisola com as nossas próprias mãos pode ser imenso, o que pode tornar aquela peça de roupa muito mais cara do que a de compra. Mas os ganhos são ainda maiores. Zélia recorda como uma das mulheres que costumava frequentar o Gangue da Malha, inicialmente tímida e taciturna, passou a socializar mais.

Com a ajuda daquela e de outras actividades que foi encontrando para preencher a sua agenda, a senhora acabou por superar uma depressão.

Aprender na partilha

Para Filipa Oliveira, de 41 anos, de Leiria, os trabalhos manuais são artes que fazem ainda mais sentido quando são partilhadas. Engenheira de formação, Filipa sentiu interesse pelo ponto de cruz, acerca do qual não sabia nem o mínimo dos mínimos. Mas tudo mudou quando procurou uma tia, pedindo para que esta a ensinasse. Os primeiros pontos surgiram em 2011. E o interesse cresceu de tal forma, que depressa o ponto de cruz se tornou demasiado redutor para quem estava ávida de fazer mais coisas. “E assim fui experimentando e fazendo outros pontos”, recorda Filipa.

Quando começou a dominar o bordado livre percebeu a versatilidade da coisa, já que assim podia bordar sobre qualquer tipo de base. Ultimamente tem feito muitos bordados em bastidores e já tem despertado o interesse de outras pessoas, que lhe pedem encomendas variadas. Desde bordados mais simples, de nomes de crianças, até bordados em braille, para oferecer a uma rapariga invisual. Os artigos não têm limites, assim haja imaginação. E são muitas as artes manuais que a maioria dos jovens ainda não conhece.

A pensar em todo esse saber que falta transmitir, Filipa, também membro de direcção da associação Os Vizinhos (sediada da Marinha Grande) está a promover desde o início de Novembro as oficinas de lavores, que todas as tardes de sábado têm juntado um punhado de gente nova, que comunga a vontade de aprender e a vontade de socializar e de combater o stress de agulhas em riste.

Desde então, pessoas de áreas profissionais tão variadas quanto o Marketing, Arquitectura, Engenharia ou Fotografia juntam-se na Rua da Índia, na Ordem, para aprenderem e para partilharem o seu saber. Bordados, tricô, macramé, tecelagem em tear são algumas das artes propostas a cada reunião.

Por enquanto têm sido as mulheres quem mais vontade tem de se juntar a este clube, mas Filipa diz que em breve também eles se juntarão a esta iniciativa, já que estão pensadas também as oficinas de marcenaria. E como já lhe têm chegado contactos de mulheres mais velhas, interessadas em participar, em breve estarão também assegurados os encontros intergeracionais.

 

Etiquetas: Bela DinaMarinha Grandepassatempos
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