O concelho da Marinha Grande chega ao fim do ano com a mais alta taxa de desemprego entre os concelhos do distrito de L eiria, numa previsão da Universidade Nova de Lisboa para a associação Cotec Portugal que avalia os impactos da pandemia de Covid-19.
Com 15,4%, a Marinha Grande é um dos 40 concelhos do País com taxa de desemprego igual ou superior a 15%, segundo a projecção da Nova Information Management School (Nova IMS), que analisa os 278 concelhos do território continental e antecipa uma taxa de desemprego de 10,2% em Portugal e de 9,1% na região Centro, no final de 2020.
Segundo Cidália Ferreira, até à data “não há indicadores que justifiquem” as previsões da Universidade Nova com a Cotec. A autarca, que se baseia em informação do centro de emprego, diz que o desemprego “tem aumentado ligeiramente” no concelho, mas está a afectar, sobretudo, pessoas de fora que procuram trabalho na Marinha Grande. Os empresários, mesmo os que dependem das exportações, continuam a lançar investimentos de milhões de euros e a manifestar “uma vontade férrea” de superar as dificuldades, assinala a presidente do Município.
No distrito de Leiria, a segunda taxa de desemprego mais alta em Dezembro, na projecção da Nova IMS, encontra-se na Nazaré (14,2%). Seguem-se Pedrógão Grande (13%), Figueiró dos Vinhos (12,2%), Caldas da Rainha (também 12,2%), Castanheira de Pera (12%), Peniche (11,4%), Bombarral (10,9%) e Alcobaça (10%), com os outros concelhos da região abaixo de 10% (incluindo Ourém, no distrito de Santarém).
Para o presidente da Nerlei – Associação Empresarial da Região de Leiria, António Poças, as estatísticas começam a destapar o desemprego camuflado durante os primeiros meses de pandemia pelo recurso ao lay-off simplificado. E é posição oficial da Nerlei que “o Estado tinha obrigação de prolongar o lay-off” nos mesmos termos, em vez de o substituir pelo regime de apoio à retoma, que, por exemplo, impede a suspensão de contratos. “O governo mudou as regras, inevitavelmente, o desemprego teria de aumentar”.
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Na perspectiva do presidente da Nerlei, são necessários “mecanismos de formação e incentivos à requalificação” para permitir àqueles que estão agora fora do mercado de trabalho uma oportunidade de regressarem ao activo noutras funções, noutra empresa ou mesmo noutro sector de actividade.
As previsões mensais para a taxa de desemprego em Portugal com desagregação por regiões e municípios estão a ser disponibilizadas desde 1 de Outubro no site insights.cotec.pt e baseiam-se no pressuposto de que não ocorrerão medidas de lockdown (confinamento) universais na actividade económica.
O modelo cruza a econométrica tradicional com o recurso a algoritmos informáticos de machine learning (aprendizagem automática pela máquina). Será actualizado mensalmente através da recolha, processamento e organização de dados em tempo real.
Segundo Pedro Simões Coelho, professor catedrático da Nova IMA e um dos coordenadores do projecto, “é a primeira vez que se constroem previsões mensais para a taxa de desemprego para todos os concelhos de Portugal contin ental”.
Entretanto, as estatísticas do Instituto do Emprego e Formação Profissional permitem perceber o que já está a acontecer desde o início da pandemia , com um aumento do número de pessoas sem trabalho a recorrer aos centros de emprego, que, no total do distrito de Leiria, representa mais 3.877 desempregados inscritos no final de Agosto (últimos dados disponíveis) em comparação com o mesmo mês do ano passado.
No distrito, o concelho de Leiria registava no final de Agosto o maior número de desempregados inscritos no centro de emprego (3.441, mais 960 face a Agosto de 2019), à frente de Caldas da Rainha (1.717, mais 691), Marinha Grande (1.664, mais 495), Alcobaça (1.532, mais 565), Pombal (1.091, mais 81) e Porto de Mós (543, mais 138).
Os números sobem em todos os 16 concelhos do distrito de Leiria.