A Infraestruturas de Portugal (IP) procedeu, na semana passada, ao corte de cerca de 50 árvores (pinheiros bravos e eucaliptos), algumas de grande porte, que se encontravam junto à EN109 na zona dos Marrazes, em Leiria. A empresa pública justifica o abate com questões de segurança e promete substituir os exemplares com a plantação de outras árvores, recorrendo a espécies autóctones, como medronheiros e carvalhos.
Em resposta ao JORNAL DE LEIRIA, a IP esclarece que as árvores cortadas tinham já “grande porte” e encontravam-se “em talude de escavação da via e com potencial risco de queda em virtude da sua inclinação, quer para a estrada nacional, quer para a via municipal paralela, pondo em causa a segurança da circulação rodoviária e pedonal”.
A empresa adianta que os exemplares em causa “serão substituídos por outras espécies como medronheiros e carvalhos, a plantar neste mesmo troço da EN109”, e assegura que “este abate foi antecedido de uma rigorosa avaliação, realizada por técnicos especializados, que identificaram as necessidades de intervenção”.
A IP explica que o tipo de avaliação efectuada tem em conta “critérios relacionados com as características desses exemplares,[LER_MAIS] da área onde se inserem e da via onde se situam”. Segundo a empresa, é também “considerado o valor ecológico, paisagístico e cultural, a conformação e dimensão dos exemplares, o equilíbrio da copa, a ocorrência de ramos que perturbem a circulação”, bem como o estado fitossanitário das árvores e “sinais de perturbação da sua estabilidade”.
Da análise conjunta destes factores, “resulta a opção de intervir num determinado exemplar arbóreo, a determinação do tipo de intervenção mais adequada, da periodicidade da realização de intervenções ou da possibilidade de efectuar nova plantação”, acrescenta a IP.
Junta critica corte “drástico”
Embora desconheça a avaliação feita, até porque “a Junta não foi consultada”, o presidente da União de Freguesias de Marrazes e Barosa, Paulo Clemente, entende que “não havia necessidade de fazer um corte tão drástico”. O autarca sublinha que as árvores funcionavam também como “barreira acústica natural”, atenuando o barulho provocado pelo trânsito naquela via. “Perdeu-se, desnecessariamente, essa barreira”, adverte, frisando que, em algumas zonas, as árvores “ajudavam” também na estabilização dos terrenos e “preveniam a erosão”. “Percebe-se que os trabalhos de gestão de combustível têm de ser feitos, mas é preciso bom-senso e não fazer cortes desnecessários, como parece que aconteceu aqui”, afirma Paulo Clemente.