Médico estomatologista de Porto de Mós, David Ângelo está a criar uma base de dados europeia para permitir o registo “uniforme” de informação relativa a certas intervenções cirúrgicas. O objectivo é perceber a eficácia, a segurança e o impacto, a longo prazo, desses procedimentos.
Já em fase de experimentação por parte de um quadro científico da Sociedade Europeia de Cirurgiões da Articulação Temporomandibular, a base de dados irá, inicialmente, ficar acessível a todos os membros desse organismo, mas o que se pretende é que possa, depois, ser aplicada a outras especialidades médicas a nível nacional, europeu e “até mundial”.
Em declarações ao JORNAL DE LEIRIA, David Ângelo adianta que o período experimental decorrerá até Outubro, com a introdução de algumas alterações que estão a ser sugeridas pelo boarder daquela sociedade médica.
“O feedback tem sido muito positivo. O registo uniforme, sistemático e simples da informação referente aos procedimentos cirúrgicos permitirá avaliar melhor os seus resultados e complicações associadas a essas práticas”, alega o clínico, que se especializou em disfunção na articulação temporomandibular.
“Desenhei este projecto e candidatei-me ao financiamento, porque queria obter informação rigorosa de doentes operados à articulação temporomandibular na Europa. Mas a informação que existe está muito desorganizada, é de difícil acesso, com registos muito heterogéneos, e assim não é possível tirar conclusões válidas”, alega David Ângelo, citado por um comunicado do Instituto Português da Face, do qual é director clínico e co-fundador.
Depois de ter recebido o Prémio de Investigação 2019, atribuído pelo Strasbourg Osteosynthesis Research Group, David Ângelo obteve financiamento da Sociedade Europeia de Cirurgiões da Articulação Temporomandibular, tendo começado, este ano, a desenvolver a base de dados, que “irá registar os diagnósticos, intervenções e evoluções pós-operatórias de todos os doentes no espaço europeu, de uma forma rigorosa e de fácil utilização pelos médicos”.