Pouco passava das 22 horas, quando cinco agentes da PSP de Leiria saíram do Comando Distrital rumo à cidade, na quinta-feira. O concelho está sob novos horários desde a semana passada, quando foi considerado um território de risco elevado. Desde então, restaurantes e cafés têm de encerrar portas às 22:30 horas e há recolher obrigatório a partir das 23 horas.
“Em geral, as pessoas estão a cumprir”, adianta o sub-comissário Hugo Silva.
Depois de estacionar na Praça Rodrigues Lobo, a fiscalização da PSP começou nos cafés e restaurantes. Com uma acção pedagógica, os polícias lembraram as regras e a proibição de venda de bebidas alcoólicas sem acompanhamento de refeição. “Aproveitamos sempre para fazer sensibilização.”
“Embora não concorde com a hora de encerramento, a fiscalização da PSP é bem-vinda. Ajuda-nos a esclarecer algumas dúvidas. Noventa por centro das pessoas já tem consciência dos horários e tem isso em conta quando faz a reserva”, afirma José Ricardo, do restaurante Taberna na Praça. Na esplanada, um grupo de cinco pessoas (seis é o número máximo permitido por mesa) questionava se poderiam permanecer depois da hora do encerramento do restaurante.
José Ricardo revela: “Não. A esplanada faz parte do restaurante. Tudo tem de estar fechado às 22:30 horas” Os agentes prosseguem a ronda, sempre com alertas aos empresários do novo horário. “Ainda há muita confusão. Como as regras estão sempre a mudar, as pessoas nem sempre estão a par das alterações”, confidencia um dos agentes.
Aliás, uma das perguntas mais ouvidas foi: “22:30? Não era às 23 horas?”
Próxima paragem: Atlas Hostel. A porta estava encerrada, mas vários clientes estavam a sair. A PSP inspeccionou o local e alertou o proprietário para a hora de encerramento. Já passavam alguns minutos da hora do fecho, mas não havia refeições a serem servidas e os clientes estavam a pagar para sair. Ficou ainda o alerta para a falta de ventilação do espaço: “Não podem ter as janelas todas fechadas.”
Um cartão amarelo foi ‘mostrado’, com a advertência de que da próxima sai uma multa. O valor da coima para pessoa colectiva situa-se entre os 1000 e os dez mil euros, avisa a PSP.
“Esta parece ter sido uma excepção.[LER_MAIS] Habitualmente são cumpridores e não temos tido qualquer problemas com eles”, esclarece um agente.
A razão do ‘deslize’ terá sido um jantar temático, que acabou por se prolongar mais do que o tempo previsto.
O objectivo da PSP não é autuar os cidadãos, mas levá-los a cumprir voluntariamente. Por isso, uma dupla de agentes tem o trabalho de visitar, com alguma regularidade, os estabelecimentos para lhes explicar as regras do confinamento. Entre outras obrigações, é necessário estar visível o número da lotação do espaço em contexto de pandemia, o horário de funcionamento e as regras sanitárias.
Depois das 22:30, na zona história de Leiria os restaurantes e cafés já estavam de porta fechada ou a arrumar todo o material. Mas, na Rua Rodrigues Cordeiro, o restaurante chinês ainda tinha clientes na esplanada com os pratos cheios de comida, que indiciava terem sido servidos há pouco tempo.
Se o português do proprietário não é fluente, o inglês pouco ajuda, mas é nesta língua que os agentes lhe explicam o novo horário de encerramento e o incumprimento.
“Neste caso, não havia intenção de encerrar à hora determinada. Vê-se que tinham servido refeições em cima da hora do encerramento”, constata a PSP. A multa será passada no dia seguinte, já que há documentos que estão em falta.
Com a cidade praticamente deserta, nas ruas vêem-se, muito esporadicamente, casais a fazer o seu “passeio higiénico” ou a passear os cães. Nada que leve a PSP a intervir. Sendo proibido a circulação depois das 23 horas, os agentes avançaram para a fiscalização rodoviária.
A maioria das pessoas paradas pela PSP tinha justificação.
“Saí agora do hospital. Sou auxiliar de acção médica e vou para casa”, explicou uma das condutoras, exibindo a declaração da entidade patronal. Aqui e ali alguns condutores apenas se dirigiam para casa.
O alerta era sempre dado: “Sabe que agora não pode circular depois das 23 horas. Tem de ter atenção a isso.”
Durante a operação rodoviária, a esquadra alerta os agentes para a denúncia de que o restaurante Lobo estaria a trabalhar de porta fechada. Falso alarme. A PSP verificou o estabelecimento e tudo estava dentro das regras.
“Muitas vezes, estas situações são quezílias com os vizinhos”, adianta Hugo Silva, ao referir que, nas últimas semanas, as denúncias de festas privadas em casa também têm diminuído.
Nesta fase da pandemia, o cumprimento tem sido quase geral e apenas uma situação terá obrigado à intervenção da PSP por recusa em usar máscara. “Foram duas vezes e a mesma pessoa.”