– Detesto que me chamem burro. Sim, pelos vistos, tenho um trauma. Calculo que toda a gente tenha um. O meu é este. Se há coisa que eu não tolero é isso: que me chamem burro.
– A ideia é algo que eu ainda estou à espera que surja. Podemos ter muitas ideias, mas depois há aquela que é a “A ideia”, aquela que nos pode fazer catapultar para outros voos e outras dimensões. Tenho a ambição de um dia publicar um jogo a sério. É um sonho que gostava mesmo de concretizar: ser o programador num jogo a sério, e não aqueles da treta que eu tenho na App Store e Google Play. Mas para isso, para ser um grande jogo, falta o principal: a ideia. A equipa para concretizar a ideia já está definida e eles sabem quem são.
– Questiono-me se algum dia iremos conseguir reverter muitas das alterações climáticas e baixar consideravelmente os níveis de dióxido de carbono da atmosfera. Penso nisto frequentemente. Uma das heranças que deixamos aos nossos filhos é o planeta e as condições em que este se encontra. E o estado atual do planeta não é nada animador. No dia 22 de Agosto deste ano atingimos o chamado “overshoot day“, que é o momento de cada ano em que a humanidade usa mais recursos do que o que o planeta consegue renovar em 12 meses. Isto significa que no dia 22 de Agosto deste ano, gastámos o saldo que o planeta nos tinha dado para este ano. Enquanto assim for, não estamos de todo no bom caminho.
– Adoro a minha família. Amo a minha esposa e as minhas filhas. Apesar dos vários projetos que tenho a nível profissional, nomeadamente ter dois empregos a tempo inteiro: Head of Interactive na Sound Particles e professor no Instituto Politécnico de Leiria, onde ainda desempenho funções como coordenador do melhor curso de licenciatura do mundo (Jogos Digitais e Multimédia), a família está e estará sempre primeiro.
– Lembro-me tantas vezes da minha infância e dos meus tempos de faculdade. Apesar de aparentemente ser uma pessoa muito divertida, sou uma pessoa muito nostálgica e muito presa ao passado. Ao ver as minhas filhas (8 e 10 anos) a frequentar as mesmas escolas que eu frequentei, faz-me recordar muito o passado, as aventuras e desventuras que tivemos naquela altura, as tropelias e todas aquelas coisas que fazem parte de uma infância feliz. As saídas à revelia do “ciclo novo” para poder ir passear pela cidade, o ser barrado nas portas dos salões de jogos por não ter 16 anos, etc. Recordo, com muita nostalgia, estes tempos. Lembro-me muito bem de estar do lado de fora do salão de jogos Bandeira, que ficava na Rua Direita, perto de uma janela a ver alguém que estava lá dentro a jogar de uma ponta a outra e a acabar o Street Fighter II. Para mim foi um grande momento! Eu era fã incondicional do jogo e pude ver o fim do mesmo.
– Desejo secretamente desenvolver um algoritmo que venha a revolucionar a Inteligência Artificial a nível mundial. De todas as áreas da algoritmia e da programação a minha grande paixão sempre foi a Inteligência Artificial. Quando tenho tempo, coisa que não abunda há mais de um ano, tento sempre satisfazer o bichinho cá dentro e implementar qualquer coisa nova. Com isto já consegui que a Epic Games (Unreal Engine, Fortnite) divulgasse o meu trabalho e o destacasse, mas isto não chega. Gostava de conseguir algo muito maior neste campo.
– Tenho saudades de abraçar os meus pais. Com esta história da pandemia e de proteger os mais velhos mudam-se prioridades. O contacto físico foi substituído pela distância e nós humanos somos seres sociais. O abraço é algo que faz parte da nossa natureza. Particularmente com os nossos entes mais queridos.
– O medo que tive… O meu primeiro grande medo foi no dia 21 de Dezembro de 1989, tinha eu 10 anos. A casa dos meus pais é junto ao ponto onde o Rio Lis e o Rio Lena se juntam. Nesse dia houve uma grande cheia na zona da Ponte das Mestras, tendo mesmo rebentado uma das margens do rio Lena. Num ápice, eu, a minha mãe e o meu irmão ficámos rodeados de água e sem poder fugir. Fiquei mesmo convencido que ia morrer e que não ia passar dessa noite, o que para uma criança de 10 anos é muito forte. A água atingiu um metro e oitenta de altura em casa, e foi o nosso pai que nos foi socorrer juntamente com os bombeiros a casa durante a noite. Às duas da manhã saímos de barco pela varanda do primeiro andar.
– O futuro é uma grande incógnita, ainda para mais nesta altura de pandemia. Diz-se muita coisa: vai haver vacina…; a imunidade dada pela vacina dura apenas entre 3 a 4 meses…; etc. O que é certo é que o vírus veio e veio para ficar. A mal ou a bem, vamos ter de aprender a lidar com ele. Tendencialmente, os vírus tornam-se menos mortais com o tempo. Pois se matarem o hospedeiro, não se conseguem transmitir/replicar. Se um vírus quiser proliferar, tem de ser menos letal. Portanto, acredito que daqui a algum tempo (como não sou epidemiologista, não consigo precisar tanto), com os devidos cuidados, voltemos a andar sem máscara e voltemos à tão desejada normalidade.
– Se eu encontrar… Se eu encontrar…. Ora, se eu encontrar…. Muito sinceramente, e assim de repente, não há nada que eu desejasse encontrar, fora o que eu já tenha mencionado. Sinto-me realizado com o que tenho neste momento: trabalho numa empresa fantástica, que para mim é a melhor startup portuguesa – a Sound Particles – onde trabalho com uma equipa fantástica e de sonho. Para além disso, dou também aulas ao melhor curso do mundo e arredores, portanto só se eu encontrasse a chave do euro milhões. De resto, felizmente, sinto-me realizado, apesar de querer sempre alcançar mais.
– Prometo ganhar juízo. Os meus colegas de trabalho dizem que o Gustavo tem “pancada”, no bom sentido é claro. Para os meus alunos, o “prof” é um “ganda maluco”. Eu próprio reconheço que às vezes devia ter mais juízo. Ainda há pouco tempo consegui convencer as minhas filhas a dar o nome “Cão” ao nosso gato, que afinal acabou por ser uma gata. Também temos um tubarão num aquário. E se eu um dia eu tiver uma cobra de estimação, a cobra vai-se chamar venenosa. Assim, quando alguém pegar nela, eu vou poder dizer “É a venenosa.”. Mas pronto, tudo isto até eu, um dia, ganhar juízo e passar a ser uma pessoa normal. Até lá, vou-me rindo quando tenho que levar uma gata chamada Cão ao veterinário e ver o/a veterinário a tratar a gata pelo nome.