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Jorge Soares: “Um pomar de Maçã de Alcobaça é um santuário de biodiversidade”

Raquel de Sousa Silva por Raquel de Sousa Silva
Setembro 12, 2021
em Entrevista
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Jorge Soares: “Um pomar de Maçã de Alcobaça é um santuário de biodiversidade”
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Passaram 30 anos da criação da Indicação Geográfica Protegida da Maçã de Alcobaça e 20 da Associação de Produtores. O balanço é claramente positivo…
Sim. Modéstia à parte, se não fosse a Indicação Geográfica Protegida e a criação da Associação de Produtores, que coincidiu com a criação de uma marca colectiva em cima da IGP – porque com esta não tivemos sucesso durante sete anos –, já não se produziam maçãs nesta região.

Porquê?
A maçã é uma commodity, em todo o Mundo, e são mais competitivos na produção os países que tem melhores condições climáticas para produzir quantidade e maçãs grandes; os países que têm terra abundante e os que têm níveis de associativismo muito elevados. Todos estavam em vantagem porque nós não tínhamos nada disso, razão pela qual este projecto de IGP, uma forma de diferenciar pela via da regionalidade, e depois a marca, como forma de diferenciar pelas eficiências colectivas, com todos a darem o seu contributo para uma imagem e uma qualidade únicas, trouxe resultados interessantes. Pedimos um trabalho ao professor Pedro Dionísio, do ISCTE, que há-de ser divulgado brevemente, que vai demonstrar que o que criámos é muito mais do que nós próprios temos noção. Estamos aquém de imaginar o potencial e o valor que esta marca tem. Há países que produzem mais quantidade, maçãs maiores e mais bonitas, como os de Leste, onde a mão-de-obra – que pesa muito nos custos de produção – é mais barata. Nós somos competitivos a produzir diferenciação. No dia em que perdermos este rumo, em que nos deixarmos desnortear, será complicado.

O que é que o consumidor procura?
A tendência do consumidor, num impulso inicial, é comprar fruta muito barata, muito bonita, e só em casa é que percebe se a fruta corresponde ou não. Primeiro é o bonito, depois é o preço e só se pensa no sabor quando a compra já está feita. No dia em que formos atrás da tentação de produzir fruta apenas pela cosmética e com processos de produção menos naturais, mas que podem fazer crescer mais a fruta, estamos condenados. Porque não se conseguirão na mesma os índices de competitividade de outros países e perde-se a diferenciação qualitativa e o sabor, que é o que nos norteia na marca colectiva. Temos padrões de sabor que nem as normas de qualidade europeia exigem.

Para atingir esses padrões os produtores tiveram de fazer um longo caminho?
Sim, mas é também um caminho de escola e de conhecimento. A nossa produção nunca foi maciça, de fruta artificial, por sermos uma região com limitações, sem água. A escola que vem do passado é a de produzir com recursos limitados. O mais difícil foi melhorar o aspecto, para que a maçã não fosse feia. Antes da IGP já havia umas décadas de conhecimento, que ajudaram.

A Maçã de Alcobaça é hoje um fruto amplamente aceite…
Sim. Embora numa primeira fase alguma distribuição não tenha compreendido este projecto. Em 1988 começámos a preparar o dossier de candidatura da IGP à então Comunidade Económica Europeia. Só conseguimos o reconhecimento em 1994, mas durante esse período Portugal criou uma prioridade no sector, que era a organização. Todas as políticas agrícolas eram nesse sentido. E a nossa região aderiu bem. Dada a pequenez dos produtores e a forma isolada como produziam e comercializavam, o associativismo permitiu criar um projecto de regionalização de um produto, assente na qualidade e na diferenciação, ao mesmo tempo que se criava um modelo de associativismo com cooperativismo moderno. Hoje temos na região organizações de produtores que não são cooperativas, são sociedades anónimas ou por quotas, grupos que têm como fim a organização, mas também a criação de valor. Sem o associativismo de base, não se teria conseguido a junção de esforços que permitem que todos os anos se faça promoção da Maçã de Alcobaça. Para este ano e para o próximo temos aprovados dois projectos muito interessantes. Vamos investir cerca de 700 mil euros, reunidos pelos sócios, em promoção internacional. A ideia é replicar lá fora o que se faz cá: vender sob marca única.

Há reconhecimento dos consumidores e do mercado…
Quer os nossos clientes quer os consumidores têm reconhecido a IGP, mas têm reconhecido principalmente a marca. Muitos supermercados têm tido estratégias de marcas próprias, que nos últimos dez anos competiram muito com a nossa marca, mas quase todos reconheceram que uma marca própria já não era tão forte como a nossa marca. O Pingo Doce apostava muito na sua marca e este ano brindou-nos com uma mudança radical e há duas semanas entrámos na cadeia. O facto de entender que a Maçã de Alcobaça tem mais valor do que a marca Pingo Doce deixa-nos muito orgulhosos, porque é para isso que trabalhamos.

Mas no início a distribuição não compreendeu o projecto?
Houve alguns clientes que acharam que este associativismo era uma maneira de os produtores ganharem força. Também é: força para promover, para comunicar, para ter volume, para ter acesso ao mercado. Alguns clientes acharam isto mau, eram os produtores a ter um bocadinho mais de força, a defenderem um produto. Mas nós fizemos o produto exactamente à medida da distribuição. Este ano decidimos relembrar os nossos clientes que o projecto é à medida do supermercado. Porque hoje um supermercado quer muito mais do que aquilo que são as normas de qualidade. A partir do momento em que entra no supermercado, a fruta perde qualidade. O sistema de venda de alguns, com a fruta a granel, num monte, com as pessoas a mexer, é um processo altamente destrutivo da qualidade. Apesar de podermos certificar todos os níveis de qualidade da Maçã de Alcobaça IGP – Cat. Extra, Cat. I e Cat. II – só nos permitimos a nós próprios certificar a Extra e parte das maçãs de Cat. I. Porque tentamos que o produto que certificamos, e que se usa sob a imagem colectiva, seja o mais próximo daquilo que os supermercados exigem nas suas fichas técnicas. Apesar de durante alguns anos não ter sido compreendido como tal, este é um projecto feito à medida da exigência do supermercado e do consumidor. Quando um supermercado compra Maçã de Alcobaça, não tem de impor a sua ficha técnica, que normalmente é muito agressiva e muito exigente, porque a nossa já corresponde e em alguns casos até está além.

A Maçã de Alcobaça respeita um sistema de produção específico…
O nosso sistema de produção faz das nossas maçãs umas das mais limpas da Europa e dos nossos pomares os mais equilibrados do ponto de vista do ecossistema. Isto permite que cheguemos a outro target de consumidores, mais exigentes. São valores que começámos a definir em 2000, sendo o primeiro a origem, o segundo o sabor e o terceiro o ambiente. Temas actuais e que mantemos. Durante muitos anos andámos também a tentar perceber qual o melhor momento para pegarmos na questão da pegada ecológica. No seu processo produtivo, um quilo de maçã sequestra muito mais carbono do que liberta. Este ano vamos lançar uma nova imagem, à qual vamos associar o mar, porque a nossa tipicidade e a nossa diferenciação são influenciadas por ele, mas não vamos ainda ao tema da pegada ecológica. Mas vamos continuar a trabalhá-lo, porque em algum momento vamos querer comunicar isso. Hoje um pomar de Maçã de Alcobaça é um verdadeiro oásis para a micro fauna, é um santuário de biodiversidade. Controlamos as pragas com insectos e seres vivos que são seus predadores. Temos um projecto no âmbito do qual queremos trazer associações ambientalistas para perceberem o que fazemos e para nos ajudarem a fazer melhor.

[LER_MAIS] A grande distribuição é hoje um parceiro fundamental, mas a relação nem sempre foi fácil…
Não foi, do ponto de vista da marca. Mas sempre fornecemos a distribuição, só que houve fases em que a Maçã de Alcobaça era a maçã da marca dos nossos clientes. Se havia um cliente que tinha a sua marca, não podíamos ir contra essa estratégia legítima de quem compra. Continuámos com a nossa postura de promover o produto e fizemos uma grande aposta, investimos um milhão de euros para promover a Maçã de Alcobaça em todo o lado menos em locais de venda. E isso capitalizou, hoje os supermercados vendem aquilo que os consumidores pedem. E nós temos de produzir o que ambos pedem. De facto, no início os nossos clientes não perceberam que este não era um projecto à medida dos produtores, mas à medida deles. Se fosse à nossa medida, teria sido um projecto para vender a maçã feia e barata, mas achámos que não era o caminho, seria remar contra a maré. Agora o reconhecimento é unânime e este ano vamos estar em todas as insígnias, com excepção da Mercadona.

Há jovens a instalar-se na região como fruticultores?
Sim, e o que é curioso é que já não são sempre filhos de agricultores. Antigamente, quem não o fosse, e não tivesse já uma grande alavanca, como terra, equipamentos, alguma capacidade de investimento, estava condenado ao insucesso. Agora não. Quando é feito com profissionalismo, com paixão e muita dedicação, e integrado no mercado, o negócio é viável, sem precisar da tal alavanca dos pais. Esta actividade já não precisa de ser patrocinada pelos pais, desde que seja patrocinada pelas organizações existente e pelo valor da marca e da imagem e pelo conhecimento que hoje essas organizações disponibilizam aos produtores. Quando há mercado, e é sustentável, isso faz com que a agricultura tenha alguma probabilidade de sucesso.

A Maçã de Alcobaça está na base de muitos produtos inovadores e diferenciados que foram surgindo ao longo destes anos, dinamizando a economia local…
Sim, os produtos transformados mantiveram algum carácter de diferenciação e são quase todos bons. Ajudaram a alavancar e a dar prestígio à Maçã de Alcobaça e são feitos com verdade. Não se vendem refrigerantes chamando-lhes sumos, por exemplo. Mas estes produtos também resultam da necessidade. Ou seja, ao querermos que a Maçã de Alcobaça não tenha apenas sabor mas também muita qualidade visual, obrigamos os produtores e as organizações a um grande esforço, na medida em que se refuga muita fruta, que foi preciso rentabilizar de alguma maneira. O grau de exigência que se colocou na fruta fresca acabou por obrigar a arranjar alternativa para a que não cumpre essa exigência.

Além dos produtos desenvolvidos pelos membros da associação, há outros criados por outras empresas…
Temos duas linhas de protocolos. Uma é relativa aos membros da associação, que têm os seus produtos; outra passa pelo desafio colocado a entidades que têm produções com diferenciação, para que lancem produtos à base de Maçã de Alcobaça. No ano passado foi lançado um néctar Compal de Maçã de Alcobaça, mais uma forma de dar escoamento à tal fruta que sobra. E este ano vai sair, em parceria com a Sonae e com a Paladin, um vinagre de Maçã de Alcobaça, feito exclusivamente a partir de sumo, e que se quer posicionar no mercado do vinagre gourmet.

A Campotec, de que é administrador, a Frutalvor e a Narcfrutas juntaram-se e investiram na criação da Alitec, que começou por produzir fruta desidratada e já avançou para os sumos. Há novos produtos em lançamento?
Temos uma linha de desidratação e outra de sumos, com um conceito que não existia em Portugal, e para o qual achámos que havia espaço, e queremos evoluir para as farinhas. A tecnologia de desidratação da Alitec não destrói os fitonutrientes, porque desidrata abaixo dos 80 graus. Por outro lado, gera-se da maçã espremida cerca de 30% de um subproduto. Fizemos dois projectos de investigação para classificar muito bem o que fica depois de espremer um sumo de excelência. Se levarmos o que fica a uma linha de desidratação obtemos uma farinha com 30 a 50% de fibra, é um superalimento. É evidente que é um superalimento caro, porque apesar da matéria-prima ser barata o processo de transformação é cuidadoso. Esta farinha serve para o mesmo que qualquer outra, com a vantagem de não ter tanto açúcar. A Alitec, de que a Frutalvor já não é sócia, por opção (os outros sócios compraram a sua posição), quer continuar nesta linha das farinhas, e já está também a trabalhar na produção de alimentos animais, em parceria com uma fábrica da Madeira. Já se está a exportar para os Estados Unidos alimento para gatos em que se substituiu a proteína animal por proteína vegetal com esta incorporação extrema de fibra. Estamos agora a convidar parceiros industriais, porque queremos chegar à panificação e à pastelaria, para que possam criar linhas de produtos com esta farinha saudável.

Duas décadas à frente da APMA

Engenheiro agrónomo de formação, Jorge Soares é oriundo de uma família de fruticultores, mas ainda hesitou entre esta actividade e a criação de animais, a sua paixão. “Venceu a racionalidade” e optou pela fruta. Considera-se “uma pessoa empreendedora e que procura a inovação” e além de produtor de maçã é accionista e administrador da Campotec, organização de produtores sediada na zona de Torres Vedras, que se assume como maior produtora de maçã bio em Portugal. É presidente da Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça desde o início e foi reeleito por unanimidade para mais um mandato. Ou seja, cumprirá 22 anos à frente da associação. Reconhece que “é tempo de mais” e admite a sua preocupação com a sucessão. “Tem de vir sangue novo, novas ideias”.

Etiquetas: economiaentrevistafruticulturamaçã de Alcobaça
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