A campanha frutícola da Maçã de Alcobaça e da Pêra Rocha do Oeste deverá ficar marcada pelo regresso da normalidade das quantidades de produção, depois das quebras do ano passado.
Destaca-se também a boa qualidade dos frutos, avançam os presidentes das associações de produtores.
“Esperamos uma produção normal, depois da quebra histórica do ano passado”, diz ao JORNAL DE LEIRIA Jorge Soares, admitindo um ligeiro aumento na produção face a anos anteriores, “graças aos pomares novos” que nos últimos cinco anos foram sendo instalados.
O presidente da Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça revela que o potencial de produção de fruta certificável é de 60 mil toneladas, mas que a estimativa de colheita é de 50 mil toneladas, que no mercado deverão render 50 milhões de euros.
O mercado interno irá absorver 80% da produção. “Os clientes têm demonstrado enorme adesão e a grande distribuição aceita cada vez mais” este produto, diz o dirigente.
Mas “pelo menos 10%” será para exportação.
A colheita começou a 9 deste mês, altura considerada ideal para colher as maçãs no seu “ponto óptimo” de cor e de sabor. Tal só é possível porque os produtores possuem “conhecimento e perseverança” e conseguem “resistir a tentações”.
A certificação teve início a 15 de Agosto e a Maçã de Alcobaça começou a chegar às lojas na semana passada.
A campanha de colheita decorre durante dois meses e meio, o que permite ter equipas mais pequenas e não torna impossível encontrar pessoas, “se houver disponibilidade para pagar e capacidade de planear e antecipar a contratação”.
[LER_MAIS] Estudantes, pré e universitários, são o grosso da força de trabalho na apanha da maçã, que atrai ainda reformados e domésticas.
As explorações mais pequenas recorrem na maioria das vezes a mão-de-obra familiar.
Já para colher pêra rocha é “muito difícil” arranjar pessoas, diz Domingos dos Santos, presidente da Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha.
São precisas 15 mil para retirar a fruta dos pomares do Oeste, e “não é fácil” encontrar quem o faça.
Não apenas porque ao mesmo tempo decorrem outras colheitas, como a da maçã, mas também porque este ano muitos imigrantes não vieram, “devido à contra-informação sobre Odemira”.
O dirigente diz que se espera uma produção na ordem das 200 mil toneladas, “mais do que na campanha anterior, em que houve uma grande quebra”.
Será “fruta de boa qualidade e de calibre razoável”.
Tendo em conta que “o potencial de consumo em Portugal anda nas 80 mil toneladas”, a exportação é destino certo para este fruto, cada vez mais apreciado em todo o Mundo.
De acordo com os dados divulgados na semana passada pelo INE, a campanha frutícola apresenta este ano “boas perspectivas”, prevendo-se um aumento da produtividade dos pomares.
À data de 31 de Julho, a previsão era de mais 15% na maçã, para mais de 23 toneladas por hectare, enquanto nas pêras se previa uma subida de 40%.
A Maçã de Alcobaça não é colhida toda ao mesmo tempo. O momento da sua retirada da árvore depende da variedade, explica Jorge Soares. A primeira é a Gala (mês de Agosto), segue-se a Reineta, até meados de Setembro, e depois é a vez de variedades como a Golden e a Jonagold. No início de Outubro inicia-se a colheita da Fuji e depois da Granny Smith.