O aumento dos preços não afecta apenas o mercado das obras públicas. Também nas particulares os preços estão a subir, com impactos, nomeadamente, na construção de habitação nova onde, segundo o Instituto Nacional de Estatística, os custos subiram 6,5% em Junho, face ao período homólogo.
A escalada dos preços das matérias-primas e o custo da mão-de-obra, que é cada vez mais escassa, são os motivos apontados pelos empresários. “Fazer uma casa hoje em dia é uma aventura, um tormento”, reconhece José Luís Sismeiro, empresário do sector e presidente da Associação Regional dos Industriais de Construção e Obras Públicas de Leiria (Aricop).
O aumento dos custos dos materiais é um dos motivos. “Ainda há cerca de um mês percebi que um fornecimento de artigos cerâmicos subiu mais de 50% desde o início do ano”, exemplifica.
O dirigente lembra ainda o custo e a falta de mão-de-obra. “É cada vez mais um problema e vai acentuar-se. Os jovens ainda não perceberam as oportunidades que existem no sector. Por isso não há rejuvenescimento”, diz.
Resultado: “não há pessoas suficientes” para executar as obras em curso e em carteira.
[LER_MAIS] “Sem pessoas não conseguimos fazer mais. Não há estucadores nem arrumadores de ferro suficientes. Os que existem estão muito ocupados e só têm disponibilidade para daqui a vários meses ou mesmo um ano”, explica José Luís Sismeiro.
Também Carlos Baptista, administrador da Tecnourém, fala na subida dos preços dos materiais, muitos deles importados, e no custo da mão-de-obra.
“Está cada vez mais cara, porque os governos querem, e bem, que os salários sejam dignos”. Por outro lado, havendo escassez de pessoal disponível, o que está no mercado torna-se mais caro.
A estes dois factores, o empresário de Ourém junta um terceiro. Os preços dos combustíveis e da electricidade, que não param de subir. “Tudo isto tem impactos e resulta em construção mais cara”.
Já em Julho, em declarações ao Jornal de Negócios, o presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário alertou que o aumento dos preços das matérias-primas nos últimos meses exige medidas do Governo. Se se mantiver, afectará todos os segmentos.
Reis Campos lembrava que desde o início do ano as variações no preço dos contratos de varão de aço para betão, alumínio e cobre situam-se em 27%, 24% e 21%, respectivamente.
Um problema que “afecta as obras em curso, tanto no que diz respeito aos contratos públicos como aos particulares, já que são questões que não foram previstas”. Por isso, defende que “o Governo tem de assegurar soluções equilibradas, que possam mitigar esta situação”.