Em pleno Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), em território da freguesia de Serro Ventoso, no concelho de Porto de Mós, existe uma lixeira a céu aberto, onde há vários anos é depositado plástico e derivados deste material e ferro-velho.
O caso é do conhecimento do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia. Mas, a situação arrasta-se, com as várias entidades a revelarem-se incapazes para eliminarem o depósito de lixo, algum do qual tem sido queimado no local.
“É uma situação inadmissível, que ultrapassa todas as marcas”, afirma Rui Cordeiro, presidente da Vertigem, associação que, em 2018, detectou a lixeira no decorrer de uma acção de limpeza que promoveu no âmbito do projecto Limpar Portugal.
“Dada a quantidade de resíduos, não conseguimos fazer a sua recolha, pelo que encaminhámos o assunto para o INCF e para a Câmara”, [LER_MAIS] explica o dirigente, lamentando que o problema continue por resolver.
O ICNF explica que, quando “o depósito de lixo foi detectado pela primeira vez, decorrente de uma denúncia apresentada pela associação Vertigem, em Setembro de 2018, não foi possível identificar o infractor, tendo sido dado conhecimento da situação ao Município de Porto de Mós, para que se efectuasse a retirada do lixo do local”.
Eduardo Amaral, vereador do Ambiente, confirma que, na ocasião, a autarquia limpou o espaço, mas, passado algum tempo, a situação repetiu-se, obrigando a nova acção de limpeza. Já no ano passado, após o incêndio de grandes proporções que deflagrou naquela zona, foi a Junta de Freguesia de Serro Ventoso a fazer outra remoção de lixo.
“Como é possível que não se ponha cobro a este atentado? Trata-se de lixo altamente tóxico, com a agravante de que, às vezes, é lançado fogo no local para queimar os resíduos”, alerta um morador daquela zona, que critica a “inoperância” das entidades oficiais, nomeadamente do PNSAC. Um reparo partilhado pelo presidente da Junta de Serro Ventoso, Carlos Cordeiro.
“Os vigilantes do parque sabem disto. Admito que não seja fácil, mas são eles que têm de actuar”, alega o autarca. O INCF defende-se, assegurando que a equipa de vigilantes da natureza da área protegia “tem vindo a realizar frequentemente acções de vigilância e fiscalização no local, mas não foi ainda possível identificar o(s) infrator(es), nem em flagrante delito, nem por outras formas”.