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A participação no Dia da Defesa Nacional (DDN) dificilmente será esquecida pelos 138 jovens que estiveram presentes no dia 15 de Junho, na Base Aérea n.º 5, em Monte Real, em Leiria. Um dos jovens, residente em Peniche, acusou positivo à SARS-CoV-2 e a autoridade de saúde, por precaução, determinou que todos os participantes cumprissem um período de isolamento profiláctico.
Um especialista ouvido pelo JORNAL DE LEIRIA defende que deviam ser feitos testes aos participantes, mas o Ministério da Defesa não considera essencial este tipo de procedimento. “Dadas as medidas implementadas, e uma vez que não existe nenhum foco de contágio associado às actividades do DDN, não está para já prevista a realização de testes aos participantes”, refere a tutela em resposta ao JORNAL DE LEIRIA.
Filipe Froes, epidemiologista, defende a obrigatoriedade de realização de teste PCR nas 72 horas anteriores ou um teste rápido de detecção do SARS-CoV-2 nas 48 horas anteriores ao evento ou a apresentação do certificado digital de vacinação. Confrontado com o facto dos jovens de 18 anos ainda não terem luz verde para serem inoculados, o especialista recorda os alertas da Ordem dos Médicos, que tem defendido que a vacinação deve ser indiscriminada a maiores de 18 anos. “É preciso vacinar o maior número de pessoas no menor curto espaço de tempo e de todas as idades.Nesta fase da pandemia o objectivo é: vacinar, testar e rastrear”, recomenda.
[LER_MAIS]Segundo Filipe Froes, o DDN pode ser um “belíssimo exemplo” para demonstrar como se pode proceder em eventos com muita gente. “Quando é agendado o dia a pessoa terá de apresentar o certificado digital ou então um teste negativo. Estas medidas permitirão a realização de eventos em segurança quer para o próprio quer para os outros. Tudo isto sem abdicar da adesão às medidas de protecção”.
J.P., 19 anos, integrou o grupo para cumprir a obrigação de participar no Dia da Defesa Nacional. Não estabeleceu contacto praticamente com ninguém. Quatro dias depois foi contactada pela Autoridade de Saúde de Peniche para cumprir dez dias de isolamento.
“É uma irresponsabilidade manterem a realização deste dia quando ainda estamos em pandemia e os números estão a subir de novo. Tenho evitado o contacto com a maioria dos meus amigos e com alguns familiares; nunca mais estive numa festa e procuro cumprir todas as recomendações da DGS [Direcção-Geral da Saúde]. Estou de férias e estou proibida de sair de casa por algo que não tive culpa”, afirma ao JORNAL DE LEIRIA.
A jovem recorda que passou o ano fechada em casa a ter aulas à distância, por recomendação da universidade onde estuda. “Fala-se da saúde mental dos jovens e como tem sido afectada por esta pandemia e agora que podia dar uns passeios junto à praia, continuo fechada em casa. Estou revoltada, porque estive presente num acto a que fui obrigada”, acrescenta. J.P diz compreender o “quão importante é a participação dos jovens no DDN”, mas não percebe “por que razão não está suspenso, quando ainda nem sequer estamos vacinados”.
“Ao menos fizessem um teste rápido à entrada. Medir a temperatura não serve de nada, como se viu. E se algum jovem fosse contaminado e fosse parar aos cuidados intensivos? Como é que impõem tantas restrições e depois é isto?”, desabafa.
A jovem critica ainda o facto da autoridade de saúde só lhe ter prescrito o teste oito dias depois e sem nunca ter tido qualquer contacto para saber se estava bem.. “É inadmissível que só hoje [ dia 22 de Junho] me tenham passado o teste PCR com indicação de o realizar amanhã ou depois. Contactaram-nos no sábado e só podemos fazer o teste quarta e quinta? Se estiver infectada posso ter infectado a min ha família e as p es soas co m quem estive antes de ser determinad o o isolamento. Não consigo compreender isso”, remata.
O Ministério da Defesa refere ainda que, “de acordo co m as informações da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil de Peniche, todos os jovens que estiveram presentes nas referidas actividades encontram-se a c umprir isolamento profiláctico”.
“Os divulgadores do DDN que estiveram em contacto directo com estes 138 jovens, já foram testados à Covid-19, tendo o resultado sido negativo”, informa o gabinete do ministério. A tutela garante que “desde o início da 17.ª edição do DDN têm sido implementa dos todas as regras e procedimentos, em linha com as normas emanad as pel a DGS, nos quais se inclui a distribuição de equipamento de protecção individual a todos os convocados e à empresa que assegura o transporte dos participantes”.
Além disso, os “Centros de Divulgação do DDN foram reconfigurados e devidamente adaptados, tendo sido criados percursos distintos e adoptadas medidas para garantir o distanciamento social e a higienização de todos os espaços, bem como a distribuição dos participantes em grupos não superiores a 20 jovens”.
“Importa ainda referir que os jovens convocados têm de obedecer a procedimentos preventivos, com o a medição de temperatura e, à entrada, é efectuado um inquérito preventivo como forma de minimizar o risco de contágio”, acrescenta.
