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Fogo não foi forte o suficiente para quebrar a resiliência 

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Junho 18, 2021
em Abertura
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Fogo não foi forte o suficiente para quebrar a resiliência 
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Daniela Alves e Tiago Bernardino tinham trocado Lisboa por Pedrógão Grande há cerca de um ano e meio quando foram surpreendidos por um cenário “dantesco”, algo que até então só tinham visto na televisão.

Assistiram ao fogo descer Escalos Fundeiros e chegar à Aldeia das Freiras, localidade em Vila Facaia, onde residem. Sem água na torneira, salvaram a casa com baldes de água que retiraram da sua pequena piscina.

No meio do “holocausto”, como recorda, Tiago ajudou ainda a pôr a salvo duas vizinhas, uma das quais se encontrava numa cadeira de rodas e viria a perder a sua casa.

Viveram momentos de aflição e a pele de galinha continua a surgir sempre que recordam o dia 17 de Junho de 2017, mas o fogo não foi forte o suficiente para os assustar e afastá-los de Pedrógão Grande.

Não perderam a esperança de seguir com os seus projectos e são hoje um exemplo de resiliência. Querem recuperar um território que adoptaram como seu e ajudar a mudar mentalidades para evitar que novas tragédias voltem a acontecer.

A permacultura e a biodiversidade são a base do projecto que começaram a construir aos poucos. Depois do incêndio compraram um terreno, com uma pequena casa em ruínas, que pretendem recuperar para ecoturismo.

Além de apostar em trabalhar com tudo o que a terra lhes dá, sem qualquer uso de químicos, o casal pretende ainda vir a proporcionar experiências imersivas, sobretudo a quem vive na cidade.

No seu dia-a-dia, através do exemplo, procuram mudar mentalidades para que o respeito para com a natureza seja cada vez maior, não esquecendo a rentabilidade que a terra pode dar e “não é apenas o eucalipto”.

“O que se passou em Pedrógão Grande é o reflexo do País e ainda reforçou mais a nossa intenção de fazer algo pela terra. Temos coragem e somos resilientes. Quando chegava aqui adorava o cheiro do eucalipto, hoje já não penso assim”, adianta Daniela, que tirou o curso de técnica florestal, após o incêndio, e passou a olhar para a floresta de maneira diferente.

“Ainda no outro dia passei em Góis e ao ver eucalipto por todo o lado só pensava que um dia aquilo poderá pegar fogo.” O trauma ficou, como assume Tiago Bernardino, mas a vontade de fazer algo também.

“Sentimos que estamos hoje mais preparados. Fomos optimistas e vimos uma oportunidade de negócio. Acreditamos que podemos ajudar a mudar mentalidades, embora saibamos que será algo que só terá resultados daqui a muitos anos”, afirma Daniela, que aposta nas crianças, porque “são os herdeiros dos terrenos”.

Segundo diz, são elas que “vão encorajar os avós a mudar e mostrar que a biodiversidade pode ser rentável”, abandonando a monocultura, até porque “se há uma praga corre-se o risco de perder tudo de uma vez”.

Quando erguerem a estrutura de ecoturismo, serão organizadas oficinas “que podem inspirar as pessoas e chamar a atenção para cuidar do País e eliminar ao máximo os produtos químicos, evitando a contaminação dos solos, que vão matar a flora”.

´“Curiosamente, vemos que são os estrangeiros que dão valor ao que temos. Sabemos que o êxodo urbano vai acontecer e poderemos mostrar como pode ser possível. É importante que as pessoas vejam o interior numa perspectiva mais ecológica”, destaca o casal.

A resiliência de Daniela não a deixa parar. Além do curso de técnica florestal, ganhou a bolsa Sara Peralta Antunes, uma das vítimas do incêndio, cujo irmão lança anualmente uma formação gratuita para o estudo do ioga e da meditação.

“Já tirei ioga para crianças e bebés”, formação que aplica em aulas em Figueiró dos Vinhos. Estas sessões chegarão em breve a Pedrógão Grande. A falta de emprego em Pedrógão Grande é um dos problemas deste território.

Depois de trabalhar em vários sectores naquele concelho Tiago está agora desempregado. Daniela está a estagiar na Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande. “O fogo despertou-nos para muita coisa e tivemos contactos com muita gente. Um dos quais foi a Reflorestar Portugal, que tem feito alguns projectos connosco”.

Com o objecti-vo de ter um papel activo numa reflorestação, que não promova monoculturas, foi criada também a Associação Raiz Permanente, um grupo de pessoas, a maioria estrangeiros, que praticam permacultura e que procuram contribuir para uma reflorestação mais organizada e em mosaico.

Ver o fogo ao longe
O dia 17 de Junho de 2017 dificilmente será apagado da memória de quem estava em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Casta-nheira de Pera. Daniela Alves, 38 anos, e Tiago Bernadino, 37 anos, resistiram às chamas e querem fazer a diferença em Pedrógão Grande.

Em Aldeia das Freiras, onde se vê ao longe Escalos Fundeiros, lugar onde se iniciou o fogo, Daniela e Tiago assistiram ao percorrer das chamas, a uma velocidade “incrível”. Rapidamente o “holocausto” instalou-se na zona.

“Nesse dia, tínhamos ido à praia da Vieira [Marinha Grande]. A minha irmã ouviu as notícias e ligou a avisar do fogo”, conta Daniela Alves. Foi no regresso a casa, já no IC8, que se aperceberam da existência de um fogo, longe de imaginarem a sua dimensão.

No alto da Aldeia das Freiras viram o incêndio a escalar as localidades. “Diziam que ainda estava longe”. Mas rapidamente as chamas chegaram à Aldeia das Freiras e consumiram algumas das casas existentes.

“Ligámos para o 112, tentámos perceber o que se podia fazer.” Mas Daniela deparou-se com o desespero de quem estava do outro lado da linha: “O que quer que faça? Está tudo a arder. O fogo saltava pelas copas das árvores. Só pensava em fugir”, conta.

Daniela pegou nos dois filhos, de 10 e 7 anos, e na tia que estava consigo e foi para Vila Facaia para casa do sogro. Tiago ficou na sua residência a salvar o que podia. Os dois filhos estiveram quase indiferentes ao cenário dramático. Durante seis horas foi o desespero sem saber notícias do marido, porque as comunicações apagaram-se. Daniela assume que entrou em pânico.

O marido estava sozinho em casa e ela não fazia ideia do que se passava. Os dois meninos só tiveram consciência do que se passou quando regressaram à escola. Com três anos na altura, Gabriel percebeu que nunca mais ia ver a amiguinha, porque tinha “ido para o céu”.

Nessa data, Daniela trabalhava na Câmara Municipal de Pedrógão Grande e recorda o caos que se instalou. Suspeitas à parte de situações que estão na justiça, a jovem recorda a procura quase desesperada das pessoas à espera de respostas para as suas necessidades.

Gente que perdeu tudo, inclusive família, e não sabia a que portas bater. A autarquia acabou por ser o seu primeiro porto de abrigo.

Repórter fotográfico de Leiria
“Nunca tinha visto nada assim”

“Cenário dantesco”, casas e carros a arder, pessoas no meio da rua desorientadas e chamas por todo o lado. Paulo Cunha foi o primeiro repórter fotográfico a chegar ao incêndio de Pedrógão Grande.
 
Estava a acompanhar a Feira da Agricultura, em Santarém, quando o editor da Agência Lusa lhe pediu para ir para o incêndio, que “seria grave”. Com pouca noção do que iria encontrar, Paulo dirigiu-se para o norte do distrito, onde chegou pelas 19:45 horas.
 
Em Figueiró dos Vinhos teve o primeiro contacto com o fogo. “Comecei a ver carrinhas a arder na estrada, quilómetros de frente de fogo. Vi uma senhora com uma criança num carro com os pneus a arder. Nunca tinha visto nada assim”, confessa ao JORNAL DE LEIRIA Paulo Cunha, que faz reportagem de incêndios há vários anos.

Mais tarde percebeu que se encontrava no cruzamento que ia dar à EN236-I, onde morreram mais de 60 pessoas.

“Uma senhora que vinha a pé tinha abandonado o carro. Aquelas pessoas conseguiram fugir da chamada estrada da morte. Já vi muitos incêndios, mas este tinha uma tipologia completamente diferente. As temperaturas eram altas e o vento muito forte. A dimensão era idêntica aos fogos que vemos na televisão na Austrália”, adianta.

 
Uma placa de direcção com a indicação de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera foi “engolida pelas chamas”.
 
Esse foi um dos registos que viria a correr mundo. Apesar da simplicidade da foto, a informação da dimensão do fogo, sobretudo, quando apareceram os primeiros mortos, passou a ser noticiada por vários os órgãos de comunicação social de diferentes países.
 
Essa foi uma das primeiras fotos a ser usada para ilustrar a tragédia, assim como o desespero das pessoas captado pela lente do repórter fotográfico de Leiria. Sem comunicações e com dificuldade em enviar o material para a Lusa, o repórter procurava encontrar locais para ir “despachando” as fotos que conseguia.
 
No IC8 deparou-se com uma aldeia com várias casas a arder. Decidiu abandonar o seu carro na berma, saltou o separador e foi a pé até ao local. “Vi casas a arder, velhotes a tentar aguentar as casas. As pessoas preocupadas porque não havia bombeiros nem ninguém para ajudar”, relata.
 
Foi no dia seguinte, 18, que apanhou um susto. Seguia uma coluna de bombeiros, quando ficaram rodeados pelo fogo.
 
“Éramos uns dez carros e foi tentar inverter a marcha e conseguirmos todos sair dali o mais rápido possível. Aí vi as coisas um pouco periclitantes.”

Julgamento quatro anos depois
O julgamento de 11 arguidos para determinar responsabilidades nos incêndios de Pedrógão Grande, em Junho de 2017, nos quais o Ministério Público contabilizou 63 mortos, arrancou no dia 24 de Maio, quase quatro anos depois daquele que foi o maior fogo em Portugal, cujas imagens correram os vários continentes e o facto foi alvo de um documentário da National Geographic.
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No pacato concelho de Pedrógão Grande há quem não queira falar sobre o incêndio e outros atribuem culpas às condições atmosféricas, que dizem terem sido únicas. Temperaturas elevadas e ventos cicló-nicos não deixaram de surpreender uma população habituada a alguns incêndios de Verão.

Desconhecendo a relação de parentesco, o JORNAL DE LEIRIA conversou dias antes com Vítor Bernardino, pai de Tiago, que admite que a falta de limpeza pode ter contribuído para um fogo de maiores dimensões. Recordando que parte do seu telhado ardeu, Vítor Bernardino lamenta que se tenha ignorado a importância da limpeza. “

Tem de haver um julgamento, mais que não seja, para que não se cometam os mesmos erros, apontando como principal culpado o Governo Central. “Os bombeiros eram poucos e fizeram o que podiam. Também há responsabilidade da autarquia”, afirma.

“A prevenção poderia ter impedido o alastrar do fogo. Sobre as mortes, é difícil encontrar responsáveis. As autoridades fizeram o seu trabalho. As pessoas entraram em pânico e deslocaram-se de forma tresloucada”, constata António Jesus, outro morador da Graça.

Carlos David, à data presidente da Assodação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, acrescenta que “mesmo que houvesse limpeza o vento era muito”.

Por exemplo, “no IC8, que é mais largo do que a EN236-I, o fogo saltou de um lado para o outro”. Para Carlos David, a responsabilidade é da “natureza”, que provocou um incêndio “anómalo”, com “ventos ciclónicos” e o fenómeno do downburst.

Etiquetas: ambienteAutoridades locaiscrimeeconomiafogoIncêndiosjulgamentosjunho 2017lei e justiçaNegócios e FinançasOrganizações de socorroPedrógão Grandepolíticasociedadetribunalvítimas
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