Duas décadas depois de fechar portas, o antigo Hotel Lis, em Leiria, vai ganhar nova vida. O projecto para instalar no local uma unidade de quatro estrelas, com 57 quartos e três suites, já deu entrada na Câmara e prevê também a reabilitação “integral” da casa Korrodi, existente no topo do terreno, e a sua transformação numa casa de chá, com quatro quartos duplos.
Ao JORNAL DE LEIRIA, o gabinete de arquitectura Saraiva e Associados, responsável pelo projecto, refere que as ideias base da proposta passam por “recuperar a memória, respeitar a envolvente e reduzir o impacto da construção no diálogo com o Castelo e a zona histórica”.
O “ponto de partida” do projecto é o que resta da fachada do antigo Grande Hotel Lis, cujas origens remontam ao século XIX, que será mantida “na continuidade da igreja” do Espírito Santo. De acordo com a memória descritiva, a que o JORNAL DE LEIRIA teve acesso, a unidade hoteleira desenvolve-se em socalcos ao longo da encosta, em quatro pisos acima da cota soleira, até à casa Korrodi, edifício onde em tempos funcionou a sede da Associação de Municípios da Alta Estremadura (AMAE).
Com um piso de estacionamento subterrâneo, o hotel estará equipado com duas piscinas, uma interior e outra exterior, spa com duas salas de tratamento e ginásio.[LER_MAIS]Terá ainda duas salas de conferências, a localizar no rés-do-chão, onde ficará a recepção, um espaço lounge, um wine bar e uma pequena loja de recordações (gift shop), áreas que se relacionarão com um pátio interior.
A partir do átrio, será também possível aceder à casa de chá e à zona da piscina ao ar livre, através de uma escada exterior, que funcionará como “uma espécie de medula espinal, que agarra as diferentes cotas” e que permite “múltiplas coberturas verdes”. No quarto piso do hotel haverá uma ligação em túnel à casa de chá.
Para complementar o empreendimento, está prevista a construção de nove apartamentos turísticos, em substituição de uma moradia localizada ao lado da casa Korrodi, considerada “sem valor patrimonial”, que será demolida.
A nova construção “remata a empena do edifício de habitação do comendador Manuel Barbeiro da Costa”, administrador da Respol, a empresa promotora do projecto.
Com a intervenção proposta para aquele quarteirão, o atelier responsável pelo projecto acredita que será possível “resolver duas frentes urbanas de importância extrema para a cidade”, mantendo “volumetria inalterada”, como se pode ler na memória descritiva que consta do processo entregue na Câmara. Para já, Barbeiro da Costa não quer prestar declarações sobre o assunto.