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A espuma castanha que por estes dias está a cobrir a baía de São Martinho do Porto, em Alcobaça, está a suscitar preocupação entre os moradores. Contudo, há quem justifique a aparência da praia com um fenómeno natural.
Wilson Lourenço, que tem casa em S. Martinho do Porto, está revoltado com a espuma castanha que tem coberto a baía, situação que atribui à actividade das suiniculturas que, aproveitando dias de chuva, terão por hábito deitar dejectos aos rios, que chegam até aquela praia. Já o presidente da Junta de Freguesia de S. Martinho do Porto explica ao JORNAL DE LEIRIA que esta situação em concreto não tem a ver com a actividade das suiniculturas, mas com a actividade da Navigator Company, na Figueira da Foz.
O autarca salienta que, em resultado da actividade daquela fábrica, há espuma do género em várias praias da região, sendo que em S. Martinho do Porto, devido à finura da areia, é mais difícil a sua absorção.
Contactada pelo JORNAL DE LEIRIA, a Navigator Company explica que a situação apresentada não está relacionada com a sua actividade, “mas antes com um fenómeno natural que é ciclicamente observado”.
“No Inverno, o aporte de nutrientes à zona costeira é feito através das elevadas descargas dos rios [LER_MAIS]que naturalmente transportam mais água nesta altura do ano. A disponibilidade de nutrientes na zona costeira, trazidos pelo aporte fluvial está associada ao chamado bloom da Primavera, quando os dias começam a ficar maiores e, portanto, com mais luz, e as temperaturas aumentam, suscitando um pico nas concentrações de fitoplâncton”, expõe.
“Os blooms de algas são um fenómeno natural causado por uma proliferação em massa de fitoplâncton nas massas de água, sendo os principais grupos de organismos geradores destes blooms as diatomáceas, dinoflagelados, principalmente associados a afloramentos na água do mar”, prossegue.
No Verão, contrapõe, “esta descarga de nutrientes decresce em comparação ao Inverno dado o reduzido caudal desses cursos de água, levando a que esses nutrientes, transportados pelos rios, sejam consumidos localmente, não sendo suficientes para fazer activar este fenómeno natural”.
Assegurado “riogoroso controlo”
A Navigator Company realça que a situação não resulta da sua actividade. Nota que “assegura um rigoroso controlo dos seus efluentes e garante há longos anos, em parceria com a Celbi (do Grupo Altri), a monitorização da costa atlântica entre o Rio Mondego e a praia das Pedras Negras, para avaliação do potencial impacto do emissário da Leirosa no meio receptor”.
