O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) foi uma das unidades mais eficientes nos primeiros meses de combate à pandemia da Covid-19, segundo as conclusões de um estudo da Coimbra Business School (CBS), a que o JORNAL DE LEIRIA teve acesso, e que revela que o CHL passou do 18.º posto em 2019 para o quinto lugar em 2020.
A unidade da região, que integra os hospitais de Santo André, em Leiria, distrital de Pombal e Bernardino Lopes de Oliveira, em Alcobaça, ficou à frente, entre outros, do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, onde se inclui o Hospital de Santa Maria, que desceu da 9.ª posição em 2019 para a 28.ª em 2020.
A investigação avaliou o impacto da pandemia da Covid-19 na eficiência de 37 hospitais EPE (entidade pública empresarial), entre Janeiro de 2019 e Novembro 2020, recorrendo aos dados disponibilizados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Carla Henriques e Maria do Castelo Gouveia, professoras na CBS e autoras da investigação, basearam-se no número de médicos, enfermeiros e pessoal operacional em cada unidade de saúde, no número de camas, consultas externas, altas e urgências para identificar os factores que levaram à evolução dos níveis de eficiência de cada hospital.
[LER_MAIS]O estudo conclui que ao comparar os anos de 2019 e 2020 até Novembro (dados mais recentes obtidos), houve um “aumento no número médio de médicos, enfermeiros e assistentes operacionais, de 2%, 5% e 10%, respectivamente, enquanto o número médio de camas sofreu uma ligeira redução (-2%)”.
Registou-se também “uma queda significativa de consultas ambulatórias presenciais e de serviços de internamento como resultado da Covid- 19”.
O número médio de altas hospitalares, de consultas externas e de emergência reduziu para 15%, 11% e 27%, respectivamente. “Apesar dos impactos da Covid-19, alguns hospitais só se tornaram eficientes em 2020”, esclarece Maria do Castelo Gouveia, citada na agência Lusa.
É o caso de Leiria, de Évora e do São João (Porto). Apesar da produtividade negativa, Leiria, São João, Tâmega e Sousa, Vila do Conde, Espinho e Figueira da Foz apresentaram ganhos de eficiência.
O estudo conclui que os hospitais eficientes em 2020 tiveram que trabalhar com menos médicos e camas, em média, do que hospitais eficientes em 2019. A Covid-19 “causou uma deterioração tecnológica geral para todos os 37 hospitais”.
“Estas conclusões destacam a necessidade que os hospitais EPE tiveram de libertar recursos suficientes para lidar com a pandemia, sendo forçados a fechar ou a reduzir significativamente muitas áreas de atendimento não Covid em 2020”, refere o estudo.
Os dados apresentados no estudo demonstram que todos os hospitais do país tiveram um aumento de recursos – humanos e logísticos – mas que foram os do Norte os que melhor souberam aproveitá-los.
“Com a contratação de mais mão- -de-obra qualificada, os hospitais do Norte do País conseguiram prestar mais serviços, nomeadamente na condução de consultas externas, urgências e altas hospitalares”, afirma Carla Henriques, salientando que “aumentar as altas clínicas nem sempre é equivalente a uma melhor performance”, pois, em alguns hospitais, “esta situação pode ter servido apenas para libertar recursos”.
O presidente do Conselho de Administração do CHL, Licínio de Carvalho, admite estar “muito satisfeito com o resultado do CHL neste estudo da Coimbra Business School”.
“A subida muito significativa do CHL em termos de eficiência resulta, sem dúvida, do esforço, empenho e trabalho desenvolvidos pelos nossos profissionais, mesmo em tempo de adversidade pandémica”, sublinha ao JORNAL DE LEIRIA. Segundo Licínio de Carvalho, o CHL foi “conseguindo gerir da melhor forma os recursos humanos e materiais para que o impacto do novo coronavírus fosse minimizado ao máximo na prestação de cuidados de saúde aos doentes não Covid-19”.
“É, de facto, um resultado muito positivo para o CHL, que nos posiciona num patamar cimeiro a nível nacional, e que muito nos orgulha”, remata.