Enfrentar o desconhecido e aproveitar as oportunidades são duas frases que ilustram bem a experiência de Sofia Mota além-fronteiras. Primeiro em Angola, depois em Pequim e agora em Macau, a professora, natural de Leiria, que já foi também psicóloga, promotora de eventos e jornalista, tem procurado tirar o melhor partido das experiências pelas quais tem passado em contextos e mundos tão diferentes.
A primeira aventura no estrangeiro aconteceu em 2008, quando a crise começava a fazer estragos em Portugal. Licenciada em Psicologia, Sofia Mota foi uma das vítimas. Perdeu o emprego que tinha na sua área de formação e estava a dar aulas de AEC – Actividades de Enriquecimento Curricular, quando surgiu a oportunidade de ir para Angola. Agarrou-a com toda a sua energia e partiu para Luanda, onde esteve dois anos a trabalhar na área cultural, como produtora de eventos e de espectáculos.
“É um mundo completamente diferente. Luanda é um caos. Foi uma experiência muito marcante e particularmente rica. Aliás, todas as experiências fora da nossa zona de conforto, do que conhecemos, têm prós e contras, mas são muito enriquecedoras, porque o lidar com o desconhecido obriga-nos a descobrir estratégias para o enfrentar do ponto de vista emocional, social e profissional. E isso enriquece-nos”, afirma.
De regresso a Portugal, Sofia Mota voltou a estudar, inscrevendo-se no curso de Chinês-Português da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria. Terminado o primeiro ano [LER_MAIS]e como previsto noprograma curricular, a turma rumou a Pequim. Mais uma mudança no mundo de Sofia que, depois do “susto inicial”, se revelou “uma agradável surpresa”.
“É tudo imenso. Muita gente e uma cidade completamente digital. Pequim foi uma descoberta fabulosa, em tudo, até no acto de comer. As rotinas são diferentes”, recorda, assumindo que a língua, “para quem tinha apenas um ano de Mandarim”, foi uma dificuldade acrescida. Além dos estudos, Sofia Mota procurou “embrenhar-se” na cidade e estabelecer vida social. A adaptação, diz, correu “lindamente” e Pequim ainda hoje lhe está “no coração”.
No terceiro ano do curso, nova mudança, agora para Macau. Outro “choque”. Da gigante Pequim, chegava a um território com cerca de 30 quilómetros quadrados – menos do que a União de Freguesias de Marrazes e Barosa –, onde vivem perto de 680 mil pessoas e onde se fala cantonês. “Em termos físicos, sentia-se muito a presença portuguesa, pelas marcas deixadas ao longo dos século. Tudo o resto, era muito diferente do que estava habituada.”
A ideia era ficar apenas um ano em Macau e regressar a Pequim, mas, quando deu por si, estava a aceitar uma proposta de emprego. Conta que, para “passar o tempo” até chegar o momento de voltar a Pequim, voluntariou-se para trabalhar na redacção do jornal Hoje Macau. Duas semanas depois, convidaram-na para ficar e, apesar de não ter qualquer experiência como jornalista, aceitou.
“Foi uma boa maneira de entrar na vida de Macau, em termos políticos, sociais e económicos. Ajudou-me a conhecer bem o território”, conta Sofia Mota. Mas o desgaste de trabalhar num jornal diário, “com muita pressão e sem horários”, levaram-na a procurar uma alternativa. Mandou currículo e acabou por ser aceite numa escola chinesa, onde actualmente dá aulas de inglês a crianças dos seis aos 12 anos. Mais uma vez, a experiência tem sido enriquecedora. “Mostra-me uma realidade que não conhecia. É mais uma oportunidade para aprender”, confessa, deixando o futuro em aberto: “Estou sempre disponível para novas experiências. Veremos.”