A dias do início das obras, a requalificação do largo da Igreja Matriz de Monte Real e zona envolvente – também conhecida como ‘praça das hortênsias’ – está a gerar polémica. De tal forma, que o presidente da Câmara foi chamado a intervir, promovendo uma sessão de esclarecimentos, através das redes sociais, protagonizada pelo vereador das Obras Municipais.
Entre os pontos contestados está o volume financeiro da intervenção – que nas várias fases de obra na rua de Leiria prevê um investimento global superior a dois milhões de euros –, mas também a falta de “debate” e de informação sobre o projecto.
Há ainda críticas em relação a algumas soluções propostas, como a retirada dos bancos típicos existentes naquela zona e a altura do mural do anfiteatro previsto para o local, entretanto alteradas pela Câmara, como anunciou, na sexta- feira o vereador das Obras, assegurando que o muro confinante com o quartel da GNR será rebaixado.
O autarca garantiu ainda que a rampa prevista no projecto, paralela à rua de Leiria, será executada junto ao balcão do BPI, evitando assim a retirada dos bancos existentes no local. Reconhecendo a necessidade da obra, Joaquim Vitorino, presidente da Associação de Turismo de Monte Real, lamenta que uma intervenção “desta dimensão”, que vai “mexer com o centro da vila”, não tenha sido “discutida e apresentada previamente” à população e aos órgãos autárquicos locais.
O dirigente conta que, na qualidade de membro da Assembleia de Freguesia, eleito pelo CDS-PP, questionou o presidente da Junta sobre o projecto em Dezembro último, “mas as respostas foram vagas”.
O líder da Junta, Faustino Guerra, defende-se, alegando que estava à espera que o projecto, desenvolvido pela Câmara “viesse à posse da Junta para o apresentar à população”.[LER_MAIS] “Antes disso, houve uma publicação [no site] do Município, com imagens que eram estranhas à Junta, o que lançou a confusão”, justifica.
“Assumi sempre que a população tivesse sido ouvida na fase de planeamento, disse, por seu lado, o presidente da Câmara, numa publicação feita na página de Facebook intitulada Monte Real e Carvide, onde o assunto tem sido amplamente debatido.
Joaquim Mexia Alves, antigo director das Termas de Monte Real, é uma das vozes críticas. “Pelos vistos, são dois milhões de euros para descaracterizar completamente o centro de Monte Real”, escreveu naquela página.
“É uma barbaridade, pelo impacto e até pelo dinheiro que envolve”, diz, por sua vez, Carlos Macedo, médico na vila “há mais de 30 anos” que nas últimas autárquicas foi candidato pelo PSD à Junta, contestando também o facto de o projecto “nunca ter sido dado a conhecer à população”.
Começado por reconhecer que a “comunidade local devia ter sido envolvida no desenvolvimento e planeamento do projecto”, o vereador das Obras Municipais, Ricardo Santos, assume também que as imagens divulgadas “deram ideia” de que ia haver demolições, “o que não corresponde à verdade”.
Na apresentação que fez na passada sexta-feira, via Facebook, o vereador explicou que a intervenção tem como objectivo “a valorização do espaço público e a protecção das zonas nobres e sensíveis” e que será executada por fases. A primeira, orçada em cerca de 700 mil euros, abrange o largo da Igreja Matriz e envolvente, sendo que, posteriormente, avançará a requalificação do restante troço da rua de Leiria até ao designado ‘largo do Batalha’.
Nesta primeira fase, serão criadas zonas de estadia, lazer e recreio, onde se incluem áreas arborizadas com recursos a espécies autóctones (vidoeiro e árvore do âmbar) e uma praça com anfiteatro, espelho de água com oito jactos iluminados por projectores, que “recria a tradição e história da vila” associada às termas, e um espaço polivalente com condições para a colocação de um palco ou para a realização de “pequenas” feiras ou mercados.
Durante a sessão, o vereador manifestou abertura para, nos próximos dias, receber contributos e sugestões relativas ao projecto.