Há dez anos, aquando da primeira edição do Limpar Portugal, das cerca de 250 lixeiras identificadas no concelho de Ansião, cerca de dois terços tinham resíduos de obras.
Uma década depois a situação não será tão grave, mas o problema “parece não ter fim”, com a serra a ser usada “frequentemente” para o depósito ilegal desse tipo de resíduos, como aconteceu recentemente na zona da Serra da Portela, na freguesia de Pousaflores.
O presidente da Câmara, António Domingues, reconhece o problema e assegura que o Município está à procura de soluções, encontrando-se a decorrer um procedimento para a aquisição de sacos, que serão distribuídos pelas freguesias, destinados à recolha deste tipo de resíduos.
“O problema é grave, especialmente na zona da Serra da Portela, que é paisagem protegida [Rede Natura 2000]. Mas este não é caso único. São demasiado comuns na região de Sicó”, alerta João Forte, geógrafo e antigo coordenador concelhio do Limpar Portugal em Ansião.
O caso mais recente de que teve conhecimento ocorreu próximo do moinho da Serra da Portela, que denunciou ao Serviço de Protecção do Ambiente e da Natureza da GNR, instituição que está a investigar.
Já em Outubro, o geógrafo dava conta no seu blogue de um outro caso, desta vez, junto a um novo estradão aberto entre a Portela e Casal Soeiro.
“Passeando pela serra é frequente deparar com estas situações, sobretudo nas proximidades desses caminhos”, reforça o João Forte, para quem a “falta de soluções” no concelho para o encaminhamento destes resíduos “potencia problema”.
João Forte conta que, na sequência do Limpar Portugal, propôs à Câmara a criação de um espaço para a recepção de resíduos de construção.
“A ideia foi bem recebida e, passado algum tempo, até foi equacionado um local, a antiga pedreira do Camporês, mas o processo não teve andamento”, refere.
Ao JORNAL DE LEIRIA, o presidente do Município adianta que esta opção está de novo em cima da mesa, no âmbito das soluções em estudo para o espaço da antiga exploração de inertes, entretanto, adquirido pela Câmara.
“Uma das opções passará por criar um local para a recolha de resíduos de obras. É uma hipótese em avaliação”, avança o autarca. Para já, o Município vai adquirir sacos para a deposição destes resíduos, a distribuir pelas freguesias e destinado aos particulares.
“No caso dos empreiteiros, a responsabilidade por dar um destino adequado aos resíduos é das empresas”, ressalva o autarca, que promete também reforçar a sensibilização.