A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) declara que o impedimento à manutenção da actividade, devido ao novo confinamento, “é uma tragédia”. Por isso, enviou ao Presidente da República e ao Governo uma carta aberta com mais de três mil signatários onde afirma que a paragem da actividade “é um convite à mediação ilegal e à fragilidade dos cidadãos, uma vez que a casa está intimamente ligada ao curso de vida das pessoas e famílias”.
“Com o anúncio de um novo confinamento, não pudemos deixar de ficar surpreendidos com o impedimento à manutenção da actividade de mediação imobiliária, sobretudo se considerarmos que são permitidos todos os demais passos enquadrados na cadeia: os peritos avaliadores continuam a fazer avaliações, o sector financeiro continua a fazer crédito à habitação, os notários continuam a fazer escrituras, os proprietários podem a título particular vender casas, os construtores podem continuar a laborar e até a vender”.
Esta segunda-feira, em nota enviada à comunicação social, a associação reforça a necessidade de enquadrar a actividade de mediação num “regime de excepção que permita aos mediadores imobiliários agendarem visitas presenciais a imóveis, cumprindo todos os protocolos de higiene e segurança implementados pela Direção-Geral da Saúde”.
“De que forma é suposto que estas empresas e seus funcionários consigam ultrapassar as dificuldades impostas pelo confinamento, se não podem trabalhar nem estão enquadradas nos apoios?”, questiona Luís Lima, presidente da APEMIP.
“O sector não está a pedir esmolas ao Governo, mas sim que nos deixe trabalhar cumprindo todas as regras e garantindo a segurança dos agentes e dos seus clientes”, frisa o dirigente. Neste momento, considerando que a venda e arrendamento de imóveis com recurso exclusivo a visitas virtuais é absolutamente residual, o sector está não só impedido de desenvolver a sua actividade, como o seu CAE não está integrado em medidas como os programas APOIAR”, declara o representante das imobiliárias.
“Não podemos trabalhar nem temos apoios”, lamenta Nuno Serrano, da Predial Leiriense, que defende que a mediação imobiliária devia ter ajudas, uma vez que foi obrigada a parar. Até concorda com a paragem, porque na sua opinião a pandemia só se controla se tudo estiver parado, mas são precisos apoios.
[LER_MAIS] “Nem têm de ser a fundo perdido, podem ser linhas de crédito”, refere, lembrando que os apoios para funcionários ou sócios-gerentes, como é o seu caso, não vão salvaguardar o futuro das empresas. E admite alguma revolta pelo facto de haver apoios para empresas que “nem precisam”.
“É fundamental uma coisa ou outra”, concorda João Paulo Sobreira, referindo-se ao regime de excepção e aos apoios para as empresas de mediação, que “estão a ser asfixiadas”. Para o responsável da Urbilei, que tem seis lojas Remax em Leiria, Marinha Grande, Fátima, Coimbra, Mealhada e Porto, este sector é “sistematicamente esquecido”.
“Estamos impedidos de trabalhar e ao abandono. As visitas virtuais ajudam, mas ninguém compra uma casa sem a ir ver”, diz, lembrando que há muitas pessoas numa situação complicada, porque precisam imperativamente de mudar de casa e não conseguem.
“Prefiro trabalhar do que ter apoios, que são efémeros e não resolvem o problema”, declara Jorge Lima, da Limalitoral, em Leiria. Por isso concorda que seja criado um regime de excepção que permita aos mediadores agendar visitas. “Mostro casas vazias, com todas as regras de protecção. Não é mais perigoso do que ir ao supermercado ou ao take-away”, garante.
“Em 2019, de um total de investimento imobiliário que ronda os 26 mil milhões de euros, cerca de 19 mil milhões foram garantidos por mediadores imobiliários. Uma classe que representa este tipo de valores e que já demonstrou ser essencial na promoção da dinamização económica nacional merece outro tipo de reconhecimento num período como este”, recorda o presidente da APEMIP.