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A Cidade às Cores, mas em Camadas

Florbela Oliveira, Professora e escritora por Florbela Oliveira, Professora e escritora
Setembro 19, 2024
em Opinião
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Adalberto costumava adormecer enleando-se, voluntariamente, por caminhos revoltos. Poderia, simplesmente, contar carneiros, branquinhos, fofos e ordeiros, mas não! Nesta noite, nesta de que vos falo, resolveu focar-se numa cidade, literalmente às cores e literalmente às camadas. Não, não era às camadas como a cebola, visão gasta e batida! Era às camadas como aquelas fatias de bolo que agora se recolhem em copos de vidro translúcido, permitindo verificar-se a proeza do pasteleiro, qual arquiteto de doces.

A Cidade às Cores, mas em Camadas iniciava com um azul onde se passeava o céu, a água das chuvas e o ganso patola que, a propósito, vive nos Galápagos e exibe, orgulhoso, as suas patas azuis. Nesta camada, respiravam-se calma, paz, ordem e confiança e medravam frutos azulados como o mirtilo e o açaí, que não se ingere cru, mas, como verão à medida que vão lendo, há quem o faça! 

Florescia, a seguir, um amarelo onde prosperava o Sol, cresciam bananas, limões e girassóis, onde voavam canários e se revolvia o pólen que as abelhas bebiam. Habitavam, também, aqui, o ouro, a riqueza e a prosperidade e, mais difusamente, a traição e a covardia.

Um verde alimentava a terceira fila. Moravam nela a segurança, o otimismo e a saúde… Adalberto arrepiava-se à medida que perdia o controlo do pensamento que, malandro, avançava, repugnantemente, para rãs, lagartos e cobras… Cerrou os olhos, com força, conseguindo debelar a fuga substituindo-a, antes, por lindas plantas e pela enorme (infortunadamente, agora menor) Amazónia.

Um vermelho vivo, de raiva, despertou-o do torpor que parecia alcançar. Não discernia se era aquela a cor seguinte ou se era a ira a tomar conta dele face à constatação. Enterrou a cabeça na almofada, derivando o pensamento, antes, para cerejas e framboesas que, luzidias, resplandeciam. 

De repente, duas formas ovais, brancas, com uma pinta no meio, galgaram da noite negra. Era esta a última camada que enxergava. Espreitou, assustado, elevando, vagarosamente, o rosto do travesseiro. Eram, seguramente, dois olhos que o observavam. Havia, também, um fragmento carmim e húmido oscilando em círculo. Era, seguramente, uma língua.

Depois, um novelo de lã, farfalhudo e escuro como breu, estoirou a tela do quadro que, agarrado à parede, inspirava Adalberto nas histórias que desfiava. Desassossegada, a velhaca, pulou as cercas que definiam as camadas e comeu tudo, incluindo, como vos disse, o açaí. E tudo se misturou no buxo! E todas as cores que pisava se misturavam no chão.   

«Abençoada Ovelha Negra!», Adalberto bendizia, «Ditoso gene recessivo que te criou!» 

E, quando uma noite branca se anunciava, Adalberto olhava o rasgão da tela que ele próprio, inadvertidamente, fizera e contava as negras ovelhas que, graciosas, de lá saiam, lançando a desordem e o caos na ordeira urbe. Havia, praticamente, todas as noites, teimosas patas impressionistas espalhando tintas e eZbatendo conZZervadoraZZZ… camadaZZZZ…ZZZZZ…ZZZZZZ…

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990

Etiquetas: adalbertocontocriativacrónicaescritaFlorbela OliveirahistóriaLeiriaopiniãoprofessoraprosaregião de Leiria
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