Medidas populares. Ou populistas, em função do sentido crítico com que olharmos para elas.
Dizia alguém que parecia um leilão este cenário em que os partidos que suportam o Governo vão pedinchando, com ecos na imprensa, aquilo que depois vão querer mostrar eleitoralmente que conseguiram ou pelo menos tentaram.
Mas isto já não é um leilão. É uma autêntica feira. Quase diariamente são alívios de 200 ou 400 milhões de euros de IRS. Umas horas depois já não é nada disto. Como é óbvio, quem não paga IRS, quase metade dos portugueses, continuará a não pagar, mas para quê entrar em detalhes se os números se podem conformar a outra realidade? São deduções para aqui, aumentos de escalões para ali que vão sendo noticiados.
Nesta altura do campeonato pode haver quem se possa sentir um pouco confuso, por isso é importante esclarecer que o IRS está exatamente como estava na semana passada, no mês passado e nos meses anteriores.
[LER_MAIS] Este chorrilho de notícias de coisas que não aconteceram e nem sabemos se vão acontecer há-de ter sido uma das sugestões do focus group: vão testando junto da opinião pública com a preciosa ajuda da imprensa as medidas com maior adesão junto da população.
Enquanto isso, no Estado vão-se agudizando os problemas com juízes, com professores, com enfermeiros, com instituições de Ensino Superior, sem esquecer a gestão dramática feita da tragédia de Pedrógão Grande e de Tancos.
Em Tancos aquele que começou por ser um assalto grave e com eventuais ligações a redes terroristas ao dia de hoje, para o Ministro da Defesa, responsável máximo da pasta, pode até nem se ter passado nada. O que não passa de facto pela cabeça de ninguém é que isto vá acontecendo tudo sem consequências. Pode até este frenesim noticioso com o orçamento de 2018 ser uma tentativa de apagar tudo o que de mau se está a passar.
Ou a razão pode também resultar do facto de daqui a três semanas termos eleições autárquicas e serem importantes notícias simpáticas, sejam verdadeiras ou não. É política, dir-me-ão alguns. Não concordo. Tal como não são os anúncios e as inaugurações do Governo em vésperas de eleições autárquicas. A política para mim não é isto.
*Deputada do PSD
Texto escrito de acordo com a nova ortografia