Todos os anos faço questão de apresentar um pequeno filme de animação aos meus alunos que pretende abordar a importância das relações e da empatia entre pais e filhos e sobre o cuidado e a preocupação que devemos ter uns com os outros.
A curta-metragem, de 2010, pertence ao realizador tailandês Pou Chou e tem o nome “The lighthouse”. Pouco mais de sete minutos de imagem em movimento e que conseguiu ser premiada 27 vezes no ano do seu lançamento.
As crianças no meio da sua fragilidade e inocência conseguem sempre surpreender-me pela forma como reagem à mensagem deste filme. Muitas delas conseguem projetar-se no futuro e compreender a importância que devemos dar em vida aos nossos pais.
O Ser Humano nasce biologicamente preparado para ser empático e, depois, essa experiência pode ser mais ou menos estimulada. A empatia define-se como a capacidade humana de ver o humano no outro através da compreensão e da reflexão.
Uma escola que desenvolve as competências sócio-emocionais dos seus alunos será sempre uma escola que prepara melhor os pequenos cidadãos que serão futuros adultos com responsabilidades perante os outros. Adultos mais resilientes e com mais capacidade para lidar com os problemas que surgem ao longo da vida, prevenindo assim os problemas de saúde mental que atingem cada vez mais pessoas e onde a resposta médica ainda se encontrar muito aquém das reais necessidades.
Por exemplo, o problema da morte de um ente querido, que também é abordada no filme de animação de Pou Chou, é um momento de grande tumulto emocional que pode causar um impacto profundo na vida de uma pessoa.
Em muitos destes casos e dependendo do momento de vida em que a pessoa enlutada se encontra pode representar uma experiência com um elevado potencial patológico. Talvez por esta razão a escola também deva educar para a perda, ensinando os seus alunos a expressar os seus sentimentos e também na promoção de estratégias para ajudar aqueles que perderam alguém.
É importante termos a noção que os adultos órfãos também precisam de algum “colo” de outros adultos que naquele momento possam escutar e estar presentes. Mais empatia e mais ação num telefonema uma ou duas vezes por semana e utilizar menos frases “Liga-me, se precisares de falar”.
Se formarmos cidadãos mais empáticos estamos também a criar familiares e amigos que irão acolher as dores da pessoa em luto e possibilitar que ela possa viver as emoções fortes que estão presentes, sem vergonha ou medo.