Depois de desembarcar nos Estados Unidos, México e Canadá no ano passado, A História do Rock para Pais Fanáticos e Filhos com Punkada chega agora ao Reino Unido e Austrália com o título History of Rock for Big Fans and Little Punks.
O livro de Rita Nabais (texto e pesquisa) e Joana Raimundo (ilustrações), editado pela Escafandro, completa mais uma etapa na viagem à volta do mundo iniciada em 2017 em Alcobaça e que logo em 2018 acostou na Suécia.
A mais recente edição está a cargo da Wren & Rook, do Hachette Children Group, que publica, por exemplo, a obra de Enid Blyton, a criadora original das aventuras de Noddy e Os Cinco.
O acordo significa que a editora com sede em Londres garante os direitos para o Reino Unido, Austrália e resto do mundo, excepto o Brasil (que a Escafandro mantém) e os países onde o livro já está à venda. E representa um mergulho no politicamente correcto, com a banda Butthole Surfers a ser excluída devido ao nome (em português, surfistas do ânus) e Michael Jackson a ficar de fora por causa da polémica do documentário Leaving Neverland, que acusa o músico de pedofilia.
E entra Billie Eilish
Tem sido uma jornada inesperada e no Canadá, por exemplo, Rita Nabais viu-se quase estrela da rádio, com entrevistas por telefone para dezena e meia de estações.
Em inglês, em directo e à volta de um tema central: a ignorância da cantora Billie Eilish relativamente aos Van Halen (em Dezembro, no programa de televisão Jimmy Kimmel Live!) implica que o rock passou, defintivamente, à história?
O negócio para a América do Norte com a Triumph Books, por outro lado, está na origem da edição aumentada de A História do Rock para Pais Fanáticos e Filhos com Punkada, que inclui mais de 20 bandas novas e mais de 40 ilustrações novas, além do prefácio de Fernando Ribeiro, letrista e vocalista dos Moonspell.
Já na Suécia, a edição, de 2018, é responsabilidade da Fandrake e o prefácio tem assinatura do músico Dregen dos The Hellacopters e Backyard Babies.
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Rita Nabais concorda que o percurso traz um clichê à superfície: a música é uma linguagem universal. Mas não só. Se já havia livros para crianças sobre rock, “se calhar não havia nenhum como este”. E quem o escreveu garante que “os desenhos da Joana [Raimundo] são super-atractivos” e está aí “um dos segredos” do sucesso.
Depois, também faz a diferença o tom – tendencialmente indie e alternativo na escolha dos artistas – e a profundidade da lista: 168 bandas e músicos com ilustração e centenas referidos no texto.
Quilómetros de asfalto
Se a primeira sessão de lançamento no estrangeiro, marcada para Chicago, nos Estados Unidos, nunca chegou a acontecer, por causa da crise pandémica, a digressão em Portugal comeu quilómetros e quilómetros de asfalto, como uma banda na estrada de concerto em concerto.
Com apresentações em que estiveram Fernando Ribeiro, John Gonçalves (The Gift), Álvaro Costa (Antena 3) ou Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta), entre outros. E um momento especial na Antena 2. “Incrível, falar sobre rock num programa de música clássica”, comenta Rita Nabais, grata pela “onda de amor” que tornou a vida “mais divertida”.
O livro abriu portas à Escafandro, que no ano passado produziu Bons Sons x 10, acerca das 10 primeiras edições do festival de música que se realiza na aldeia de Cem Soldos.
Mas a epopeia dos pais fanáticos e dos filhos com punkada está longe do fim: o Brasil é o próximo objectivo.