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Home Opinião

A morte está viva

Ricardo Graça, fotojornalista por Ricardo Graça, fotojornalista
Maio 4, 2022
em Opinião
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Ninguém sabe quantas mortes tinha o homem dentro dele quando morreu. À vista, pelo ar, muitas. Era  alto, corpulento, maciço, contudo, virado para baixo. Tinha presente em si a parelha clássica do assustador, voz grave e mãos grandes, o andar era pesado e amargo como a sombra de quem já vive morto faz tempo. O homem, como homem, não fazia mal a ninguém, havia só sucumbido às vicissitudes das suas agruras, tornou-se um mero sub humano para todos e para ele próprio principalmente. Quando lá vinha os adultos fingiam-se ocupados e as crianças guardavam as bolas. Os olhos raiados ao abandono das suas covas não viam esperança, as dores que passou fizeram-no chão e ele, não tendo outra hipótese, arrastava-se, para o quem quisesse ver, só, pelas ruas de uma cidade dele.  No passado teria sido uma outra coisa mas agora, sem se saber porquê, metia medo. Medo pela figura em si e medo pela estranha possibilidade de um dia podermos ser nós aquele homem.

Esta semana alguém terá dito : – Foi um sossego. E o homem morreu. Morreu sem se saber quantas mortes havia dentro dele. A morte é só uma pequena falha na rotina. O corpo deixa de ser visto e nasce assim um novo hábito que passa a contemplar a sua ausência. Sendo a virtude pouco mais que nada sem o pecado, o que será do equilíbrio sempre periclitante do nosso respirar sem um homem já tão morto que se torna invisível em vida? Não o teremos para ignorar nem desprezar, a biodiversidade é posta em causa e a rua perderá uma personagem densa que, pela sua negritude, confere sempre mais brilho ao papel comum. Os bons nunca serão tão bons sem um mau e todos os ecossistemas precisam de um vilão, é sabido.

Eram poucos no funeral e ainda menos na vida. Falhou-se em saber quantas mortes havia sofrido antes de morrer. Ninguém lho perguntou. Ninguém queria saber. E ele foi, sucumbiu ao bicho imperialista que lhe ocupava a cabeça sob a luz fria de um tecto desconhecido. 

Deixando semelhantes para trás no escuro das suas coisas, quando a terra engole os seus pés a pergunta ecoa num ruido que sabemos  passageiro: O que podia ser feito para que o homem não morresse com tantas mortes dentro dele? E o saber que das muitas possíveis nenhuma aconteceu mata-nos tanto como as mortes que o homem já tinha quando viveu. Não querer saber é uma ferida que infecta no corpo apressado do nosso tempo, é bom que alguém esteja a tratar da extrema unção que já falta pouco. 

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