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Home Opinião

A Mulher nas Canções

Telmo Rodrigues, director da revista Forma de Vida por Telmo Rodrigues, director da revista Forma de Vida
Dezembro 6, 2019
em Opinião
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O verbo “pendurar” deriva da interpretação da palavra “hang,” que tanto pode significar “pendurar,” no sentido em que melodias pairam nos ouvidos de quem ouve canções sobre os seus amores, como pode querer dizer “enforcar,” no sentido em que uma canção pode ser um ajuste de contas com o passado.

Chove na Sala, Água nos Olhos, o primeiro disco a solo de Maria Reis, põe em prática esta última ideia de que é nos ouvidos dos outros que se resolvem assuntos pessoais.

Os exemplos são evidentes e não será preciso enumerá-los para notar o egoísmo que marca estas canções. Mas será relevante constatar como este se depura em Soror Mariana: “lembra-te das coisas que escrevi/ouve-me a cantar eu oiço-te a ti.”

Que outras pessoas possam ser descritas numa canção é trivial, mas o que se sugere é que, para quem canta, a outra pessoa se reduz à descrição que dela é feita: isto é apenas uma mulher a reconhecer outras pessoas na sua própria voz e, portanto, a falar sozinha.

O ajuste dirige-se, assim, para dentro: “eu sei eu sei sou louca por pensar/Que a nossa história não acaba sem resquício.”

Os resquícios, ou seja, as canções, na medida em que restabelecem a sanidade, conferem também a tangibilidade à sua vida. Neste contexto, não surpreendem os versos iniciais de “Um Ai!”: “quis olhar pra cá/cá pra dentro e ver/há quem diga que é melhor esquecer do que sentir.” Uma vez que sentir, aqui, se faz pelas canções, torna-se impossível esquecer: amores penduram-se nos ouvidos das pessoas sempre que se repete uma canção.

A consequência desta convicção não é que uma ou outra canção seja autobiográfica, mas que a identidade da cantora passe a coincidir com a sua prática; é por isso, aliás, que ela consegue descrever-se como uma interjeição, um som: “Ahhh o que é que eu sou/Um ai.” Para alguém que se descreve neste termos, a autonomia artística torna-se essencial, o que torna o passo seguinte, freudianamente falando, evidente: “nego, a todo o custo/A herança paternal.”

Chove na Sala
Chove na Sala

 

A tentativa de negar as influências antevê-se na renúncia a um namorado ou a um produtor que influencia a direcção de uma canção (Lars von Trier substitui um nome que já se ouviu cantar em Pega Monstro); mas também se antevê na desconstrução de um tema popular de António Variações: “ponho as mãos à obra / amanhã / quero-te a toda a hora / logo não.”

O brilhantismo absoluto deste disco não está, apesar de tudo, no ajuste de contas com as figuras masculinas que a cercam: reside exclusivamente no pressentimento de que há uma mulher nestas canções.

A arte de lá se colocar, mais do que a arte de ser sincera ou o acaso de ser mulher, elevam Maria Reis acima de todos os outros.

Etiquetas: chivemasalamúsicaopiniãotelmorodrigues
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