Aula ao ar livre, com vista para o castelo. A cantora e compositora Inês Apenas é um dos nomes da primeira tarde do Festival A Porta em 2024, não no palco, mas fora dele, a conversar sobre letras, melodias, acordes e estruturas. O workshop atrai uma dezena de “alunos”, sentados em meio círculo, que logo no arranque ouvem a autora de “Leiria Não Existe” a partilhar a sua (dela) regra de ouro: “não há limites” para o que se diz e “não há vergonha” de o dizer.
A fotógrafa Vera Marmelo passa a registar o momento, do lado oposto do Convento dos Capuchos os 800 Gondomar testam o som (e o estilo) no palco Void, as crianças já constroem quartos de hotel em caixas de cartão e a finalista do Festival da Canção 2023 segue a desvendar as bases do acto criativo: “Sentimos de maneira diferente” e “cada um tem o seu processo”, mas “toda a gente é capaz de escrever uma canção”.
Domingo, 9 de Junho, as Ninfas do Lis já abriram “oficialmente” a nona edição do Festival A Porta, a Feira Bandida e as actividades Portinha e 1001 Portas desdobram-se em esconderijos que expõem o potencial das ruínas “esquecidas” há décadas numa das fronteiras do Bairro dos Capuchos, como que um aviso acerca do que podemos fazer com o que já temos, e, no Palco Jardim Noroeste, Carlos Vieira percorre “O Convento e a História” em modo teatro cómico. “Isto foi uma obra muito pública, portanto, não começa logo de uma vez”. O actor, encenador e dramaturgo repete a performance no sábado, 15 de Junho, com início às 16:30 horas.
É nos próximos dias que se concentra a maior parte do programa do Festival A Porta, que decorre até 16 de Junho e este ano, pela primeira vez, não se realiza no centro histórico de Leiria. Depois dos jantares com os chefs Rui Lemos, Rafael Ferreira e César Vitorino agendados entre segunda e quarta-feira, hoje acontecem as duas experiências transPorta-te.
No fim-de-semana, o cartaz de concertos (alguns deles na Stereogun, depois da meia-noite) inclui iolanda e B Fachada, também La Furia, da rapper espanhola Nerea Lorón Diaz, ainda King Kami, Maria Reis e Hause Plants, Malva, Meia/ Fé e Hetta, Sónia Trópicos, Lua de Santana, Quimeras D’Mel, Casal Maravilha e Silvino Branca. De Leiria, estão presentes Wheels, Dispirited Spirits, margô e Diadorim.
Na Portinha, para os mais novos e famílias sobressai, no domingo, às 16 horas, o espectáculo Fazer Uma Canção, de homenagem a José Barata Moura, autor de “Olha a Bola, Manel” ou “Joana, Come a Papa”. A produção do Teatro Praga escrita por André e. Teodósio conta com interpretação de Alex D’Alva Teixeira, que oferece “roupagens inéditas” e tão surpreendentes como o “Fungagá da Bicharada” com influências de afrobeat e outros clássicos tomados pela estética do baile funk ou do reggaeton. “Uma peça de teatro que utiliza uma lógica de concerto”, explica o músico ao JORNAL DE LEIRIA, uma “aula cantada” que tem “uma componente de interacção com o público”.
Já as 1001 Portas, destinadas a adultos de diferentes gerações, totalizam mais de 20 iniciativas. Yoga do riso e terapia do som, dança de conexão com a gravidez, retratos escritos, provas de vinhos, poesia cómica e poesia para maiores de 18, um workshop de cocktails, várias oficinas, conversas e instalações de arte para explorar.
Com novo cenário, a missão A Porta está viva: pessoas e lugares, memória e futuro. Como no espectáculo da ondamarela com a comunidade, um dos momentos mais intensos do primeiro dia do festival em 2024.
Portinha: Fazer Uma Canção (Teatro Praga e Alex D’Alva Teixeira, domingo, 16h)
1001 Portas: A Cultura nas Ruínas (conversa com Ana Neto, Marina Rei, Gui Garrido e António Pedro Lopes, sábado, 19h15)