PUBLICIDADE
  • A minha conta
  • Loja
  • Arquivo
  • Iniciar sessão
Carrinho / 0,00 €

Nenhum produto no carrinho.

Jornal de Leiria
PUBLICIDADE
ASSINATURA
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Jornal de Leiria
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Home Opinião

A prateleira

Helena Rafael, assessora de imprensa por Helena Rafael, assessora de imprensa
Agosto 16, 2018
em Opinião
0
A prateleira
0
PARTILHAS
0
VISUALIZAÇÕES
Share on FacebookShare on Twitter

Por debaixo da lapela enfeitada com um alfinete de pedras não preciosas uma camisola de gola alta fúcsia.  70% lã, 30% polyester sem borboto, que lhe acentua o tom rosado das faces. Os sapatos são de salto médio em forma de cunha para acautelar as quedas e a mise, a mise é irrepreensível e fofa e arrasta ainda o odor a laca.

Aproxima-se timidamente da empregada do pequeno supermercado do bairro e diz-lhe que procura um creme adequado à sua idade. Sabe que existe um de uma marca conhecida, de preço ainda assim em conta, para rugas fundas mas não o encontra nas longas filas de prateleiras da loja.

As rugas são realmente muito profundas. Parecem anunciar que trabalhou muito. Talvez ao sol no campo ou então em casa, muito, a cuidar de acamados. A empregada explica-lhe que os cremes estão divididos por categorias – peles de 30, 40, 50, 60, 70 e 80 anos. Ela só sabe que o creme é daquela marca e que é para rugas que parecem sulcos.

A empregada dirige-se então à prateleira dos 80. "Acha que este chega para o que pretende?", pergunta-lhe.  "Não as faz desaparecer, pois não? Gostava é que me mantivesse o tom rosado da pele…" A empregada devolve-lhe uma competente explicação sobre hidratação de peles maduras e convence-a a optar pelo boião destinado às peles de 80.

Paga com dinheiro vivo. Talvez não tenha cartão multibanco ou não saiba mesmo como usá-lo. O creme não é barato e as notas saem enroladas com [LER_MAIS]  dificuldade da carteira de pele sintética já coçada às suas mãos nodosas.  Os olhos são pequenos e muito, muito azuis. Não correspondem à idade da pele e ainda parecem andar à procura.

Da mala de napa preta retira um saco de plástico vincado por outros usos e guarda o boião com cuidado. A luz da rua, está quase certa, parece já restituir-lhe a cor da pele que comprou no boião.

Os supermercados deviam mudar os nomes pelos quais distribuem os produtos nas prateleiras – "Cremes para mulheres comuns que não querem perder a pele rosada, o último sinal de juventude que lhes resta, apesar das rugas fundas." 

*Assessora de imprensa

Etiquetas: Helena Rafaelopinião
Previous Post

Silêncio, um luxo no século XXI

Próxima publicação

Orçamento participativo e o exemplo dos Boardgamers de Leiria

Próxima publicação
Orçamento participativo e o exemplo dos Boardgamers de Leiria

Orçamento participativo e o exemplo dos Boardgamers de Leiria

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

  • Empresa
  • Ficha Técnica
  • Contactos
  • Espaço do Leitor
  • Cartas ao director
  • Sugestões
  • Loja
  • Política de Privacidade
  • Termos & Condições
  • Livro de Reclamações

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.

Bem-vindo de volta!

Aceder à sua conta abaixo

Esqueceu-se da palavra-passe?

Recuperar a sua palavra-passe

Introduza o seu nome de utilizador ou endereço de e-mail para redefinir a sua palavra-passe.

Iniciar sessão
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Opinião
  • Sociedade
  • Viver
  • Economia
  • Desporto
  • Autárquicas 2025
  • Saúde
  • Abertura
  • Entrevista

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.