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Home Opinião

A traição do corpo

Helena Rafael, assessora de imprensa por Helena Rafael, assessora de imprensa
Novembro 4, 2022
em Opinião
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No passado dia 5 de Outubro, Daniel Barenboim, um dos mais aplaudidos directores de orquestra do mundo, anunciou publicamente, aos 79 anos, o afastamento das salas de concertos devido a uma doença neurológica grave. A sua breve nota terminava com a frase «A música sempre foi e continuará a ser uma parte essencial da minha existência. Vivi toda a minha vida dentro e através da música e assim continuará a ser enquanto a minha saúde o permitir.

Olhando para o passado e para o futuro, só posso sentir-me feliz e profundamente realizado.» Em 1971, Jacqueline du Pré, uma das mais virtuosas violoncelistas do século XX, começou a perder a sensibilidade nos dedos, e posteriormente em todo o corpo, tendo sido diagnosticada dois anos mais tarde com a esclerose múltipla que ditaria o fim da sua carreira e o seu desaparecimento prematuro aos 42 anos. Barenboim, de origem argentina e descendente de judeus russos, falou pela primeira vez com du Pré em 1966 por causa de uma mononucleose severa que os atacara a ambos, e as primeiras conversas que mantiveram não foram além de uma detalhada descrição de sintomas.

Conhecer-se-iam pessoalmente uns meses mais tarde num concerto de câmara onde tocaram juntos sem que antes tivessem trocado uma única palavra. Ao som de uma sonata de Brahms teve início um entendimento e uma admiração musical singulares, que rapidamente deram lugar a uma fulgurante relação amorosa e a um dos casamentos mais famosos do universo da música clássica. Jacqueline du Pré era, aos olhos de Daniel Barenboim, uma violoncelista ímpar cuja vivacidade, profundidade de execução e entrega o desafiavam e inspiravam.

Smiley (nome pelo qual du Pré, era conhecida devido ao seu sorriso rasgado e luminoso), apaixonar-se-ia pela inteligência, sentido rítmico e determinação de Barenboim, que se afirmava então internacionalmente como maestro. Jacqueline e Daniel, duas crianças prodígio no passado, casar-se-iam pouco tempo depois, em 1967, numa cerimónia judaica em Jerusalém, após a Guerra dos Seis Dias. Seguir-se-iam sete anos de um casamento feliz e uma das mais frutíferas relações da história da música.

O declínio da carreira de Jaqueline chegaria subitamente aos 28 anos, com as primeiras manifestações da doença que a retiraram tragicamente da vida pública remetendo-a primeiro para o ensino da música e mais tarde para a imobilidade total. Psicológica e emocionalmente fragilizada du Pré manteve até ao fim dos seus dias uma ligação profunda com a música e com o violoncelo tacteando frequentemente as suas cordas já sem qualquer sensibilidade e ouvindo as interpretações que a celebrizaram.

Barenboim e du Pré permaneceram casados até à data da morte dela, em 1987, ainda que a carreira dele o obrigasse a longas ausências. Pouco antes de Jacqueline morrer, o maestro argentino iniciou uma relação amorosa com a pianista russa Elena Bashkirova. Barenboim manteve esta relação em segredo até ao desaparecimento de du Pré que nunca dela suspeitou.

Já doente, numa das suas últimas entrevistas, Jacqueline du Pré reflectia: «De um certo ponto de vista não posso deixar de reconhecer que sou uma pessoa com sorte. Sendo o repertório de violoncelo reduzido, consegui tocálo quase todo, e nesse sentido tive e tenho uma vida musical completa e realizada». 

NOTA – Jacqueline du Pré distinguiu-se em particular pela interpretação sublime do concerto para violoncelo em Mi Menor, Op. 85 de Edward Elgar, sob a direcção de Daniel Barenboim. É possível assistir à sua gravação na íntegra no YouTube. Num tempo antes da traição dos seus corpos. 

Etiquetas: Daniel BarenboimHelena RafaelimpressõesJacqueline du Préopinião
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