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Home Desporto

A vida despojada de um comendador

Miguel Sampaio por Miguel Sampaio
Janeiro 11, 2020
em Desporto
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A vida despojada de um comendador
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É uma tarde de domingo como tantas outras, fria e com jogos a acontecer em vários campos de futebol do distrito. No Albano Tomé Fèteira, em Vieira de Leiria, nove dezenas de espectadores aguardam pela saída do túnel dos jogadores de Vieirense e de Caçadores de Ansião, duas equipas de meio da tabela da Divisão de Honra distrital, o quarto escalão do futebol português. Ou penúltimo.

O speaker dá o onze da casa. “Com o 12, Ruben Lopes. Com o 4, Bruno Ferreira. Com o 6, Sérgio Letra. Com o 25, André Lourenço…” O rapaz olha para a bancada à procura da mãe, como sempre faz, mas não a encontra.

Sem manias, apenas um pouco refilão, André Lourenço passa despercebido, como convém a qualquer central. Contudo, nas bancadas, um pai identifica-o e comenta com o filho que “aquele rapaz que joga a central é campeão do mundo de futebol de praia”. A criança esbugalha os olhos, admirado por ver ali, naquele campo modesto, uma estrela de tal gabarito.

André Lourenço marcou um golo na final do Mundial, em Dezembro, no Paraguai

Sempre jogou “em todo o lado” e o treinador Luciano Silva decidiu colocá-lo no centro da defesa. André está menos em jogo, o que acaba por preservá-lo para a sua outra vida. A que realmente conta. Depois do título mundial, a recente transferência do GRAP para o Sporting de Braga, “o Real Madrid do futebol de praia”, mudou-lhe o destino.

“O futebol é o momento”, diz. “Qualidade, se calhar, até o meu vizinho tem mais do que eu. Simplesmente uns não tiveram sorte ou facilitaram no momento. Não tenho um dom, jogar à bola toda a gente joga, o que mudou foi saber aproveitar a oportunidade.”

Hoje, ele é um referência do futebol de praia e uma figura notável da sociedade. O Presidente da República atribuiu a Ordem de Mérito a todos os jogadores campeões do mundo. “Muitas vezes, quando chego a casa, ainda vou ver o golo que fiz na final. Apesar de ser um golo banal, vou vê-lo sempre. Puxo para trás e vejo umas cinco vezes.” E pensar que começou a jogar na areia, pelo clube dos Pousos, há apenas três anos.

Recorda-se muitas vezes dos arrepios que sentia a entoar o hino: “depois de ouvi-lo parecemos o Hulk”. As palavras de Marcelo também não lhe saem da cabeça, de resto, como a recepção na Cidade do Futebol feita por alguns nomes grandes. “Disse ao mister Fernando Santos que ele é o maior”, recorda, orgulhoso do tempo que passou junto daqueles que são, ainda e sempre, seus ídolos. [LER_MAIS]

“Tudo aconteceu muito rápido. Quando fui à selecção a primeira vez ainda não jogava há um ano a jogar na praia e tinha 15 jogos feitos. Até perguntei à minha mãe o que ia lá fazer”, afirma, agradecido ao GRAP e à “pela imensa paciência” que jogadores a equipa técnica nacional tiveram até ficar no ponto. “Marcava na própria baliza e fazia muitas faltas. Confiaram que podia dar e deu. Se fosse outro seleccionador, se calhar não apostava.”

Relvado sintético

Voltamos à Vieira. Chega o intervalo. O jogo é disputado sobretudo a meio-campo e pouco mais teve de fazer do que uns passos para o lado no início do processo de construção. André pergunta aos amigos pela mãe. Por lapso, ela deslocou-se a Ansião para ver o jogo. Ainda chegaria a tempo de ver uma parte do desafio.

A segunda parte seria completamente diferente. O Vieirense entra a matar, mas o Ansião aproveita uma perda de bola para chegar à vantagem. A partir dali, a partida mudou rumo. A começar pela posição do rapaz de 24 anos, que deixou o centro da defesa e rumou a extremo-esquerdo, onde lhe é mais fácil mostrar o que vale com os pés.

A equipa da Vieira sufoca o adversário. Chega o empate. Pouco depois, dá a volta e ganha. André Lourenço está feliz. “O prazer de ganhar é o mesmo, seja aqui, na selecção ou num jogo de futsal com os amigos. Quando estou a central não se vê tanto, mas empenho-me para ganhar. O que muda é que num lado estamos a jogar por Portugal e no outro a jogar com o Ansião. A atmosfera é completamente diferente e a preparação também.”

Só lamenta as poucas pessoas na bancada. Dos estádios repletos pelo mundo fora a meia-dúzia de gatos pingados no distritalão. “Gosto de jogar com muita gente, mas é o que há. Desde que esteja a minha mãe, está tudo bem…”

A verdade é que quem lhe tira o envolvimento das partidas de domingo tira-lhe tudo. André sabe que agora, com a transferência para “o melhor clube do mundo”, a equipa três vezes campeã europeia, mais tarde ou mais cedo terá de deixar os relvados. “Também disse que só fazia três jogos e já está a acabar a primeira volta. Enquanto der, vai dando, mas a responsabilidade aumentou.”

Chuta para a frente. “Já nem devia jogar pelo risco de de lesionar, mas o Braga autoriza. É importante em termos mentais, para manter-me em competição, e sinto-me mesmo bem no Vieirense. A malta, a estrutura, adoro a equipa técnica, só eles para me deixarem fazer isto. Falto algumas vezes, mas, quando chego, jogo. Sou muito feliz.”

Sente que os colegas têm “orgulho” em com ele partilharem o balneário e não é por ser campeão do Mundo e vencedor dos Jogos Europeus de Praia que a relação se alterou. “Tenho a mania de estar a refilar. Não levam a mal e também me mandam dar uma volta quando é preciso.”

Agora, em Fevereiro, André Lourenço vai ter de faltar a uns jogos do Vieirense. Vai voltar ao chip profissional. Segue para Moscovo com o Sporting de Braga para disputar o Mundial de clubes num pavilhão com lotação para 30 mil pessoas. Quer dar sequência ao ano perfeito de 2019. Além dos títulos pela selecção nacional, ganhou a World Winners Cup pelo Flamengo, do Rio de Janeiro, na Turquia.

André Lourenço dá “graças a Deus” por tudo o que aconteceu no ano passado. Admite, até, que poderia muito bem já “estar a trabalhar” se o futebol de praia não lhe tivesse dado a volta à vida desportiva. É que a aposta na relva nunca chegou a dar os frutos com que sempre sonhou.

“Quando era miúdo não era opção, e bem! Não jogava nada, mas achava que jogava. Depois comecei a melhorar, mas a realidade é que quando joguei no Campeonato de Portugal foi sempre em equipas para descer. Mais vale engolir o sapo e assumir: vou dizer que dava se não dava? Ainda bem que apareceu o futebol de praia.”

Garante que é a mesma pessoa. Que não é por agora ser comendador que deixa de ajudar o amigo David a instalar radiadores e painéis solares. “Faço o que ele precisar. A minha vida mudou, mas continuo a ser o mesmo. Estou com os meus.”

 

 

Etiquetas: André Lourençocampeão mundialfutebol de praiafutebol vieirense
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