Esteve 16 anos a liderar os destinos da Câmara da Batalha e, mesmo assim, António Lucas confessa ao JORNAL DE LEIRIA que não é político, nem nunca foi. Para o ex-presidente, política era apenas “tentar ajudar as outras pessoas”.
E hoje, volvidos cinco anos desde que deixou a Câmara, António Lucas conta como foi o seu regresso ao sector privado e mostra como se deve actuar para largar a azafama da Autarquia sem que a chegada da nova rotina doa. Mentalização, trabalho e novos projectos podem ser a chave para o êxito nessa nova vida.
António Lucas, de 59 anos, presidiu a Câmara da Batalha entre 1997 e 2013. Mas a sua ligação àquela casa começou oito anos antes, quando Raul Castro, grande amigo, o convenceu a integrar a sua lista pelo CDS-PP. Depois de ter sido eleito uma primeira vez, António Lucas manteve- se na Câmara no mandato seguinte de Castro, como vice-presidente. Aceitou o desafio sem imaginar ser vereador em permanência.
“Mas a vida tem destas coisas e nós não podemos dizer nem nunca nem sempre”, sublinha o ex-autarca. Por essa altura, António Lucas era gerente bancário na União dos Bancos Portugueses, em Leiria. Sucede que o banco foi vendido e o caminho que a instituição estava a trilhar deixou de lhe agradar. “Acabei por assumir o segundo lugar, numa perspectiva de transitoriedade. Não me passava pela cabeça ser presidente da Câmara.
[LER_MAIS] Mas com a saída de Raul Castro, ao fim de oito anos, e sob grande pressão também, acabei por assumir o lugar e dar continuidade ao projecto, ficando à frente da Câmara durante quatro mandatos”, recorda António Lucas, que passou a integrar as equipas do PSD.
Dos quatro mandatos, o ex-presidente guarda memórias difíceis, como a morte de uma criança num equipamento municipal, também os incêndios de 2003 e 2005. Mas não pode deixar de se congratular com a relação de proximidade que conquistou com os munícipes. Assimcomo com projectos inovadores, com a Pia do Urso, a recuperação de uma aldeia que bebeu inspiração num projecto austríaco, mas que foi todo feito dentro da Câmara.
Ter trabalhado com uma “equipa de excelência” como a que deixou na Câmara é realmente um dos grandes motivos de satisfação, realça o ex-presidente.
E depois da Autarquia? Tem sido bom, conta António Lucas. Antes de deixar a Câmara começou logo a interiorizar que iria ter uma vida diferente e que regressaria ao sector privado. Tinha o escritório de contabilidade, que tinha constituído trinta e muitos anos antes, e passou a trabalhar no apoio de micro e pequenas empresas na preparação de candidaturas a fundos comunitários.
Era o que estava a fazer até ser desafiado por um amigo a trabalhar num grupo de empresas. “Estou na administração de algumas empresas do Grupo Pragosa”, conta o ex-autarca. Até Outubro, António Lucas foi ainda presidente da Assembleia Municipal. Mas não foi uma experiência muito positiva. “Se fosse hoje, não o faria”, admite o ex-autarca.
Actualmente, o trabalho pela causa pública continua. Agora como presidente da Assembleia Geral da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Batalha e como presidente da Assembleia Geral da Santa casa da Misericórdia da Batalha.