Se há uns quatro ou cinco anos virou moda Pinterest beber tudo com palhinha (há um pessoal esquisito que até o Gin bebe assim), nos dias que correm a bolha do meu Facebook desdobra-se em mil vídeos e imagens chocantes do que acontece aos pobres animais marinhos por causa deste plástico que vai parar ao mar.
Imagino que a maior parte das pessoas nem dê por nada, porque ninguém dá muito para este peditório da ecologia e, no fundo, quando dizem que não é por causa de uma palhinha que vai acabar a vida na Terra estão cheios de razão.
Evidentemente, uma palhinha no oceano não é nada quando tudo o resto está perdido, que é como quem diz, quando continuamos a querer sacar petróleo do solo, quando insistimos em monocultura agrícola, quando achamos que é (só) a reciclar que resolvemos os nosso problemas sem ter de abdicar de nenhum dos nossos absurdos hábitos de consumo.
Convinha, no entanto, compreender que a guerra à palhinha é um dos últimos redutos que aquelas pessoas, alucinadas por uma espécie de fé absurda na humanidade, têm para tentar explicar que é quando tomamos consciência da pequenas coisas que ganhamos perspectiva sobre os grandes impactos que todos juntos temos.
A palhinha, no fundo, resume naqueles 15 cêntimetros de tubo [LER_MAIS] todo o absurdo em que se tornou as nossas vidas: é um objecto pouco mais que inútil, que pouca substância acrescenta à nossa existência, mas que é muito giro e fica bem na foto de Instagram com um smoothie de Verão dentro de um frasco de geleia. E desde que pareça tudo bem, está tudo bem.
Não querendo moralizar, mas já moralizando, gostava só de usar este espaço para dizer isto muito preto no branco: a palhinha é parva.
Eu sei que sou parva também, mas prefiro beber a minha limonada no copo, comprar fruta a granel, fazer compostagem e usar sacos reutilizáveis do que nadar num mar de sacos, palhinhas e cotonetes, e andar a comer peixe com micropartículas de plástico.
Conto que vocês também prefiram e que com esta nova mundividência que vos trouxe possamos todos juntos passar ao que interessa: exigir a quem decide políticas públicas ambientais que tenham, essas sim, um impacto avassalador na protecção de todas as espécies que habitam este planeta.
Agora pronto, tenham todos uma boa silly season! Sem a vil palhinha!
*Activista