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Home Opinião

Acabamentos de primeira

Helena Rafael, assessora de imprensa por Helena Rafael, assessora de imprensa
Novembro 14, 2019
em Opinião
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Por muito acabadas que estejam, por muito mirradas ou falhadas que fossem, por intenso ou irrelevante que tivesse sido o seu desfecho, nada a fazer, as histórias morrem, e não morrem, tal como ambíguas, viveram e não viveram. E se depois de mortas vivem ainda, de que vivem então. De vida, não encontro outra palavra. De vida: essa coisa estranha e única, que não lhes sobrou, mas um dia tiveram.”
Acabamentos de primeira, Rui Caeiro, 2014

O esquecimento passou a ser a sua única ambição.

Aprendera a amar mal não por falta de imaginação mas por mimetismo. O que conhecia e a que se habituara a chamar amor não passava de um campo de batalha onde se experimentava a solidão, a violência, a vingança, a frustração, a falta de liberdade e afinal o ódio. Nascera por convenção e talvez pela idealização de que o amor filial poderia dar lugar a uma trégua que nunca aconteceu.

Sobrevivera por transparência e por ter aprendido a não estorvar. Deixava o território do combate livre para que a guerra acontecesse sem que os danos colaterais fossem demasiado visíveis e para que afinal não tivesse de se confrontar com o seu maior temor – o de que nem a hemorragia provocada pelos danos os demovesse da surdez do combate alimentado a ódio.

Deu por si nas margens da guerra com um corpo de mulher sem função. Não testemunhara a aproximação dos corpos movidos pelo afecto ou pelo desejo, nem sequer pelo instinto de procriação enquanto acto estritamente biológico.

Toda a sua construção enquanto adulta obedecera apenas ao único objectivo de escapar aparentemente ilesa ao combate sem correr o risco de ser confrontada com a sua irrelevância.

Quis distrair-se então do conflito, dar-se e dar de si um outro passado. Apaixonou-se sem ideia de amor e a meio da vida deu função ao corpo sob a forma de amor filial. O tempo, o cansaço, a doença e o regresso à arena para adiar a morte dos senhores da guerra, atribuiram-lhe à ideia de amor que não tinha, uma nova configuração e limpou em paz a hemorragia final que não era a dela.

Convenceu-se de que com eles partira o temor da irrelevância e voltou a apaixonar-se levando consigo, pela primeira vez, uma ideia de amor.

Deu por si com um corpo de mulher com função e acreditou que podia dar outro nome à solidão.

Mas praticou de forma exímia a arte da transparência e perdeu-se numa ideia que já não era a sua para não causar estorvo. Ele, desapontado e surdo, ficou-se pela estrita mecânica da função, rindo-se muito de tamanho disparate. 

Etiquetas: Helena Rafaelopinião
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