Todos os anos, se apresentam condicionantes. Além do orçamento e da logística, acresce, com a pandemia, o desafio de programar para um sector que esteve parado durante longos períodos, no último ano e meio.
“As coisas nunca são fáceis e como nunca são fáceis a motivação tem de ser sempre grande”, afirma Pedro Oliveira, director artístico da companhia O Nariz, que organiza o festival de teatro Acaso. A edição 26 começa esta quinta-feira (16 de Setembro) e prolonga-se até 31 de Outubro, em Leiria, Batalha, Marinha Grande e Pedrógão Grande.
Com o alívio das restrições sanitárias, há um reacordar do teatro, visível no Acaso, como noutros festivais. “Vai haver uma série de grupos que só agora é que estão a começar a apresentar trabalhos em público, porque não o fazem desde Março do ano passado”, realça Pedro Oliveira. Um reencontro com o público que ainda deverá obrigar a salas com lotação limitada.
Primeiro Amor, por Pedro Diogo, baseado num texto de Samuel Beckett, é, segundo Pedro Oliveira, um espectáculo que estreia no Acaso. E há produções muito recentes: Em baixo e em cima, pela Companhia da Esquina, também a partir de um texto de Samuel Beckett, e o Recital burlesco, pelas Produções Filipe Crawford. Na música, trabalho novo de Marciano para conhecer ao vivo, e, no cinema, a projecção inaugural de O Crime do Padre Mamado, da Fulo HD, realizado por António Cova.
Também o Nariz leva novidades ao Acaso: Noite, um trecho de teatro, e o livro Contos ao pôr-do-sol, em confinamento. Está ainda prevista a apresentação de uma curta-metragem de animação da autoria de Paulo Simões, com voz de Vitória Condeço e música de Inês Condeço, sobre o conto O Cágado, de Almada Negreiros.
Este ano, Pedro Oliveira mostra-se satisfeito por “reabrir a internacionalização do Acaso” e voltar a ter companhias vindas do estrangeiro. É o que acontece no espectáculo de abertura: Mix, pelo Spasmo, de Espanha, no Teatro Miguel Franco, dia 16 de Setembro, às 21:30 horas, em Leiria. Ainda no mesmo fim-de-semana, e na mesma sala, mas sábado, 18, às 16 horas, o Teatro Extremo mostra Era uma vez… ou lá o que é, uma criação de humor desenvolvida na técnica do clown moderno.
Também de Espanha vêm o Azar Teatro e o actor Javier Ariza, com uma comédia de rua ao volante de um automóvel. Da Alemanha, o Teatro Só, com muitos portugueses, traz Sorriso. Outro destaque, a peça Desumanização, pelo Teatro Art’Imagem, uma versão cénica do romance de Valter Hugo Mãe, com direcção musical de André Barros, da Marinha Grande.
Ao todo, o Acaso soma duas dezenas de propostas de teatro, música e cinema, em quatro concelhos.
* Texto actualizado em 16 de Setembro de 2021, às 15:39 horas, depois de O Nariz informar que a presença de Santarém na programação de 2021 do Acaso se encontra ainda sujeita a confirmação