Há cerca de um ano, vivia-se um clima de festa na cidade do Lis. As ruas de Leiria assistiram à festa unionista, primeiro com a subida de divisão para a Liga 2, após uma vitória em casa contra o Sporting de Braga B, e depois com o último jogo da temporada que deu ao clube o título de campeão da Liga 3.
A felicidade cedo deu lugar ao sentido de responsabilidade. A subida de divisão representava o regresso aos campeonatos profissionais, para uma liga mais competitiva onde cada ponto é disputado até ao fim.
Terminada a época em 12.º lugar, os adeptos que seguiram fervorosamente todos os jogos fazem um balanço positivo da equipa leiriense.
“Face ao investimento feito, o resultado foi positivo. Há que olhar para a realidade e perceber que falamos de um clube que não disputava um campeonato profissional há uma década”, considera Filipe Pimenta, jogador na equipa de veteranos da União de Leiria (UDL).
Para o atleta, terminar em 12.º lugar ou em 8.º “é igual”. O importante é a “manutenção” da equipa na Liga 2.
O ano desportivo também ficou marcado pela mudança da equipa técnica. Vasco Botelho da Costa, o treinador que levou a UDL à Liga 2, saiu perto do final da época e deu lugar a Filipe Cândido, um treinador que já conhecia os meandros do clube.
Sobre esta alteração, Filipe Pimenta afirma que “o Vasco precisava de mais tempo”. “Sobre o novo treinador, não tenho opinião. Se vai ter resultados ou não, estou curioso para ver”, acrescentou.
Uma coisa é certa: a política de portas abertas nos jogos em casa, com os ingressos gratuitos, é uma estratégia “de tirar o chapéu”. “Não se ganha na bilheteira, mas ganha-se nos bares e no merchandising”, comentou o atleta veterano.
Djé Tah D’avilla, atleta que em Janeiro regressou ao relvado do Estádio Dr. Magalhães Pessoa, é o jogador que Filipe Pimenta destaca. “Chegou e ficou logo a titular”, salienta o adepto, ao acreditar que o jogador da Costa do Marfim fez a diferença nas contas de cada jogo.
Apesar do balanço positivo, Filipe Pimenta aponta uma desvantagem desta época. “Tivemos muitos jogos fora do horário de família”, lamenta, ao recordar alguns jogos agendados para as 14 horas.
Para a próxima temporada, o adepto quer ver o clube do Lis a “subir quatro ou cinco degraus na classificação”.
Também José Carvalho, adepto ferrenho da UDL, vê como “positiva” a época que passou. “O pessoal estava à espera de mais, de uma nova subida de divisão, mas eu nunca esperei isso. Esperei que fizéssemos uma época para manter, tanto que os colegas que subiram connosco já desceram”, comentou.
É desde a Alemanha que José Carvalho segue religiosamente todos os jogos da equipa do coração. Mesmo com as novas contratações do clube, o adepto não consegue destacar outro jogador que não seja o Leandro Antunes. “É o meu jogador preferido”, afiança, ao comentar que já recebeu, por diversas vezes, a camisola número sete do avançado.
Apoiante há cinco décadas dos unionistas, este emigrante viu com bons olhos a mudança na estrutura técnica. “Foi benéfico. Já tinha dito que alguma coisa tinha de mudar porque as ideias não entravam.”
Para a próxima época, as expectativas do sócio mantêm-se serenas. “Tem de ser um passo de cada vez”, defende, já que “quanto maior é o sonho, maior pode ser a queda”, almejando para a 6.ª ou 7.ª posição da tabela, no próximo ano.
Manutenção foi objectivo esperado
Do lado de um grupo de adeptos organizado, há um sócio que admite uma certa desilusão, quando aborda jogos em que a UDL perdeu em casa. “Senti-me um pouco desiludido porque houve alguns jogos em que não deveríamos ter perdido. Isso pesou um bocadinho. Houve vários jogos em casa que escorregámos”, relata o adepto, que não quis divulgar o nome, dado que “fazer parte de um grupo de adeptos não é algo bem-visto”
Isso não apaga o orgulho que sente por acompanhar de forma activa o clube de Leiria, que gostaria de ver na 1.ª Liga.
“Olhando para a realidade do clube, penso que foi uma época positiva. Andávamos atrás do objectivo de chegar às competições profissionais há uns anos e sabemos perfeitamente que a Liga 2 não é a Liga 3. É profissional, com outro tipo de equipas”, explica.
Mesmo assim, admite que no início da época acreditava que o projecto podia “atacar as primeiras posições”.
“Podemos dizer, no final de contas, que conseguimos a manutenção e absorver a experiência do que é a 2.ª Liga. Acredito que, para o ano, a UDL vai ser uma equipa com outra preparação para atacar os lugares cimeiros”, afirmou.
Para atingir este objectivo, o adepto defende que “terão de haver ajustes” no plantel.
O JORNAL DE LEIRIA tentou obter junto da União de Leiria – Futebol SAD um comentário sobre a época desportiva, que terminou no último fim-de-semana, mas esta recusou-se a responder.