Há já algum tempo que circulavam notícias sobre as dificuldades de funcionamento do Hospital de Leiria no seu serviço de urgências, situação que, talvez, digo eu, tenha sido contida por demasiado tempo.
Recentemente as denúncias públicas por parte do Sindicato Independente dos Médicos e da Ordem dos Médicos aceleraram a atenção de todos para este grave problema!
Relatos vários do funcionamento do serviço de urgência não deixam grandes dúvidas de que a situação é crítica e deve merecer explicações pelos seus primeiros responsáveis: Conselho de Administração e respectiva tutela.
Por isso, apesar de ser pela terceira vez, não foi com grande admiração que tomámos conhecimento do pedido de demissão do presidente do Conselho de Administração (PCA), Dr. Helder Roque, face às circunstâncias que vieram a público.
No entanto, depois de analisar a audição do Conselho de Administração do Hospital de Leiria na Comissão da Saúde da Assembleia da República, fiquei um pouco confuso, pois quase nos queriam fazer acreditar que está tudo bem e o que aconteceu foi um “pico” de actividade!
Porque não está em causa, nem nunca esteve, a constatação da grande evolução que sofreu o Hospital de Leiria ao longo dos últimos anos, reflectida em inúmeros prémios obtidos e nas várias certificações alcançadas, bem como no grau de confiança e satisfação dos utentes.
Aliás, a missiva que o PCA enviou a todos os colaboradores do Hospital é bem clara e objectiva, pois considerava que a sua demissão era “em protesto” contra a falta de recursos há muito prometidos pelo Ministério da Saúde, [LER_MAIS] referindo mesmo que “não há condições mínimas em pessoal, não há meios para investimento”.
Aliás, fraco investimento que foi confirmado pelo próprio PCA na referida audição, que em 2018 se situou nua execução de apenas 35% do valor orçamentado.
E nem vale o argumentário do aumento da área de referenciação do Centro Hospitalar de Leiria, primeiro com Pombal e Alcobaça, e mais recentemente com Ourém, pois se não havia condições para aceitar tais responsabilidades não se deveria ter esta ambição sem as respectivas condições, designadamente os recursos humanos para atender a um universo de cerca de 400.000 utentes.
Deveria haver a coragem de denunciar que toda esta situação se deva, talvez, às tão famosas cativações, travando o financiamento, que não tem permitido o necessário apetrechamento de meios humanos e técnicos.
Não se entende, pois, que um hospital que cresceu de forma assinalável, de repente não consiga dar resposta ao serviço de urgência, a principal porta de entrada num hospital, onde não se conhece a hora de chegada.
Não se percebe, também, o desconforto e as cautelas do Dr. Helder Roque na audição no Parlamento, em não querer explicar as causas da sua demissão, depois da forma tão clara que escolheu para explicar as suas razões aos seus colaboradores.
Exige-se, assim, que o primeiro-ministro António Costa, que tão contente andou por algumas localidades do País a mostrar o sucesso na área da Saúde, venha ao Centro Hospitalar de Leiria explicar o que realmente se passa, pois na ministra Marta Temido já ninguém acredita! Porque os leirienses exigem um hospital de boa saúde!!!
*Presidente da Comissão Política Distrital do PSD Leiria