O grupo de ambientalistas Guardiões do Mar Alcobaça e Nazaré denuncia a poluição do Alcoa e reclama investimento urgente na despoluição deste rio. A posição é partilhada pela Associação de Beneficiários da Cela, para quem é essencial garantir a qualidade da água para aumentar produtividade e evitar a contaminação de solos.
António de Lemos, membro do grupo Guardiões do Mar Alcobaça e Nazaré explica ao JL que, dia 2 de Agosto, foi aberta a comporta “onde se encontravam centenas de peixes mortos e quantidades apreciáveis de concentração da Azolla filiculoides (azola), planta infestante que cresce e cobre o rio”.
A comporta foi aberta depois do grupo ter realizado vários contactos junto da Câmara de Alcobaça, alertando para a poluição do rio. Abrir a comporta originou “um exponencial aumento da corrente, que levou para o mar os peixes mortos, a azola e muita da poluição que está a afectar o rio Alcoa”. Mas “não é solução”, entende António de Lemos, pois “a poluição continuará no rio”. Sempre que voltarem a suster água, em poucos dias, o rio volta a mostrar-se “carregado de azola e possivelmente de mais peixe morto”.
“Somos levados a pensar que a poluição do rio se deve também às constantes descargas da ETAR de Fervença, em Alcobaça”. Domingo, dia 4 de Agosto, “detectámos uma descarga contínua da ETAR para o rio e a ‘água’ apresentava-se baça, de cor cinzenta e com forte cheiro a esgoto”, prossegue.
Do ponto de vista do grupo, “os problemas de poluição do rio não são apenas causados pelos químicos utilizados na produção agrícola”, podendo estar relacionadas com a contínua descarga da ETAR de Fervença, que está subdimensionada.”
António de Lemos considera ser necessária mais fiscalização sobre as fontes de poluição e que compete a câmara pressionar a Agência Portuguesa do Ambiente, para que se invista na despoluição do rio.
Carlos Malhó, presidente da Associação de Beneficiários de Cela, reconhece que regar as culturas com água poluída afecta a agricultura, “baixando a produtividade das plantas e o rendimento”. E não faz sentido que, depois de um investimento de 10 milhões de euros no regadio de Cela, não se cuide da água e não se evite a corrosão do sistema, refere.
Questionada sobre o tema, não foi possível obter posição da APA.