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Home Entrevista

Alcino Duarte: “O regresso dos alunos dos 11.º e 12.º anos põe-me nervoso e bastante angustiado. Não sei como vamos fazer”

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Maio 7, 2020
em Entrevista
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Alcino Duarte: “O regresso dos alunos dos 11.º e 12.º anos põe-me nervoso e bastante angustiado. Não sei como vamos fazer”
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De repente milhares de alunos foram obrigados a ir para casa e as aulas tiveram de continuar. Como é que a escola encarou essa mudança?
Isto é um método de trabalho completamente diferente do que as pessoas estavam habituadas, portanto, criou-nos alguns constrangimentos, uma vez que não havia experiência nenhuma neste âmbito. Nas últimas duas semanas do 2.º período, os professores adoptaram as medidas que mais lhes eram familiares. Durante o período de férias resolvemos uniformizar e escolhemos a plataforma Classroom. Como tínhamos o domínio aeds.pt, criámos emails institucionais para todos os professores e alunos e no início do 3.º período os professores foram mudando, paulatinamente, para a nossa plataforma. É evidente que há muitas dificuldades, porque muitos colegas nunca tinham trabalhado com isto, nem os alunos em casa. Criámos um grupo para os professores tirarem dúvidas e partilharem as dificuldades e aqueles que são mais conhecedores do assunto apoiam os colegas. Sinto que as pessoas têm muitas dificuldades, mas estão a tentar aprender. Este é um período que exige dos professores muito bom senso, muita compreensão e muita capacidade criativa, o que nem sempre é fácil. Exige mesmo muito dos professores, que se estão a reinventar. Estão a fazer coisas para as quais nunca estiveram preparados.

Criou-se um espírito de solidariedade entre os docentes?
Noto perfeitamente que há um espírito de entreajuda, que, talvez, no processo normal não existisse. Há colegas que estão sempre na linha da frente disponíveis para responder às dificuldades que outros vão apresentando. Os nossos professores de informática disponibilizaram um link em que estipulámos um horário durante a semana, para quem quisesse tirar dúvidas. Foi um método interessante para apoiar quem precisa. Quando o Governo mandou encerrar as escolas, alguns professores queixaram-se da falta de orientações. Sentiram-se um bocado perdidos? Sim, de facto. O Ministério da Educação (ME) criou links com algumas informações de apoio às escolas, mas muitas vagas. Tivemos que criar o nosso plano de educação à distância, mas sempre na perspectiva de o tentar melhorar. O documento foi feito um bocadinho à pressa, porque tínhamos de dar uma resposta rápida. No 3.º período já tivemos mais tempo para trabalhar. Também não sei se o ME deveria ter dado orientações mais precisas, porque cada escola tem a sua realidade. Mas, de facto, sentimo- nos um bocadinho à deriva com isto tudo.

É tudo muito novo para toda a gente?
Sim. As escolas estão mais ou menos equipadas: têm quadros interactivos, computadores, projectores, mas, mesmo sem ter dados concretos, hoje há muito menos professores a usar o quadro interactivo do que quando ele surgiu. Uma coisa é o uso do computador, que é praticamente generalizado, outra é a utilização das ferramentas digitais, que não estarão a ser usadas muito frequentemente. Agora, imagine-se, passar de uma situação destas para o ensino à distância online. Isto cria muito stress e angústia aos professores. Há muito mais trabalho. Os professores estão sempre agarrados ao computador, atentos às fichas e aos emails que os alunos enviam. Por vezes, não sabem como abrir os trabalhos enviados pelos alunos… Estamos todos a aprender e as plataformas têm as suas limitações, porque também não estavam preparadas para esta massificação. Eram usadas esporadicamente. Confesso que fiquei surpreendido com a grande adesão de todos, principalmente no secundário, às aulas síncronas.

Os alunos estão em todas as aulas síncronas?
Há alunos que não vão e estamos atentos a essas situações. Já tentámos contactá- los, por diversas vezes, sem sucesso. Não sabemos o que se passa com eles e vamos contactar a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens e as forças policiais. Depois há o problema da falta de equipamentos. No primeiro levantamento que fizemos cerca de 60 alunos não tinham computador, num universo de 2550 alunos. No 1.º ciclo e no pré-escolar resolvemos a situação com os Magalhães, que os colegas recondicionaram. A ideia era atribuir computadores a todos os alunos do escalão A, mas sabemos que na prática não é o escalão que define a situação. Há famílias que estão em teletrabalho, com vários filhos em casa e só têm um computador. A Câmara cedeu-nos alguns equipamentos para os alunos do escalão A e alguns do B e o que faltar vamos tentar resolver internamente.

As aulas por videoconferência levantam receios da imagem do professor poder ser usada para outros fins. Por outro lado, a era digital é cada vez mais usada. Esse receio está associado ao medo do desconhecido?
No nosso agrupamento pode haver um ou outro professor mais céptico, mas a maior parte não tem problema com isso e, pelo menos, o som é usado. Também há muito receio por parte dos pais. Mas, é curioso, que alguns dos que levantam esses problemas são aqueles que expõem toda a sua vida e fotografias dos filhos no facebook.

“Sentimo-nos um bocadinho à deriva com isto tudo”

[LER_MAIS]Nada substitui uma aula presencial e hoje os alunos admitem que têm saudades da escola.
As aulas à distância têm coisas interessantes, mas esta situação vem demonstrar que não se pode substituir uma aula presencial. Também temos o feedback de que muitos alunos estão desejosos de voltar à escola e isso é bom para nós. Sentimos que a escola faz falta.

Há pais que desesperam com a quantidade de trabalhos.
É verdade e já alertei a coordenadora do 1.º ciclo para ter isso em atenção. Neste momento, o que interessa aos alunos do 1.º ciclo é não perderem o contacto e fazerem coisas mais lúdicas. Não propriamente estar a dar conteúdos ou a fazer fichas. Podem abordar algumas temáticas de forma mais lúdica e sem grande stress. Pelos emails que recebemos, sabemos que os pais estão um pouco desesperados. Quando uma funcionária da escola me pediu para ficar em casa, porque não estava a conseguir acompanhar o filho fiquei um bocadinho apreensivo. Não é preciso tanto. Tem de haver sensibilidade dos professores e não quero que isso se verifique no nosso agrupamento.

Esta situação veio destacar as desigualdades?
Claramente. Mas podemos também ter situações em que uma família de classe média, sem grandes dificuldades económicas, mas com três filhos, não tem computadores para todos. Nem sempre é possível conciliar as aulas de todos e ainda o teletrabalho dos pais. Mas, é evidente, que as pessoas que têm mais dificuldades ficam expostas. Nos casos em que os pais não têm internet nem computador, os professores fotocopiam os trabalhos e deixam um envelope na escola, onde os encarregados de educação vão buscar e devolver, após a realização dos trabalhos pelos alunos.

Esta pode ser uma oportunidade para a escola dar o salto que necessita?
Tenho dúvidas que isto consiga alterar o que se fazia. Estamos num momento próprio, específico. As pessoas tiveram de criar outras ferramentas, mas não sei se quando voltarmos às cadeiras da sala de aula, alguma coisa vai mudar. Com franqueza, gostava mesmo que se conseguisse alterar, mas tenho dúvidas.

Os alunos do 11.º e 12.º anos vão regressar às aulas presenciais, dia 18. A escola está preparada para os receber?
Isso põe-me nervoso e bastante angustiado. Não sei como vamos fazer. Chegaram-nos orientações do Exército, que foi primeiro contactado do que as próprias escolas. Só sabemos aquilo que a comunicação social diz. Fala-se de dez alunos por sala. Temos dez turmas de cada ano, cerca de 300 alunos. Não sabemos como vamos fazer toda essa articulação. Desconhecemos qual será o tempo da aula e quantas vezes por semana. Temos de ir buscar a equipa de horários para articular isto tudo? Não sabemos se temos professores para ter dez alunos em cada sala e se teremos de requisitar mais. Depois um grupo vai calhar com o professor habitual e o outro terá o docente que nunca teve? Isso pode criar alguma dificuldade. Já deveríamos ter tido essa informação. [O documento com orientações para a retoma das aulas presenciais chegou às escolas ao final do dia 5, terça-feira]

Há professores de risco que podem não regressar?
Ainda não tenho essa informação oficialmente, mas sei que temos professores de risco, com problemas de saúde, e não creio que alguns deles venham. É mais um constrangimento.

Já receberam máscaras e produtos de desinfecção?
Não percebo como é que o nosso ministro anunciou que iremos ter máscaras e álcool gel e, neste momento, não temos nada. Temos viseiras, porque uma empresa nos ofereceu. A Câmara também vai distribuir viseiras e máscaras, mas do ME não chegou nada, nem verba para adquirir. Tínhamos uns bidons de cinco litros com desinfectante, que tinha sobrado quando surgiu a gripe A, e foi o que distribuímos por dez dispensadores. Estamos a receber as matrículas para o próximo ano e, embora sejam preferencialmente feitas online, há pais que não conseguem fazê-lo e vêm à escola. Não temos protecção nenhuma nos serviços. Já tentei encomendar acrílicos para colocar à frente das secretárias, mas está tudo esgotado. Uma folha de acrílico custa 200 euros mais IVA. Nós é que temos de pagar isso? Quando houve a gripe A, o ME disponibilizou uma verba específica para comprar material. Agora, não há verba nenhuma para protecção individual. Estou à espera que haja máscaras para todos os alunos, professores e funcionários. Se não vierem esses meios de protecção não vem ninguém. Esta é a crítica que tenho de fazer ao ME. Não se compreende que nesta altura não haja protecção individual nas escolas. Sempre tivemos os serviços abertos, porque temos 14 escolas e 2950 alunos. Por exemplo, nas inscrições para os exames, os alunos poderiam preencher a ficha online e enviar para a escola, mas tem de estar cá alguém para verificar o preenchimento e imprimir.

“Quando houve a gripe A, o ME disponibilizou uma verba específica para comprar material. Agora, não há verba nenhuma para protecção individual”

Como tem sido o apoio aos alunos do profissional?
O POCH [Programa Operacional Capital Humano] continua a ter imensa burocracia. Como é que nesta altura, com todos estes constrangimentos, continua a fazer as coisas como se estivesse tudo normal? Há alunos com necessidade de computadores e não podemos adquirir equipamentos cujo valor unitário seja mais de 100 euros. Temos cerca de 300 mil euros disponíveis no nosso instituto de gestão financeira e temos alunos, mesmo do curso de informática, a precisarem de equipamentos e não posso comprar 20 ou 25 portáteis a 300 euros cada um. Não consigo compreender esta posição perante uma situação de emergência. Podíamos equipar a escola para os cursos profissionais, mas énos vedado por causa da burocracia do POCH. Depois dizem que Portugal não consegue atingir elegibilidade nos apoios que são dados. Não consegue, porque não deixam.

Como é que os educadores e professores têm tentado minimizar o impacto da separação, sobretudo no pré-escolar e 1.º ciclo?
As aulas à distância iniciaram-se na segunda semana do 3.º período e o feedback que tive dos colegas é que quando os alunos do 1.º ciclo viram o professor e uns aos outros foi uma felicidade tremenda, porque já não se viam há algum tempo. O professor também faz a própria gestão da comunicação e a forma como aborda os conteúdos.

Tem havido apoio dos psicólogos do agrupamento a alunos e professores?
Tenho de admitir que falhei aqui. Focámos as coisas mais na actividade lectiva e esquecemos um pouco o lado emocional. Temos uma boa equipa de psicólogas, que já criou uma página de facebook para estar em contacto com quem precisa. Também temos o apoio da equipa multidisciplinar do PICIE [Plano Inovador de Combate ao Insucesso Escolar] no 1.º ciclo, que dá apoio não só aos alunos como às famílias, o que se reflecte no resultado dos miúdos ao nível da aprendizagem.

Percuso
Uma vida dedicada à gestão escolar
Alcino Marques Duarte é professor desde 1980, tendo leccionado as disciplinas de Educação Física, Educação Visual e Educação Visual e Tecnológica. Diplomado em Ensino/Educação, tem também o curso de Administração e Gestão Escolar. O docente tem uma vida dedicada à direcção de escolas. Entre 1993 e 1995 foi presidente do Conselho Directivo na Escola C+S de Boticas. A partir de 1999 passou a presidir o Conselho Executivo da Escola Básica 2,3 José Saraiva, cargo que exerceu até 2013. Com a criação do modelo dos agrupamentos, a escola José Saraiva foi integrada na Secundária Domingos Sequeira, formando o Agrupamento de Escolas Domingos Sequeira. Em 2014, um grupo de docentes desafiou-o a candidatar-se à direcção do agrupamento, que dirige até hoje.

 

Etiquetas: agrupamento escolas domingos sequeiraAlcino Duarteaulaseducaçãoensinoentrevistasociedade
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