Apesar de mais caras, as viagens estão a ser mais procuradas este ano do que em 2023. As agências de viagens da nossa região não estão tão optimistas como o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), mas também reconhecem tempos de maior dinâmica.
“Não podem gastar mais, gastam menos. Tudo depende da disponibilidade económica de cada um. Mas nota-se um aumento na procura por viagens”, comenta Rosa Almeida, comercial na agência de viagens DS Travel Leiria. E no que à Páscoa diz respeito, a escolha recai sobretudo por destinos de praia, como Cabo Verde [LER_MAIS]e Caraíbas, havendo ainda quem opte por destinos culturais na Europa, na Alemanha, Inglaterra, França e Espanha, informa a comercial.
Já dentro do País, Algarve continuar a liderar as preferências, com algumas reservas também feitas na zona Norte e no Centro, especialmente na Serra da Estrela, específica a comercial da DS Travel Leiria.
Este aumento, acredita Rosa Almeida, acontece porque “as pessoas sentem as viagens como um investimento no seu bem-estar”.
Marco Velez, responsável pela Leiriviagem, também nota que este ano está a correr melhor do que o ano passado, ficando, ainda assim, aquém da realidade pré-pandemia. O agente de viagens também não sabe precisar se esta subida irá continuar ao longo de 2024. Como no ano passado havia um número de voos limitado, talvez este aumento de reservas, nesta fase do ano, demonstre apenas que o público se está a precaver contra essa limitação. O que não significa que a procura se mantenha ao longo de 2024, salienta Marco Velez.
Quanto a preferências, o agente sabe que o destino interno mais popular entre o público da nossa região continua a ser o Algarve, embora não seja esse o mais solicitado pelos seus clientes.
No que respeita às viagens para o exterior, nesta agência tem sido procurado “o mercado europeu, de forma genérica”.
Esta crescente dinâmica regional acompanha, de certo modo, o crescimento a nível nacional, como foi reportado por Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT. Em jeito de balanço, o presidente disse ao Diário de Notícias que “os portugueses estão a comprar férias como nunca tinham comprado”. O dirigente referia que, nos primeiros meses deste ano, a procura por viagens subiu 20% face a 2023, aquele que foi o melhor ano de sempre para o sector.
Apesar da actual conjuntura económica, “pautada pela subida das taxas de juro, perda do poder de compra, instabilidade política e guerras”, a verdade é que as agências de viagem estão a ultrapassar todos os recordes de vendas. “Venderam-se muitos milhões de euros de reservas de Verão na Bolsa do Turismo de Lisboa (BTL). O Verão já está a aquecer e, aparentemente, está a haver antecipação de reservas”, notava Pedro Costa Ferreira.
“Os operadores foram ambiciosos e reforçaram quer no médio curso, quer no longo curso e nas operações charter. Temos mais capacidade de transportar portugueses para Destinos de praia são os mais procurados pelo público da nossa região os diversos destinos e, ainda assim, a grande verdade é que continuam a comprar como nunca”, indicava o presidente da APAVT.
No entanto, Paulo Pequeno, técnico de turismo da Capitaltur, explica ao nosso jornal que, apesar de se sentir maior procura por viagens, isso não significa que efectivamente estas se realizem na mesma proporção. Até porque estas estão mais caras e há sempre quem desista do passeio depois de analisar os preços, repara Paulo Pequeno.
Tal como Marco Velez, também este técnico de turismo entende que as viagens de hoje ainda ficam aquém dos números anteriores à pandemia.
Quanto à Páscoa, Paulo Pequeno tem a mesma percepção dos colegas. Na nossa região, o público escolhe sobretudo destinos quentes. Algarve ou, lá fora, Cabo Verde e Caraíbas.
Pedro Quintela, director-geral de Vendas e Marketing da Agência Abreu, também refere, no mesmo artigo do DN, que viajar está este ano mais caro, seja em Portugal ou para o estrangeiro, sendo que são os hotéis que apresentam uma maior subida.
Pedro Quintela admite que “os valores da hotelaria portuguesa têm vindo a aumentar e isso faz com que alguns destinos estrangeiros de proximidade se tornem mais apelativos e competitivos, comparativamente com alguns destinos nacionais”.
Também o presidente da APAVT reconhece a concorrência. “Sim, é possível ir para as Caraíbas ou para Cabo Verde a um preço mais barato do que para alguns sítios em Portugal”, aponta.