No dia em que Donald Trump assinou, na sala oval da Casa Branca, uma nova ordem executiva onde atribuiu mais poderes ao Departamento de Eficiência do Governo (DOGE), Elon Musk, o pseudolíder desse mesmo departamento (a chefe formal é Amy Glason), decidiu levar o seu filho de 3 anos às cavalitas para abrilhantar o momento. O nível de ridículo foi tanto que chegámos mesmo a assistir ao filho de Musk a mandar calar Trump e a dizer-lhe que ele não era o presidente.
Tudo isto a acontecer na mesma sala onde umas semanas mais tarde o presidente da Ucrânia foi recebido com desprezo e deselegância chegando mesmo a ser confrontado por um jornalista sobre o facto de não usar fato. À volta de Zelensky, os cães de fila de Trump, no alto das suas gravatas, soltaram umas gargalhadas fanfarronas e de superioridade como se o ridículo estivesse na camisola verde-tropa do presidente da Ucrânia e não no absurdo da pergunta realizada naquele momento.
Estas duas situações, e outras mais ou menos estranhas, que têm acontecido no mundo levam-me sempre a acreditar (nem que seja por uns breves segundos) que não são reais e que são apenas obra da super Inteligência Artificial que anda por aí a confundir-nos diariamente. O problema é quando nos apercebemos que isto está mesmo acontecer e que estes episódios caricatos são mesmo verdadeiros e têm como principais intervenientes algumas das pessoas com mais poder no mundo.
Fico desnorteado e perplexo com todos estes choques de realidade que o tempo presente nos tem dado e que, ao projetarmos o futuro, começamos a perceber que melhores ventos não chegarão. Na verdade os meus chacras entram em rotura e ficam todos desorientados obrigando-me repor o meu equilíbrio através de uma qualquer terapia de choque.
Uma ida à feira de Pataias ao domingo podia ser a solução ideal e por isso aceitei de imediato o convite que um amigo me fez. Portugalidade, mundo e pureza em tão poucos metros quadrados de terreno. Cuecas, meias, queijos de todos os tipos e feitios, legumes da horta, camas e roupeiros, galinhas e patos entre outras tantas coisas mais. Ciganos e não-ciganos, indianos e marroquinos todos juntos a coabitar o mesmo espaço e onde tudo bate certo por ser tão simples.
Sentei-me à mesa com o meu amigo e bem perto de um homem de barriga redonda que estava ali a grelhar carne desde as seis da manhã. Partilhámos um frango de churrasco e brindámos com cerveja e vinho carrasco.
Por um momento olhei à minha volta, suspirei e sorri. Alinhei os chacras no mundo real e voltei a acreditar que afinal nem tudo está perdido.
Texto escrito segundo as regras do novo Acordo Ortográfico de 1990