A Infraestruturas de Portugal (IP) irá avançar com uma alteração ao traçado da linha de alta velocidade em Regueira de Pontes, no concelho de Leiria, que evita o “corte a meio” da freguesia. A informação foi avançada ao JORNAL DE LEIRIA pelo presidente da Junta, Vítor de Matos, à margem de um debate provido pela Adlei – Associação para o Desenvolvimento de Leiria, sobre o impacto e os desafios da alta velocidade na região. “A nossa proposta não foi contemplada na totalidade, mas as últimas comunicações com a IP apontam para uma nova versão de traçado na nossa freguesia, que substitui aquele que traçava a povoação a meio”, adianta Vítor de Matos.
Segundo o autarca, a solução que está em cima da mesa passa “em frente ao campo padel e à empresa Canas”, flectindo depois pelos “campos do Lis em direcção aos Barreiros”. “Passará entre duas habitações, mas não haverá casas demolidas”, revela.
As declarações do autarca foram proferidas na sequência do debate promovido pela Adlei, durante o qual se falou dos prós e dos contras da construção de uma nova estação, que já está decidida e que será na Barosa, e do “poder transformador” que este tipo de projectos pode ter nos territórios.
Fernando Silva, presidente da Associação Portuguesa de Sistemas Integrados de Transportes, assumiu a sua preferência por uma solução que contemplasse um traçado para comboios de alta velocidade sem paragem em Leiria e a manutenção da actual estação e do troço da Linha do Oeste para as ligações regionais e a paragem da alta velocidade, através de by pass, como será feito em Aveiro e Coimbra.
Mas, tendo a opção recaído na Barosa, que “custará menos 150 a 200 milhões de euros”, Fernando Silva entende que é preciso avançar “rápido” com um plano de urbanização ou de pormenor para a zona da futura estação. “Será muito mais do que uma estação”, até pela presença de dois pólos “fortes” – Leiria e Marinha Grande -, salientou, frisando também a importância de “tirar partido” da desactivação da estação actual.
Defendendo que a Barosa é a solução “mais consistente”, Francisco Asseiceiro, ex-director de projectos de infraestruturas ferroviárias da REFER, está convicto que Leiria será “a cidade mais beneficiada pela alta velocidade”, tendo em conta as reduções de tempo de viagem.
No entanto, para que Leiria possa, de facto, tirar o devido proveito deste projecto, é “fundamental” encontrar soluções de acessibilidade à nova estação, adverte o arquitecto António Moreira de Figueiredo, ex-director do Departamento de Urbanismo da Câmara de Leiria. No seu entender, torna-se necessário retomar o projecto para a circular norte de Leiria, a ligar a Cova das Faias (Zicofa), Pinheiros, zona do Falcão e EN242, bem como garantir a isenção de portagens no IC36 e em parte da A8 (troço Leiria-Marinha Grande) e da A17 (nós de Leiria Norte e Sul).