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Ana Bonifácio: “O meu sonho é que os centros de saúde venham a prescrever cultura e espaço público”

Maria Anabela Silva por Maria Anabela Silva
Agosto 20, 2022
em Entrevista
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Ana Bonifácio: “O meu sonho é que os centros de saúde venham a prescrever cultura e espaço público”
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No próximo dia 29, assinalam-se 15 anos sobre a inauguração do Polis, em Leiria. Passado este tempo, como é que a ‘menina Polis’ olha para o projecto?
Acho ternurenta a expressão ‘menina Polis’. Sinto-me nova (risos). Foi um baptismo jornalístico do Notícias de Leiria e do António José Laranjeira. Faz-me voltar aos tempos em que o Polis começou a nascer, ainda como projecto Sistema Rio, que se iniciou na Câmara de Leiria e que juntava muita gente.

Como é que entrou no ‘barco’?
Conclui a licenciatura e tinha de fazer estágio. Concorri às Câmaras de Lisboa e de Leiria. Em conversa com o director do Departamento de Urbanismo do Município de Leiria, o arquitecto António Moreira de Figueiredo, este perguntou-me o que é que eu gostava de fazer em Leiria. Respondi que gostava de trabalhar as margens do rio. Usava muito a Rodoviária e nessas incursões fui despertando para o facto de não só o edifício, mas até a cidade, estarem de costas voltadas para o rio. Achava importante desenvolver a ideia de que o rio era importante como elemento natural de ligação à cidade. Tive a sorte de haver já uma equipa constituída [na câmara] para fazer esse trabalho, mas sem tempo para tal. Acabei por ser um peão que operacionalizou e desenvolveu o projecto. Quando veio o programa Polis, fizemos a adaptação ao plano estratégico traçado pelo Governo.

Olhando para o impacto que o Polis teve na vida das pessoas, qual a principal lição a tirar?
Fazer cidade é sempre um processo. Olhando para trás, só vejo pontos positivos. O Polis foi [LER_MAIS]o despertador da consciência para a importância do rio. A cidade funcionava quase como se o Lis só tivesse uma margem. Vivia entre os morros do Castelo, da Senhora da Encarnação e de São Miguel. A vida urbana estava confinada a essa área. Não consigo imaginar agora Leiria sem o Polis. Fizeram-se ligações entre as margens, criaram-se espaços verdes ao longo do rio e trataram-se os que já existiam. O Polis encurtou distâncias e respondeu a necessidades das pessoas, que talvez ainda não tivessem essa percepção, mas que passaram a ter. Foi feito a pensar em todos, nos ciclistas, nos caminhantes, nos ‘esplanadistas’, naqueles que correm. Há uma grande miscigenação das funções no Polis.

Se pudesse, o que mudava?
Havia duas coisas que me faziam confusão, mas que resolvi com o tempo. Uma era o facto de o percurso não ter o mesmo material em toda a sua extensão, por ter sido feito por fases, cada uma com a sua própria materialidade. Havia uma continuidade, mas também uma identidade própria em cada troço. Hoje percebo que faz sentido que assim seja. O rio encanado na zona da Fonte Quente e do ‘Parque do Avião’ não é igual àquele que existe nas traseiras dos bombeiros, por exemplo. Em relação ao mobiliário urbano, a maior parte foi produzida em Portugal, mas no Jardim Luís de Camões optou-se por bancos e papeleiras vindas dos EUA. Não me pareceu bem, mas a verdade é que hoje continuam a funcionar perfeitamente e quase sem manutenção. Havia soluções materiais que podiam ter sido diferentes, mas o mais importante foi conseguido: a criação de equipamentos que não existiam, a ligação entre margens e a adesão das pessoas ao Polis, que foi total. Mas, é normal que agora surjam outros desafios e que as pessoas tenham novas exigências.

Foi muito crítica da pavimentação feita no Polis no âmbito da recente requalificação do troço entre São Romão e a Ponte Hintze Ribeiro. A esta distância, como olha para a intervenção?
Continuo a pensar o mesmo e a não gostar da artificialização de um espaço que é totalmente natural. Mas, se quem o usa está satisfeito… Li muitas opiniões e percebi que há muitas pessoas que não querem sujar as sapatilhas e sentem-se melhor no piso como está. E os projectos têm de ser feitos para as pessoas, sabendo antecipar as suas necessidades. As pessoas não tinham tido a percepção da importância do rio se não se tivéssemos olhado para o voltar de costas ao Lis que existia e que ainda se nota um pouco. O rio era pleno esgoto. Só ganhou importância quando começámos a atravessá-lo e a dar-lhe outra cor e outra imagem. As necessidades também se criam. E depois as pessoas querem mais e reclamam novos projectos.

Qual o seu canto preferido do Polis?
Pergunta difícil, porque há identidades diferentes no mesmo percurso. Habituei-me a gostar da relação da Praça Rodrigues Lobo com o rio e da adaptação que esse espaço foi tendo. A intervenção feita no âmbito do Polis nessa zona, incluindo a área em frente ao Banco de Portugal e o Jardim Luís de Camões, foi como se tivéssemos estendido o postal de Leiria do Castelo até ao rio. Depois, há o açude e a zona de Santo Agostinho, que me transporta até ao tempo dos frades agostinianos. Não existe lá nenhuma agricultura, mas consigo imaginar-me nesse tempo.

A câmara já anunciou a intenção de estender o Polis da nascente à foz. Que novos desafios se colocam a essa expansão?
Não podemos pensar em estender um percurso, seja o Polis ou outra qualquer intervenção urbana, sem pôr em equação questões como as alterações climáticas, quer numa perspectiva de mitigação e de descarbonização, quer de adaptação, criando espaços que possam ser fruídos, mas preparados para eventos extremos, como inundações, ondas de calor e incêndios. As árvores e os espaços verdes são um elemento fundamental no combate às alterações climáticas. Ao pensarmos em novos espaços, temos também de colocar em equação a saúde, nomeadamente, o bem-estar mental. Está provado que a exposição a espaços verdes baixa a frequência cardíaca, reduz a incidência de AVC e minimiza problemas como asma, diabetes e doenças coronárias. Um outro desafio está relacionado com a multifuncionalidade e adaptabilidade que estes espaços têm de ter.

O que quer dizer com isso?
Passámos o início deste século a desenhar espaço urbano. Agora, talvez precisemos de desenhar menos, ou seja, não condicionar tanto e trabalhar mais com elementos amovíveis, que permitam criar espaços mais multi-funcionais e mais adaptáveis, que sejam uma coisa agora e outra mais logo. Podemos ter um espaço com marcações para jogar basquetebol, mas que também pode funcionar como mercado, com bancas amovíeis, e acolher concertos. Aí, os nossos agentes culturais dão cartas. Têm essa capacidade de se adaptar aos espaços, mas estes também têm de ser pensados neles. Além das alterações climáticas e da multificionalidade dos espaços, há uma outra premissa a ter em conta na futura expansão do Polis.

Qual?
A intermunicipalidade e a articulação, neste caso, com a Câmara da Marinha Grande. Temos já uma rede de municípios montada para a área da cultura, baseada neste princípio, e que não se pode perder. Falo da Rede Cultura 2027, que fundou na região esta ideia de internacionalidade, do trabalho comum. Isso é um princípio válido para a cultura, para o Polis ou até para criar um transporte colectivo eléctrico entre Leiria e Marinha Grande.

Faz falta um metro de superfície a ligar as duas cidades?
Um transporte como um metro de superfície, com viagens frequentes, é absolutamente estruturante para os dois concelhos. L eiria e Marinha Grande estão unidas pelo pioneirismo empresarial, mas também por esta interconexão de as pessoas viverem num sítio e trabalharem no outro, com movimentos pendulares diários.

Integra o projecto H2020 eMOTIONAL Cities. Qual o foco desta investigação?
Estou trabalhar na área do neuro -urbanismo. A saúde mental é uma preocupação crescente. Já o era antes da Covid, mas com a pandemia deu- se o verdadeiro clique. Já se produziram mais artigos científicos desde 2019 sobre a relação entre saúde mental e cidade do que alguma vez se tinha feito. O projecto H2020 eMOTIONAL Cities é um dos seis financiados pela União Europeia para estudar a saúde urbana. É liderado pelo Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universalidade de Lisboa, em co-coordenação com a Faculdade de Medicina, integrando também empresas.

Que objectivos pretendem alcançar?
Um dos objectivos é perceber como é que o ambiente construído e o ambiente urbano influenciam a saúde mental e o nosso cérebro. Ou seja, como é que se pode dar mais qualidade de vida às pessoas através das cidades. Pretendemos também estudar questões de género e de envelhecimento activo relacionadas com a saúde mental. Temos ainda a ambição de trabalhar com alguns grupos vulneráveis, nomeadamente com demências como Alzheimer, e tentar perceber como é que podemos atrasar a progressão da doença. Queremos descobrir coisas no cérebro para chegarmos às políticas públicas e tirarmos conclusões sobre o que é que efectivamente deve ser feito em matéria de desenho urbano, de ordenamento do território e de saúde pública, para termos melhores cidades para os cidadãos.

Que sonho tem para Leiria, cidade onde nasceu e começou a sua actividade profissional?
O meu sonho é global, mas Leiria pode ser laboratório desse sonho, e que passa por baixar o gráfico do consumo de antidepressivos e ansiolíticos. Portugal é, desde 2019, o País da Europa onde mais se consome este tipo de fármacos. O meu sonho é que os centros de saúde venham a prescrever cultura e espaço público. Que haja uma união entre estas duas áreas, que falam línguas ainda muito diferentes. É esse o trabalho que estamos a começar a fazer com o neuro-urbanismo: perceber o que acontece no cérebro para melhor compreendermos o que podemos fazer nos ambientes construído e urbano. Em Leiria temos já exemplos em que a saúde, a cultura e o público se juntam.

É curioso ver uma arquitecta a falar de saúde mental.
São áreas que, cada vez mais, têm muito a ver uma com a outra. A pandemia trouxe a saúde mental para a rua. É preciso trabalhar para que este deixe de ser um assunto tabu. Fiquei pasmada com os números da OCDE sobre o consumo de antidepressivos e ansiolíticos. É um problema que está relacionado com o envelhecimento pouco activo, com o isolamento e com a concentração das pessoas nas grandes cidades. Prevê-se que, em 2050, ou seja, daqui a 28 anos, dois terços da população mundial esteja a viver em cidades. Muitas delas precisarão de apoio. E o desenho do espaço público vai ter um papel importante a desempenhar.

A ‘menina Polis’ que agora também se dedica à investigação

Nasceu em Leiria, cresceu na Marinha Grande e vive em Lisboa. Ana Bonifácio, 47 anos, chegou à Câmara de Leiria em 1999 no âmbito de um estágio curricular para concluir o curso de arquitecta urbanista pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.

 
Propôs trabalhar com o Lis e acabou por desenvolver o documento Sistema Rio, que veio a ser a base da estratégia Polis em Leiria, um trabalho que lhe valeu ficar conhecida como ‘menina Polis’. Integrou, depois, a equipa técnica da sociedade LeiriaPolis até final de 2006 através da Parque Expo, empresa pública onde permaneceu noutros projectos. Fez parte de equipas multidisciplinares que desenvolveram planos de regeneração urbana em municípios como Estremoz, Portalegre, Marvão e Alcácer do Sal.
 
Internacionalmente, destaca-se a gestão de projecto da requalificação da frente marítima da Cidade da Praia (2006-2011) e a integração na equipa responsável pelo plano de desenvolvimento e urbanismo de Wilaya d’Alger, na Argélia. Em 2012 passou para o sector privado, assumindo actualmente funções de coordenação técnica e direcção criativa da empresa que co-fundou sob o princípio estrutural de desenvolver e implementar projectos orientados para a valorização do território, sobretudo em Portugal e Angola.
 
É, também investigadora no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universalidade de Lisboa integrando o projecto H2020 eMOTIONAL Cities na área do neuro-urbanismo. Fez parte da equipa redactora da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura em 2027.
Etiquetas: Ana BonifácioarquitectaLeiriaMarinha Grandepolis
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