Natural dos Milagres, em Leiria, Ana Rita Lopes, de 36 anos, foi uma das quatro cientistas galardoadas com a Medalha de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência 2024, recentemente atribuída em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a Comissão Nacional da UNESCO.
O prémio monetário, de 15 mil euros, reconhece o mérito de jovens investigadoras com projectos inovadores nas áreas da saúde e sustentabilidade ambiental.
Investigadora do MARE-ULisboa – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente em Ciências, Ana Rita Lopes recebeu a distinção com o projecto Under Pressure, que irá desenvolver a partir do último trimestre deste ano, e que procura compreender de que forma o aumento da temperatura dos oceanos e a contaminação por poluentes emergentes podem afectar as delicadas relações simbióticas entre organismos como anémonas e os seus simbiontes.
Em laboratório, a investigadora “irá simular cenários futuros de aquecimento e poluição oceânica e analisar a forma como estas interações hospedeiro-simbionte reagem a diferentes tipos de stresse ambiental.
O objectivo é perceber até que ponto estas relações são mais ou menos capazes de suportar as alterações que afectam os ecossistemas marinhos”, especifica a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, numa nota emitida no seu site institucional.
A jovem investigadora formou-se em Biologia Marinha e Biotecnologia na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, em Peniche.
Fez o mestrado em Ecologia Marinha e concluiu o doutoramento em Ciências do Mar.
Ao longo dos anos, tem-se dedicado ao estudo do impacto das alterações climáticas e da poluição em organismos marinhos, com especial enfoque na ecotoxicologia e fisiologia animal.
“Esta distinção é o reconhecimento do meu trabalho na área que é muito competitiva, pois há subfinanciamento da ciência em Portugal”, refere Ana Rita Lopes ao JL.
“Na fase inicial de carreira não há diferença significativa entre o número de homens e de mulheres na ciência. Mas à medida que se avança, temos muito mais homens como coordenadores de centros de investigação e como reitores de universidades”, verifica a investigadora.
“A mulher tem um papel secundário e a maternidade é um dos factores”, considera Ana Rita Lopes, também ela mãe, de um menino de 3 anos e de uma menina de 4 meses.
“Este apoio financeiro é uma forma de equilibrar, de esbater essa diferença”, salienta a cientista.