PUBLICIDADE
  • A minha conta
  • Loja
  • Arquivo
  • Iniciar sessão
Carrinho / 0,00 €

Nenhum produto no carrinho.

Jornal de Leiria
PUBLICIDADE
ASSINATURA
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Jornal de Leiria
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Home Entrevista

Ana Silva: “A imunidade de grupo não vai acontecer até ao final do ano”

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Março 11, 2021
em Entrevista
0
Ana Silva: “A imunidade de grupo não vai acontecer até ao final do ano”
0
PARTILHAS
0
VISUALIZAÇÕES
Share on FacebookShare on Twitter

Um ano de pandemia: quando o vírus chegou a Portugal já estávamos preparados?
Não. Estávamos alertados. Não tínhamos consciência que o problema ia ser tão grave. Recordo no final de Dezembro [2019] que num sábado à noite o meu telefone começou a tocar incessantemente. Tinha estudantes portugueses na China a pedir ajuda. A China ia entrar em confinamento e queriam saber o que fazer. Fiquei um pouco atrapalhada sem saber o que responder. Na altura até pedi ajuda ao presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante, que me disse que a melhor opção seria fazê-los regressar a Portugal. Sabíamos que o vírus se ia alastrar a outros países, mas não sabíamos bem o que fazer. Estávamos alertados, não estávamos bem preparados. Ninguém tinha consciência da projecção que isto ia ter.

Houve contradições na mensagem da DGS, como o caso das máscaras. Não havia máscaras para todos?
Não creio que tenha sido isso. Houve alguma falta de experiência. Essa foi uma das grandes gafes da Direcção-Geral da Saúde [DGS] e não foi só da directora-geral. Ela tinha por detrás um colega que foi o seu grande apoio durante muitos anos, o dr. Francisco George, antigo director-geral, que ainda era mais radicalista em termos da não necessidade do uso de máscara. A falha foi reconhecida, mas não há dúvida: a grande falha da DGS foi não reconhecer a utilidade da obrigatoriedade do uso de máscara. Foi o grande calcanhar de Aquiles da DGS.

Isto não causa descrédito e incentiva os movimentos negacionistas?
A DGS tomou esta atitude pelo facto de não haver ainda um conhecimento muito perfeito da facilidade de transmissão destes vírus e da sua infecciosidade. Foi isso que levou a que se tivesse negligenciado a necessidade do uso de máscara. Depois de todos os estudos e de toda a experiência, que sabemos que a higienização das mãos é fundamental, mas o distanciamento e o uso de máscara são pedras vitais neste combate. O não uso de máscara revela uma ignorância a toda a prova. Depois de um ano de trabalho, todos os profissionais deste serviço têm dado tudo por tudo, esquecendo as suas famílias. Temos colegas que se dedicam das 8 às 21 horas. A nossa coordenadora é das pessoas que mais horas tem dado a este serviço, é preciso mandá-la para casa. A experiência que temos tido mostra que, quando apanhamos casos a responsabilidade está sempre associada à falta de máscara. Ainda este fim-de-semana tivemos um grande surto numa família, com o envolvimento de dois idosos, e é sempre a mesma história: estão em família não usam máscara. Continuam a deixar o nariz de fora ou a pôr a máscara a proteger o queixo. Continuamos a ver gente que recusa o uso de máscara. Nas empresas e noutros meios as pessoas contagiam-se sistematicamente nas horas da refeição. Até mesmo surtos entre profissionais de saúde tem sido a mesma coisa. As pessoas tomam as refeições não respeitando as regras que são impostas pelas entidades patronais e pelos superiores. Acabam a refeição e continuam na conversa sem máscara. O que deveria ser feito, até nos restaurantes, era retirar a máscara exclusivamente para comer. Terminavam a refeição e colocavam a máscara para conversar um bocadinho. A realidade é que isto não foi feito. Há entidades patronais que [LER_MAIS]se têm queixado. Muitos surtos que atingiram profissionais de saúde aconteceram, porque as pessoas facilitavam na hora da refeição. A necessidade do uso de máscara acabou por ser mais do que evidenciada e confirmada na prática. Se alguém ainda nega a necessidade do uso de máscara vejo-me obrigada a usar o termo: ignorância.

A estratégia de combate à Covid-19 na região foi rapidamente preparada? O que correu bem e mal?
A estratégia foi rapidamente preparada. Tivemos a sorte de ter uma excelente colaboração das forças de segurança, das câmaras municipais, das juntas de freguesia e da Segurança Social. Foram feitas reuniões com todas as entidades responsáveis de todos os lares, centros de dia e de deficiência dos concelhos do ACeS [Agrupamento de Centros de Saúde] Pinhal Litoral para pensarmos como é que actuávamos quando aparecessem os surtos. Não foi bom [surtos nos lares], mas se este trabalho de campo não tem sido feito teria sido muito pior.

E o que correu mal?
Sou obrigada a dizer que foi o comportamento da população. Houve muita gente que não tomou consciência. Foi gritante o que aconteceu no início do Verão com a entrada de emigrantes em Portugal que não cumpriam regras nenhumas, alguns deles. Tivemos imensos surtos que resultaram de reuniões familiares. Tivemos uma família onde os emigrantes reuniram na quinta-feira com uns, na sexta com outros, no sábado com outros, no domingo com outros. Isto deu um surto gigante. Infelizmente, alguns não colaboraram, sempre com a conversa que em França não é assim, ao ponto de se ausentarem do país sem autorização, sem terem terminado o seu isolamento e com as famílias todas infectadas. “Vamos embora, porque não estamos para vos aturar, lá não é assim”. Sabemos o que aconteceu em França no Verão e não foram exemplo para ninguém. Este comportamento foi muito mau, com pessoas a assobiarem para o lado, a fazerem de conta que não era nada. Houve gente que tinha um cuidado extremo com os seus idosos, mas houve famílias que não tiveram cuidado nenhum. Há uma coisa que tenho de dizer e é duro, mas há famílias que perderam idosos e a responsabilidade só pode ter sido deles. Há idosos que já não têm consciência para perceber a importância do uso da máscara, mas a família tem de ter esta responsabilidade. Quando fazemos os inquéritos epidemiológicos, em 98% dos casos a causa foi uma reunião, um jantar, tomaram café juntos, viajaram duas horas no mesmo carro sem máscara. A justificação é a demasiada proximidade sem o uso de máscara.

É a irresponsabilidade da população em todo o mundo que está a dificultar o fim da pandemia?
Sem dúvida. O negacionismo é uma coisa terrível.

O que correu mal nesta última vaga?
As pessoas entenderam que não podia haver Natal sem haver família toda junta. Tivemos casos que correram bem, onde houve um caso positivo sem contágio na família, porque tiveram o cuidado de dispor salas com mesas afastadas e manter junto o núcleo familiar. O nosso Governo quis ser simpático, mas o prejuízo que adveio para o país do caos que foi criado nunca foi compensado pela vantagem que pode ter sido ter o comércio aberto durante alguns dias.

Esta terceira vaga era evitável ou inevitável?
Evitável, penso que não se pode dizer isso. Talvez pudesse ter sido menos grave. As variantes são um quebracabeças. Ainda não sabemos muito sobre isso. É uma área que está a ser seriamente investigada. Sabemos que há variantes com uma maior capacidade de infecciosidade de transmissão. Estas variantes fogem um bocadinho daquilo que estava já montado na nossa ideia. Sem dúvida que as variantes foram um grande contratempo mas a “liberdade” que foi dada na altura do Natal e Ano Novo foi bastante prejudicial.

Nas escolas muitos pais criticaram medidas de isolamento ou da falta deste. Como foi decidir perante as situações diferentes?
As escolas foram o nosso grande quebra- cabeças. Todos estamos a temer a reabertura com medo do que é que vem aí. Atrever-me-ia a dizer que o grande volume de trabalho que tivemos foi nas escolas. Os directores foram incansáveis. Nos pais tivemos atitudes exageradas por um lado e por outro. A estratégia montada resultou bem. Temos a noção de que em Janeiro as coisas começaram a correr pior. Aí temos a intuição de que houve variantes [vírus] a fazerem trabalho. Numa fase inicial isolávamos as crianças e nunca tivemos situações em que dissemos, fizemos asneira, devíamos ter isolado mais. Os últimos 15 dias das escolas antes de fecharem foram muito desastrosos e as coisas começaram a fugir-nos do controlo. Nessa altura já eram funcionários e professores infectados.

“Continuamos a ver gente que recusa o uso de máscara. Nas empresas e noutros meios as pessoas contagiam-se sistematicamente nas horas da refeição. Até mesmo surtos entre profissionais de saúde tem sido a mesma coisa”

A vacina chegou como a salvação da pandemia. É mesmo a salvação quando se atingir a imunidade de grupo?
Não estou segura. Temos de ver a vacina como um grande apoio e salvação para os casos graves e para a letalidade da doença. Adoro viajar e também pensei que em Outubro ia conseguir viajar. Já não estou segura disso. Quando se pensa em sair, não podemos pensar só em nós, mas no país para onde vamos. As pessoas que foram de férias para o Brasil e viram os seus voos cancelados para cá, desculpem dizer, mas era algo previsível. Não foram mais espertos do que os outros. A vacina é uma lufada de ar fresco, permite-nos pensar que as coisas não vão ser tão pesadas daqui para a frente, mas não sabemos muito bem qual é a sua eficácia perante algumas das novas variantes. A imunidade de grupo não vai acontecer até ao final do ano. Uma questão que temos tido quase diariamente de lares e de familiares de idosos é, uma vez que os seus idosos já estão vacinados, se já podem regressar à normalidade. Não podem. Quando tudo estiver vacinado poder- -seá alargar um bocadinho o cerco, mas não podemos deixar de usar a máscara e o distanciamento. Temos de pensar que a vacina é uma ajuda, não é a salvação da pátria no imediato.

A máscara vai fazer parte das nossas vidas muito tempo?
Estou convencida que até ao fim deste ano a máscara deverá fazer parte do nosso dia-a-dia. Vamos ver como é que as coisas correm, como é que vai ser a resposta das novas variantes do Brasil e da África do Sul à vacina. Há um ou dois casos de suspeita de reinfecção, mas ainda são casos muito esporádicos.

É possível estar vacinado e ser infectado?
É isso que ainda não sabemos. Para já, o que se admite é que se houver uma infecção num vacinado será uma situação sem gravidade. É aí que os próximos seis meses vão responder. Por agora é muito cedo.

Uma pessoa vacinada, se infectada, pode transmitir o vírus?
Essa é uma das questões para a qual ainda não temos resposta. Admitimos que não. À luz dos conhecimentos que temos hoje, se um vacinado for infectado vai desenvolver uma infecção mais débil, o seu sistema imunitário vai ter um importante papel no combate à infecção e ela poderá ter, ou nem ter, uma capacidade muito menor de transmissão.

Vamo-nos livrar deste vírus ou vai passar a conviver connosco como o da gripe?
Não nos vamos livrar dele, mas acredito que vamos conseguir vacinas de uma grande eficácia. Sou das que acredita que esta vacina irá passar a ser uma segunda vacina da gripe e que a vamos ter de fazer anualmente ou de dois em dois anos. Mas é muito cedo para nos pronunciarmos sobre isto. A vacina da gripe tem um mito completamente errado que é: “não faço a vacina porque me constipo à mesma”. A gripe é uma infecção que dá 40 graus de febre e nos mete na cama durante cinco dias. Nariz congestionado, a escorrer ou uma tossezita não é gripe. É uma infecção respiratória. A vacina da gripe é, sem dúvida, uma arma excelente contra a gripe e se as pessoas a contraírem será num quadro frágil. Acredito que teremos uma experiência idêntica com a vacina para o SARS-CoV-2.

Há receio deste desconfinamento trazer uma nova vaga?
Na minha opinião honesta, vai correr mal. Algumas pessoas não aprenderam nada. Ainda este fim-de-semana constatei um grupo de ciclistas, que anda sem máscara, o que não há problema porque estão a fazer exercício físico, mas depois param e estão sete e oito juntos a conversar sem máscara. Podem encontrar-se, mas ao menos afastem-se. Continuamos a ver os mesmos erros: a proximidade e as máscaras mal colocadas ou o seu não uso. E aquela conversa, “então é o meu filho, o meu primo”. O agregado familiar são as pessoas que vivem debaixo do mesmo tecto. Há filhos que não pertencem ao agregado familiar e as pessoas têm de ter atenção a isto. Isto deixa-nos tristes.

Decidiu vacinar três pessoas que não eram prioritárias para evitar o desperdício da vacina. Foi uma boa acção mal entendida?
Foi. É um não assunto. Foi uma atitude de mesquinhice, de alguém que quis prejudicar este serviço.

Percurso
“Só podia ser médica”
Formada na Faculdade de Medicina da Universidade Nova de Lisboa, com a especialização em Saúde Pública, Ana Silva é casada com um médico e as duas filhas seguiram-lhes as pisadas, mas nunca por pressão dos pais.
“Era uma preocupação que elas pudessem ir para Medicina porque os pais eram senhores doutores. Ser doutor não é nada. Ser médico é outra coisa. Felizmente, elas adoram ser médicas e, com muito orgulho da mãe, fazem-no bem.” Assumidamente uma mulher prática, característica evidente para quem a conhece bem, Ana Silva confessa que “só podia ser médica”.
“Não tive ninguém na família médico, mas não me vejo a fazer outra coisa. A minha mãe guardou durante anos uma boneca que tinha o rabo todo picado de agulhas da costura.”. Além da profissão, viajar é uma das suas paixões. Não é desportista nata, mas gosta muito de nadar no mar e de fazer ski. Admite que conseguiu conciliar a vida profissional com a de mãe graças à Mi, a sua empregada, que hoje, aos 80 anos, faz parte da família.

 

Etiquetas: ana silvacovid-19médicasars-cov-2saúde públicasociedadevacinas
Previous Post

Endometriose: a doença crónica que atormenta uma em cada dez mulheres

Próxima publicação

Covid-19: Recuperações continuam a superar novos casos no distrito

Próxima publicação
Covid-19: Recuperações continuam a superar novos casos no distrito

Covid-19: Recuperações continuam a superar novos casos no distrito

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

  • Empresa
  • Ficha Técnica
  • Contactos
  • Espaço do Leitor
  • Cartas ao director
  • Sugestões
  • Loja
  • Política de Privacidade
  • Termos & Condições
  • Livro de Reclamações

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.

Bem-vindo de volta!

Aceder à sua conta abaixo

Esqueceu-se da palavra-passe?

Recuperar a sua palavra-passe

Introduza o seu nome de utilizador ou endereço de e-mail para redefinir a sua palavra-passe.

Iniciar sessão
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Opinião
  • Sociedade
  • Viver
  • Economia
  • Desporto
  • Autárquicas 2025
  • Saúde
  • Abertura
  • Entrevista

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.