O Governo acordou cedo, felizmente, para o problema dos incêndios e, embora simbolicamente, plantou novas árvores no pinhal do Rei. A TV mostrou António Costa a plantar um sobreiro chamado Mário.
Fiquei sem saber se Mário era a criança que estava junto, ou se pretendia homenagear os nossos dois super Mários, o Centeno ou o Soares, este por ser ligado à região.
Gostava que o Governo também acordasse cedo para algumas reformas estruturais de que se fala muito em tempo de eleições e depois esquecem. É o caso das instituições da gestão e ordenamento do território (autarquias e áreas metropolitanas) cuja problemática aqui abordei em quatro artigos publicados em Agosto (dois) Setembro e Outubro.
Por razões inerentes à natureza mensal desta crónica, ainda ficaram algumas ideias que pensei sobre este assunto. Não são ideias ainda muito desenvolvidas, porque não faz sentido desenvolvê-las antes de se saber o que o actual Governo vai fazer nesta matéria, como prometeu.
Mas como de promessas está o inferno cheio, é provável que as ideias de reforma só ocorram na véspera das próximas eleições autárquicas, daqui a quatro anos, e seja qual for o Governo então.
E em aparte, recordo que este assunto tem muito a ver com os incêndios e outras calamidades naturais, onde as autarquias são (ou deviam ser) também agentes importantes. [LER_MAIS] Um jornal espanhol, La Voz de Galícia, chamava há dias a Portugal, citando o Presidente Marcelo, “os nórdicos do sul da Europa”.
De intervencionados pela troika a marcar passo na UE e no eurogrupo, com uma economia deprimida durante anos, convertemo-nos no bom aluno da Europa, num país da moda, receptor de investimentos, de turistas aos magotes e de residentes de luxo, com a economia a crescer, as finanças públicas em ordem, o desemprego a diminuir.
Como se isto não bastasse, fomos classificados como o terceiro país do mundo mais seguro no índice de paz global e temos, como nunca, um bom número de portugueses em instituições internacionais que também contribuem para que Portugal seja badalado por esse mundo fora como um país de gente competente.
De facto, passámos de besta a bestial, e já não era sem tempo. Politicamente as coisas também estão, aparentemente, a evoluir positivamente. Os “pafiosos” irão à vida (?) e estamos em vias de ter uma direcção nova no segundo partido do espectro político, augurando esperanças de vir a conseguir no parlamento os dois terços necessários para tantas reformas estruturais que ainda temos para fazer.
Portugal vai bem de facto, mas de vez em quando somos surpreendidos com acontecimentos que nos mostram que nem tudo é como o pintam. Veja-se, por exemplo, o que vai pelo sistema nacional de saúde com acontecimentos preocupantes e manifestações aqui bem perto. Urgências a rebentarem pelas costuras e pessoas a esperarem anos, repito, anos, por uma cirurgia ou uma simples consulta médica.
Este, como outros (por exemplo a Justiça), são dos sectores a carecer de profundíssimas reformas, sempre anunciadas mas nunca cumpridas e que carecem de um consenso nacional alargado.
O Presidente Marcelo fez agora dois anos de mandato e tem correspondido às nossas expectativas. Para além da felicitação pela efeméride, gostava de lhe endereçar um pedido: não banalize demasiado o papel que incumbe a um PR.
Obrigado e felicidades.
*Economista