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Home Entrevista

António Pedro Lopes: “A escola é o primeiro teatro, o primeiro grande centro de artes”

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Julho 18, 2021
em Entrevista
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António Pedro Lopes: “A escola é o primeiro teatro, o primeiro grande centro de artes”
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Depois de tantos anos fora dos Açores, liderar a candidatura de Ponta Delgada a Capital Europeia da Cultura 2027 foi um desafio irrecusável?
Eu estava bem, no sentido em que tinha projectos, tinha um que era o filão de tudo, que era o Tremor, depois fazia um festival nos Estados Unidos, colaborava com o Festival A Porta, em Leiria, e ainda no teatro com os espectáculos da Raquel André. A minha relação com os Açores, apesar de ter uma certa distância, é facto que em 2013 criámos o Tremor e com o Tremor essa falta de sentido de pertença que eu sentia com os Açores, que era uma relação amor ódio, ela foi-se transformando e foi ganhando um sentido de missão, que me foi obrigando a passar ao longo dos últimos anos a pior parte do ano aqui, os invernos, quando chove e quando as tempestades com nome de mulher visitam o arquipélago. Era uma proposta irrecusável? Não sei, mas tomei-a com sentido de missão, que de alguma forma já existia com o Tremor, ou porque de alguma forma eu já velava como activista cultural pela cena e pelas diferentes comunidades, pelos artistas, que trabalham aqui, pensar como lhes dar espaço, lhes dar condições, lhes dar posições de visibilidade e ao mesmo tempo quebrar fronteiras de públicos, de quem é que participa, de quem é o protagonista e de como a cultura pode dar espaço e discussão a outras vozes e outros lugares.

Implicou compromissos, entre eles, deixar de estar ligado à organização da Porta pela primeira vez em várias edições.
Na Porta, eu tinha um envolvimento ainda maior do que nos anos anteriores. Eu sei da falta de recursos humanos e financeiros da Porta, eu sei do quão amor se mete para aquilo acontecer e acontecer de ano para ano, resistir, existir e insistir. Não é só um mote bonito, é verdade. E não é só específico se pensarmos a Porta, é transversal a quem faz cultura, principalmente, depois desta crise humanitária. Foi difícil, mas as coisas ajustaram-se e também tomei este compromisso como um até já.

No Tremor e na Porta imagino que se encontram princípios que quer aplicar na candidatura de Ponta Delgada, por exemplo, a construção de comunidade?
É inevitável vir de um lugar e trazer essa bagagem e perceber como é que ela pode ser aqui aplicada, principalmente, quando ela é uma caixa de ferramentas que é elástica. Ela não é uma fórmula de fazer, é um modo de operação. É uma forma de entender que os actores são as pessoas que aqui vivem, são os habitantes que aqui estão, e o cenário é esta imensidão, é esta natureza, é este espaço, são estas localidades que são animadas e que são vividas por quem aqui vive. E esse é o princípio base. O outro princípio base é a ideia de colaboração, de cooperação e de conversa. Nada se faz sozinho. Dar as mãos, olhar para o lado, olhar para a frente, encetar uma conversa, seja para resolver alguma coisa, seja para entender as sincronias que existem, é o primeiro passo fundamental para se construir alguma coisa que possa ter um impacto. Porque a partir daí cria-se logo comunidade, cria-se logo um diálogo. E uma outra ideia, que é a ideia de partilhar a imaginação. Isto é sobre pensar o futuro, é sobre fazer futurologia, e como tal, só pode ser um processo de co-responsabilização. Ele acontece no terreno, de uma forma ascendente, de baixo para cima e sempre em conversa, sempre face a face.

A cultura não faz sentido sem afectos, sem esse ir ao encontro do outro?
É muito difícil definir o que é a cultura, mas, de uma forma, se quisermos, essencial, cultura é encontro, cultura é conversa. E encontro e conversa servem para nos ligarmos uns aos outros e gostarmos mais do lugar onde estamos. Depois, são práticas, são coisas que fazemos, práticas manuais, práticas orais, práticas artísticas com uma imensa história. E são choques de práticas de como é que a cultura serve de plataforma para o cruzamento de mundos que à partida são opostos, paradoxais e que não se encontram. Uma coisa que me tem ajudado muito a pensar a cultura para este projecto é exactamente o pensamento do arquipélago, que é a ideia de fazer valorizar as singularidades de cada ilha, de cada território, de cada comunidade, mas ao invés de nos focarmos naquilo que consta como distância, como barreira, como fronteira, como elemento geográfico que separa, eu acho que o potencial está no caos dos movimentos que podem acontecer quando se estabelecem pontes, de conversa, de diálogo, de encontro, de choque, de colaboração, do que tiver de ser. Há muito pano para mangas, principalmente se tomarmos como chave a ideia de que juntos somos mais fortes, de pensarmos engenhosamente e em conjunto com centenas de agentes como é que isso se faz, como é que se cria a descentralização, como é que se cria a itinerância, como é que se cria a partilha de imaginário, dos recursos, como é que se cria uma mobilidade. Inevitavelmente, as distâncias do mar, que também acontecem em terra, são todas ligadas a questões de mobilidade, a questões de acesso e a questões de democracia cultural que não está resolvida, porque as pessoas ou não participam ou não são chamadas a participar e portanto estranham a cultura, esse grande palavrão, porque parece-lhes uma coisa que não é para elas, e que está muito cingida a palácios de cultura e a coisas que elas não entendem, códigos e linguagens que lhes são distantes e que não falam sobre elas e não falam sobre os seus.

Os modelos em que as crianças e os jovens experienciam as artes, por exemplo, nas escolas, valorizam essa dimensão de descoberta do outro?
É muito difícil responder a isso que sim, porque, efectivamente, não. Agora, existem práticas, experiências, projectos, formas de aproximação, que metem a experiência de fruição, do contacto, de transformação pela cultura e por uma prática artística no seio da escola. E o pensamento da escola como um pólo cultural – é o primeiro teatro ou o primeiro grande centro de artes – é um pensamento importante exactamente para entender como cada vez mais as práticas artísticas podem ser auxiliares, se quisermos, não só de desenvolvimento da pessoa mas também para ajudar as pessoas que estão naquelas escolas a aprenderem aquelas matérias fora daquele modelo da memória. A educação e a cultura podem trazer essa dimensão experiencial, de ligação com o outro, de mãos na massa, de entender fazendo, de entender vendo. E um caminho que me parece óbvio, que é um problema da nossa sociedade, é o fosso que existe entre gerações. Estão as crianças para um lado, os adolescentes para o outro, os adultos para outro, os seniores para outro, não há cruzamento. Não há uma ligação entre o passado e o futuro. Parte muito da cultura, exactamente numa ligação à educação, perceber como é que esses cruzamentos se fazem, como é que esses encontros de idades diferentes, de interesses muito diferentes, acontecem e criam instâncias de convívio.

O que melhor define o meio cultural e artístico em Leiria?
Para já, a diversidade. Leiria é uma cidade rica, no panorama português, há um bem estar geral, há uma grande qualidade de vida, e isso permite que determinados projectos de nicho e de interesse específico possam aí florescer e essa cidade se tenha tornado um epicentro de determinadas manifestações. Penso nas actividades todas da Fade In, o Entremuralhas e as variações que o Carlos Matos inventa e que são maravilhosas. E que também faz surgir a possibilidade de um encontro de uma comunidade à volta da música independente movida por uma editora de um carolas que é o Hugo Ferreira mas que move toda uma geração e que não pára de ser porosa e aberta a novas pessoas entrarem e a pessoas de outras entidades do País começarem a ter uma relação com essa cidade, seja pela editora, seja pelo Serra, seja pelos festivais e espaços que a cidade abre. Mas há uma coisa que é muito mais ampla e que eu acho admirável, tem se calhar a ver com estruturas, que o festival A Porta catalizava e fazia estarem todas juntas numa coisa, e que tem a ver com essa dimensão social da cultura, a democracia cultural, de como ela pode empoderar, participar, contar a história, mas também capacitar, trazer conhecimento e dando ferramentas para as pessoas serem autónomas e fazerem a cultura elas próprias quando quiserem. E isso é muito poderoso. Do ponto de vista da música, das brincadeiras, da ligação com o desporto, da activação de comunidades desfavorecidas ou portadoras de deficiência, há de tudo e com uma grande riqueza e com estruturas para que esse trabalho tenha continuidade ao longo do ano. É uma cidade onde muitos dos seus habitantes são os protagonistas da cultura.

O impacto da pandemia no sector é sinal de um país e de um governo desinteressados da cultura?
A pandemia deu um sinal evidente de duas coisas: falta de estratégia, de desenvolvimento de políticas para a cultura, e falta de investimento. De ser um sector extremamente fustigado pelo subfinanciamento. Por causa desta crise, a cultura esteve no centro de muitas discussões e tomaram-se medidas, mas esses processos são processos que duram anos e não é num momento de crise humanitária em que há pessoas que não têm o que comer nem como pagar as suas rendas, que isso se resolve de uma forma participada, porque não estamos numa posição igualitária de participação. A mim parece-me que muito do que tem sido feito é fruto de uma precipitação, portanto, penso rápido. Não deixa de ser sintomático que haja 11 cidades portuguesas a concorrerem a Capital Europeia da Cultura. Há um País que entendeu o valor que a cultura pode ter como transformador de um território. E é incrível porque independentemente do que aconteça, essas cidades, pela primeira vez, servirão de matriz exactamente para pensar como é que a cultura favorece a cultura artística, como é que ela se liga ao turismo, como é que ela se liga à educação, como é que ela se liga à acção social, como é que ela se liga ao desenvolvimento do território. Isto é só o início de um investimento a longo prazo. Importa fazer agora, porque se não daqui a pouco o turismo é uma monoculturazinha que vem, transforma tudo, mas um dia cai uma crise e não tem ninguém. E a cultura vai lá ficar. Vai desaparecer, vai ficar mais fraca, mas vai voltar, porque as pessoas seguram-se umas às outras pela cultura.

Houve alguns momentos de diálogo com a tutela. Mais de um ano depois do primeiro confinamento, o que diria hoje à ministra da Cultura?
É importante humanizar os procedimentos, é importante capacitar as pessoas que fazem a cultura. E não só os artistas e os profissionais que estão no terreno, mas também as pessoas que estão atrás das instituições. Os agentes não sabem necessariamente como é que se faz, como é se aplica, como é que se beneficia de determinados apoios. Portanto, era muito importante, não só perceber como é que essa reconexão, essa humanização se faz, de encontro de partes, de uma forma mais cooperativa e menos em choque, e depois, também, pensar como é que se faz a capacitação para isto, para mais pessoas terem acesso, as oportunidades serem mais transparentes e poderem ser mais participadas.

Dos Açores e do Mundo com Leiria no coração
 
Depois de vários anos na organização do Festival A Porta, não será exagero dizer que António Pedro Lopes traz Leiria no coração. Nasceu nos Açores em 1981 e lidera actualmente a candidatura de Ponta Delgada a Capital Europeia da Cultura 2027.
 
António Pedro Lopes é licenciado em Teatro pela Universidade de Évora e tem o curso de coreografia do Fórum Dança no Porto, mas os estudos levaram-no também ao Novo México e a Milão, Viena, Paris, Rio de Janeiro e Nova Iorque. Vive e trabalha entre Lisboa e Ponta Delgada. É co-fundador do festival Tremor (Açores) e do Fabric Arts Festival (Estados Unidos). Criou espectáculos em nome próprio e em colaboração, foi actor, bailarino e assistente artístico, e, desde 2014 a 2021, trabalhou com Raquel André como co-criador, guionista, colaborador artístico e comunicador.
 
Tem também currículo como curador, dramaturgista, consultor criativo e de comunicação e coordenador de projectos comunitários. Trabalha “movido por afectos, a construção de comunidade, a colaboração e a criação de espaço para o outro”.

 

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