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Home Sociedade

Aos 88 anos, Maria Trindade continua a fazer terços à mão

Maria Anabela Silva por Maria Anabela Silva
Julho 24, 2023
em Sociedade
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Aos 88 anos, Maria Trindade continua a fazer terços à mão
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Arame, alicate, linha e contas… muitas contas. Tudo no devido lugar, em cima de um tabuleiro que funciona como mesa de trabalho, onde não falta a agulha com que as mãos de Maria de Jesus Trindade, já enrugadas, mas ainda com muita destreza, vão montado terços, peça a peça.

Aos 88 anos, a artesão, natural de Sobral, aldeia onde nasceram as primeiras fábricas de artigos religioso de Fátima, continua a dedicar-se à produção de terços.

“É o meu entretenimento”, confessa a mulher, que se iniciou na actividade ainda garota. Como outras crianças da aldeia, viu-se forçada a trocar as brincadeiras pelos terços e os bancos da escola pelo trabalho nos campos.

“Só a minha irmã mais nova aprendeu a escrever. Durante o dia andávamos na azeitona, ao serão fazíamos terços. Os tempos eram assim”, diz, conformada, enquanto vai enfiando contas no terço de madeira que tem em mãos, para satisfazer mais uma encomenda. “Não é pelo dinheiro, mas para me ajudar a passar o tempo”, afiança.

Maria Trindade, residente em Outeiro das Matas, conta que já perdeu a conta aos terços que fez. “Ui, são milhares”, atira, recordando os tempos em que o pai percorria o País de bicicleta a entregar as encomendas que chegavam no postal dos correios.

Nesses tempos, tudo servia para as contas do terço, desde sementes de alfarroba e de outras plantas do jardim ou caroços de azeitona. Estes tinham a particularidade de serem usados depois de digeridos pelos animais dos rebanhos que pastavam no campo, com o intuito de, assim, ganharem uma aparência brilhante.

Depois, vinha o “mais difícil”, frisa Maria Trindade, referindo-se à tarefa de furar os caroços ou as sementes, passando as peças, uma a uma, num esmoriz e depois na agulha. “Às vezes, escapava e apanhava os dedos. Até ficavam em ferida”, relata, lembrando ainda a introdução do vidro no fabrico de terços.

Neste caso, o material vinha da Marinha Grande, “em varetas” que eram depois cortadas em pequenas peças com pouco mais de meio centímetro, com recurso a um maçarico. “Era um rapaz da terra que fazia isso. Não havia onde ganhar dinheiro. Tínhamos de aproveitar o que aparecia”, nota a artesã, contando que, como aconteceu com a maioria das raparigas do Sobral e das aldeias à volta, foi com os terços que pagou o enxoval, o dela e, mais tarde, o das quatro filhas, que também se dedicaram à produção de terços.

Numa recente tertúlia a propósito da exposição Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória, promovida pelo Santuário de Fátima, Purificação Reis, presidente da Aciso – Associação Empresarial de Ourém Fátima, salientou que esta é uma actividade que tem envolvido “diferentes gerações” nas aldeias à volta da Cova da Iria e que, em determinados momentos, serviu como “ganha-pão das famílias locais”. “Valeu de sustento a muita gente destas aldeias. Foi por Deus Nossa Senhora ter aparecido em Fátima”, reforça Maria Trindade.

“Ocupa-me o tempo”

Citada numa nota de imprensa do Santuário, Purificação Reis falou da ligação pioneira da sua família ao fabrico de terços e recordou o esforço feito pelos artesãos locais em fortalecer a sua posição no mercado destes bens com a criação das primeiras fábricas de artigos religiosos, em 1959 e 1962, quase meio século após as Aparições.

Ainda hoje, a produção de terços, assume-se como “um interessante complemento para algumas famílias” da região, salientou Purificação Reis. No caso de Maria Trindade é um complemento à reforma, mas, frisa a artesã, não é isso que a move.

“Ocupa-me o tempo. Não posso fazer outra coisa. Os terços são um passatempo”, diz, sublinhando que hoje a tarefa é mais fácil. Por exemplo, as peças já vem furadas das fábricas que fazem as encomendas.

Mesmo assim, ainda “há muita volta a dar”, frisa, enquanto exemplifica a manufactura de terços de arame encadeado, com recurso a um alicate com o qual vai enleando o arame, de forma a que ganhe uma espécie de rendilhado, que separa as contas uma a uma, formando conjuntos de dez, que correspondem a um mistério do terço (um Pai Nosso, dez Avé-Marias e um Glória).

“O pior é quando me engano. É alagar e fazer de novo”, refere, contando que, noutros tempos, com a pressa de acabar, “tantas vezes” tinha de desmanchar o trabalho feito. Agora, o ritmo é outro, mas, mesmo assim, conta e volta a contar, para ter a certeza que está correcto, dando por terminado um dos terços que tinha em mãos.

Nesse dia, já havia feito um terço em alfarroba. “É dos meus preferidos”, confessa, ao mesmo tempo que pede a uma das filhas que procure aquele que mais gosta. “É este”, diz Idalina, exibindo um terço feito, há cerca de 70 anos, pelo pai, marido de Maria falecido há três anos, com sementes de planta pretas, que hoje estão castanhas de tanto uso. “Andava sempre com ele”, refere a mulher, segurando-o nas mãos, com um olhar de saudade.

Etiquetas: artesãofabrico de terçosFátimamaria trindadeSobral das Matasterços
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