No mesmo ano em que a Nintendo dá ao mundo o primeiro jogo Super Mario Bros, 1985, a Juventus bate o Liverpool com golo de Platini na final da Taça dos Campeões, depois da chamada tragédia de Heysel, o mundo junta-se ao colectivo USA For Africa para cantar We Are The World e o filme Back to the Future esgota bilheteiras, com o adolescente Marty McFly a voltar atrás no tempo.
Tudo se passa mais devagar do que agora. E qualquer ecrã verde com bonecos de bigode a saltar entre plataformas é estímulo suficiente para tranformar a realidade de crianças e adolescentes. Para sempre.
Mais de 35 anos volvidos, o jogo Super Mario Bros e a consola Nintendo continuam a mudar a vida de Rui Valério, motorista de pesados, residente na Golpilheira, Batalha, a conversar com o JORNAL DE LEIRIA na véspera de outra viagem a Espanha.
Na comunidade retro gamer, ele é Mr. NES, nickname inspirado na designação Nintendo Entertainment System, o homem que ofereceu o primeiro Game Boy a Nuno Markl. Equipamento original de 1989, com o lendário título Super Mario Land. O momento está registado, a 28 de Janeiro de 2020, no Instagram do argumentista, humorista e animador da Rádio Comercial, que se tinha queixado, dias antes, numa edição da Caderneta de Cromos, de nunca ter sido proprietário de um Game Boy.

Já este ano, Rui Valério estreou-se no programa Retro Gamers, da SIC Radical. O entusiasmo pelas consolas antigas (e por antepassados como o computador Spectrum) está directamente relacionado com a nostalgia dos momentos vividos sozinho, ou com amigos, a jogar Tetris, Nintendo World Cup, Kirby, R.C. Pro-Am ou The Legend of Zelda.
Para um terço das pessoas que vivem em Portugal, nascidas depois de 1985, não faz sentido (procurem no Google, millennials). Para as outras, era tudo o que fazia sentido no Portugal dos dois canais de televisão. Na comunidad
Na comunidade retro gamer, Mr. NES, sócio 8534 do Clube Nintendo, diz ter habilidades não muito fáceis de encontrar. “A comprar e vender, há muitos, a fazer colecção, alguns, a reparar, poucos”, explica.

Ele não só negoceia consolas – “Já fiz compras em todos os países da Europa e na América” – como as colecciona e também as repara, de várias marcas, incluindo, a Sega, histórica rival da Nintendo, a Playstation, da Sony, e a mais recente Xbox, da Microsoft.
“Às vezes, é só sujidade”, outras, o que conhece de estudar e experimentar em modo auto-didacta chega para as devolver à vida e proporcionar horas extra de diversão. “Dá-me imenso prazer ajudar as pessoas”.
Hobbie de há muitos anos, a prolongar o amor com a Nintendo de infância, o que mais o entusiasma são as consolas mais antigas, mesmo agora, que já falta disponibilidade para jogar. Com o filho mais velho, vai metendo as mãos na Nintendo Switch e na Playstation 5, quando a oportunidade surge. Mas, na verdade, não é a mesma coisa.