O tema da mobilidade, tendencialmente debatido a propósito das dificuldades sentidas nas zonas mais urbanas, também tem os seus impactos nas localidades menos populosas e mais rurais. O recente diagnóstico ao concelho de Leiria, no âmbito do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS) demonstra isso mesmo.
Entre as 284 localidades do município, há 51 que não dispõem de qualquer transporte público colectivo. São quase 18% das aldeias, onde residem, de acordo com as estimativas dos autores do estudo, cerca de 7.900 cidadãos. Em muitos destes lugares, habitam mais de 40 pessoas, o que significa não ser este um problema meramente estatístico, mas também profundamente humano.
O isolamento social, a dificuldade de acesso a serviços essenciais e o aumento da dependência do automóvel podem ser alguns dos efeitos colaterais, sobretudo para os mais idosos ou para as famílias sem viatura própria. A ausência de transporte colectivo – ou existência de apenas uma ligação à sede do concelho – será sempre, também, um obstáculo ao desenvolvimento, à coesão territorial, à liberdade de escolha.
É verdade que, em algumas localidades, as características demográficas e geográficas podem não justificar um serviço tradicional de transporte público colectivo, e que, para colmatar esta lacuna, já existem alternativas, como o transporte flexível ou a pedido. Mas fica claro que há ainda um caminho a percorrer, para não deixar ninguém para trás e garantir que todos conseguem chegar ao seu destino.
Num momento em que se discute o futuro do concelho e da região, em que o ideal seria a apresentação de ideias e soluções para se fazer o que ainda não foi feito, aqui está uma excelente oportunidade para se darem a conhecer as propostas criativas, com visão macro e integrada, que apontem caminhos para uma rede de mobilidade mais sustentável, eficiente e inclusiva.