Perceber se a irrigação está a ser feita nos pontos críticos e de forma homogénea, detectar se a vinha tem pragas e prever a data da colheita são algumas das possibilidades da aplicação (app) que está a ser desenvolvida pela Forging – Green Business Intelligence.
A empresa, que arrancou há poucos meses em Ansião, é uma das muitas da região que se dedicam ao desenvolvimento de software que permite a outras tornarem os seus negócios mais produtivos e mais fáceis de gerir.
Afinal, hoje em dia praticamente todos os produtos desenvolvidos contemplam aplicações que permitem, a partir de um smartphone, ter acesso a informação pertinente e executar tarefas diversas. Em suma, ter o negócio no bolso e geri-lo a partir de qualquer local.
Tendo como objectivo permitir aos utilizadores uma função específica, as apps tanto podem ser uma ferramenta de melhoria de produtividade como um serviço específico de entretenimento. No caso da Forging, os produtos que está a criar estão vocacionados para os sectores agrícola e florestal.
“As várias apps que estamos a desenvolver permitem ter acesso à informação em qualquer local, o que vai reduzir custos operacionais e aumentar a produtividade”, explica Rui Lopes, fundador da empresa de Ansião.
A Forging está, por exemplo, em negociações com a EDP para o desenvolvimento de uma app que vai permitir aceder a indicadores de densidade e humidade de vegetação, possibilitando assim perceber os riscos de incêndio em determinada área e actuar em conformidade, explica Rui Lopes.
Wezoot é o nome de um software de gestão animal desenvolvido pela Digidelta Software que tem como objectivo tornar mais fácil e eficiente a gestão da produção de pequenos e grandes ruminantes.
A partir da app que instala no seu smartphone, o responsável pela produção pode, ainda no campo, e mesmo sem internet, introduzir todos os dados pertinentes, que depois são sincronizadas com a aplicação web, explica Patrícia Santos, directora de marketing da empresa de Leiria.
Poupança de tempo e menos erros são duas das vantagens deste produto, refere. “É um software de design simples, intuitivo e fácil de usar, que permite ao produtor ter sempre consigo dados actualizados, o que ajuda na tomada de decisões”. O Wezoot, desenvolvido em quatro línguas, está a ser vendido em Portugal e no estrangeiro.
Também a Bitcliq criou uma plataforma com várias apps para ligar pescadores e compradores. Trata-se da Lota Digital, que tem uma aplicação específica para os pescadores, outra para os compradores e uma terceira para controlo de qualidade, acessível apenas pela empresa de Caldas da Rainha.
O projecto, que rendeu à Bitcliq a vitória na categoria AgroTech do Concurso Empreendedor XXI, já está em funcionamento em Portugal, numa parceria com a Docapesca, num piloto no porto de Peniche.
A plataforma digital da Bitcliq “liga os barcos de pesca aderentes a todos os potenciais compradores, permitindo a realização da primeira venda de pescado implementando rastreabilidade Blockchain, do mar até ao prato do consumidor”.
Pedro Manuel, CEO da empresa, revela que a tecnologia também já está a ser usada no Peru, onde um parceiro está a aplicá-la no desenvolimento do seu negócio.
[LER_MAIS] “Hoje em dia já não se concebe uma solução que não permita gerir os negócios a partir de um smartphone. Ainda nem todos os negócios o fazem, é certo, mas a tendência é essa”, diz o empresário.
“Ter toda a informação na palma dão mão é uma vantagem, que se torna ainda maior se as aplicações permitirem ter acesso a dados reais, detectar eventuais problemas e resolvê-los logo”.
Void: soluções específicas para Estados Unidos
Nos últimos três anos, a Void tem vindo a construir soluções específicas direccionadas para o mercado norte-americano e no início deste ano passou a ter uma representação em Nova Iorque e em Los Angeles. A empresa de Leiria cria produtos de software, incluindo aplicações móveis, e no ano passado 80% da sua facturação veio do estrangeiro, principalmente dos Estados Unidos.
Este ano metade dos negócios já estão a ser feitos em Portugal. “As empresas nacionais estão a perceber a vantagem do uso da tecnologia e do acesso a software feito à sua medida. Claro que o investimento inicial é maior quando comparado com soluções genéricas, mas a médio-longo prazo compensa”, frisa João Mota, um dos fundadores da Void. A empresa de Leiria desenvolve apps direccionadas, entre outras, para a área de marketing.
or exemplo, para uma cadeia norte-americana de restaurantes criou uma app que permite, por um lado, entrar nos restaurantes e, por outro, interagir com o espaço, numa estratégia de marketing que visa fidelizar clientes. “Com as apps, os gestores podem ter o negócio sempre no bolso e sentir-lhe o pulso a cada insante. A tecnologia permite reagir depressa, e um problema resolvido cedo é sempre mais pequeno”, diz João Mota.