Nestes primeiros dias de 2018, sentimos em Leiria e no resto do país… frio. Portanto está resolvido o problema da seca extrema e da vaga de calor e incêndios em Outubro… ou talvez não. Até porque olhando para os registos climatéricos portugueses (existentes desde 1931), concluímos que seis dos dez verões mais quentes aconteceram depois de 2000. E que, desde 2000 até 2017, apenas três verões (2007, 2008 e 2014) foram mais frios que a média… todos os outros foram mais quentes que o normal.
Este padrão – que se repete por todo o mundo – indica que vivemos de facto um período de aquecimento global. Com uma observação dos dados e conhecimentos rudimentares de estatística (ou bom senso), conclui-se facilmente que existe aquecimento global.
Armados com conhecimento especializado e metodologias rigorosas, os cientistas concluíram que o aquecimento é causado pela atividade humana, nomeadamente a emissão de gases com efeito de estufa (dióxido de carbono, metano e óxido nitroso) que resulta da queima de combustíveis fósseis.
Este conhecimento científico também permite antever que a temperatura irá continuar a subir. Sobretudo se continuar a existir uma atitude negacionista nos países mais poluentes, como os EUA. Mas que tem isto a ver com economia para ser abordado nesta coluna?
Olhe-se para as consequências do aquecimento global. [LER_MAIS] Primeiro pensemos que o tipo de tempo de 2017 (temperatura e precipitação) passa a ser a norma, com inevitáveis sequelas para a agricultura: quebras na produção que levarão a escassez de alimentos e um imediato aumento de preço.
Os episódios de fome deixarão de ser uma miragem dos países mais pobres de África e a subnutrição afetará com sequelas permanentes muitas pessoas. A escassez de recursos levará a um aumento de violência, quer dentro dos países (criminalidade), quer entre países (guerras).
Haverá, ainda, uma migração gradual de populações de sítios que se tornam inabitáveis. E estes são alguns exemplos simplificados para caberem neste curto texto.
O aquecimento global não tem, de facto, nada a ver com economia. Tem a ver com a sobrevivência da sociedade como a conhecemos, apenas. É o maior desafio do século XXI, e possivelmente o maior problema que a Humanidade já enfrentou.
*Professor e investigador
Texto escrito de acordo com a nova ortografia